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A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica tem reunião marcada com o Conselho de Administração da Enel nesta nesta terça-feira, 13 de novembro, para discutir os problemas no restabelecimento da energia após o vendaval que provocou um apagão no início do mês em São Paulo. A agência reguladora abriu processo de fiscalização específico para avaliar a ocorrência que afetou as áreas de concessão de cinco distribuidoras, e o caminho natural agora, segundo o diretor Ricardo Tili, é entender e julgar o motivo da demora na recomposição do sistema.
“É obrigação da Aneel fazer isso com a celeridade necessária para o caso, e com todas as consequências do apagão”, afirmou Tili em entrevista à Agência CanalEnergia. O diretor reforçou que a agência está “muito focada em dar uma resposta rápida à sociedade” em relação ao episódio.
O evento climático que derrubou árvores e provocou alagamentos na capital paulista e na região metropolitana deixou quase 2 milhões de consumidores sem energia elétrica. O fornecimento na área atendida pela Enel SP foi completamente normalizado na última sexta-feira (10/11), uma semana após a ocorrência.
A diretor relatou que, desde primeira hora, a agência deslocou a equipe de fiscalização para dentro do centro de operação da distribuidora paulista, porque a prioridade naquele momento era garantir o retorno do fornecimento aos consumidores afetados. Tili considera inadmissível que em uma cidade como São Paulo o restabelecimento completo tenha levado tanto tempo, mesmo em se tratando de um fenômeno extremo resultante das mudanças climáticas e exista um problema importante envolvendo a arborização da cidade e a rede elétrica.
A fiscalização apura quais foram os motivos da demora, e a expectativa é de que a Aneel já tenha em mãos uma informação mais robusta sobre isso para avaliar que caminhos vai tomar. Além da responsabilidade das concessionárias no restabelecimento do serviço, há questões a serem tratadas, como, por exemplo, o ressarcimento dos consumidores por prejuízos como a queima de aparelhos elétricos.
O assunto já foi discutido pelo diretor-geral, Sandoval Feitosa, com o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito paulistano, Ricardo Nunes, que esperam maior celeridade nesses processos de indenização.
Eventos extremos
“Eu falo que é um paradigma ter um evento desse numa capital igual a São Paulo. A gente tem que repensar a estratégia e como vai fazer isso”, disse Tili. Uma das cobranças feitas diante do caos que se instalou na cidade com o blecaute foi sobre o enterramento da rede da Enel, que é aérea. O custo de construção de uma rede subterrânea tem um valor elevado, além de ser um processo difícil e muito complexo, lembra o diretor.
Ele pondera que não dá para o consumidor da periferia subsidiar o enterramento em grandes centros, dividindo o custo com os consumidores que são atendidos por esse tipo de rede em determinada área da cidade. Por isso, em ocorrência de desligamento, o esforço deve ser direcionado para a recomposição mais rápida do serviço.
Uma ideia que surgiu a partir do episódio de 3/11 foi a do compartilhamento de infraestrutura entre distribuidoras de áreas próximas, como já é feito entre as empresas de um mesmo grupo de distribuição. “Eu tenho certeza que a Enel deve ter trazido gente do Rio, do Ceará, para poder ajudar. Mas, por exemplo, a EDP, a Energisa, a Equatorial, poderiam ter socorrido [a Enel] com pessoal, porque, no final do dia, o que dificulta é a falta de mão de obra qualificada. O equipamento você tem, mas você chega num ponto de exaustão dos trabalhadores, que tem que descansar”, explicou o diretor.
Ele acredita, no entanto, que a proposta exige a definição de um protocolo a ser adotado pelas concessionárias, que deve ser definido de forma minuciosa. A medida em discussão pode evoluir, para permitir que em ocorrências futuras uma distribuidora próxima possa socorrer a que foi afetada por um evento extremo.
A resposta rápida pode vir também por meio de um protocolo para a atuação conjunta da concessionária com a prefeitura no momento de crise, em um processo que extrapola a regulação da Aneel. No caso de São Paulo, por exemplo, uma atuação mais integrada pode resolver o impasse entre a distribuidora e as equipes responsáveis pela poda de árvores.