Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

O setor fotovoltaico nacional precisa de uma política nacional de longo prazo e previsibilidade para que possa atrair investimentos e novas fábricas ao país, inclusive de células fotovoltaicas. Essa é a avaliação do diretor Institucional e de Assuntos Corporativos da BYD no Brasil, Marcelo Schneider, que criticou a falta de uma visão mais ampla para estimular a cadeia industrial local.

Em sua análise, há iniciativas isoladas e pontuais que não favorecem o setor. Contudo, o ideal era de que os tomadores de decisão nessa esfera se reunissem para estabelecer um plano em conjunto. Ele argumenta que não adianta o governo tomar uma decisão, o congresso outra e a agência reguladora ter uma iniciativa que em muitos casos são positivas do ponto de vista individual, mas que não conversam entre si.

“Queremos uma política nacional que seja de Estado não de governo. O Brasil pode criar uma política onde atores envolvidos têm ideias boas, mas cada um vai para um lado. Por que não sentarem à mesma mesa e vamos fazer juntos?”, questionou ele.

Brasil precisa de política nacional de longo prazo e com todos os atores sentando à mesa de negociações para um plano único de Estado, não de governo.
Marcelo Schneider, da BYD Brasil

Essa demanda vem na necessidade de o país poder ampliar sua capacidade de produção local uma vez que a solar é uma das fontes que mais avançam na matriz e uma importante parcela dos equipamentos são importados. Atualmente, o país conta com apenas duas fábricas de módulos solares. Uma delas da própria BYD que a Agência CanalEnergia visitou e que conta com capacidade de produção de 500 MW ao ano.

Essa unidade de produção começou a operar em 2017 para atendimento a um contrato com a Engie e ficou pronta em seis meses. Desde então, já atingiu a marca de 2,3 milhões de módulos fotovoltaicos produzidos no Brasil. E segundo o executivo, com uma política nacional que trouxesse previsibilidade, a empresa poderia inclusive ampliar sua presença por meio de novas unidades de produção de um mesmo porte para atendimento a demandas locais.

“A BYD pode investir em novas unidades fabris, temos 500 MW ao ano aqui e podemos replicar esse modelo de fábrica em diversas regiões do país”, comentou ele a jornalistas durante visita às instalações da empresa no país em Campinas (SP).

O diretor diz que o produto nacional é mais caro do que o importado da sua matriz na China, mas é mais eficiente por conta do processo produtivo. Mas, disse que a solução não seria a de taxar o produto que vem de fora, mas sim incentivar aquele que é fabricado internamente. “O Brasil precisa adotar formas criativas de estimular ao invés de discutir taxar ou não, aumentar imposto ou não”, ponderou.

Schneider disse que entre as opções criativas poderia estar a contratação de energia solar de painéis produzidos localmente até um patamar pré-estabelecido de capacidade com conteúdo local. Esse volume seria determinado depois de uma rodada de negociações e conversas com as empresas qua atuam no país. Depois disso utilizar produtos importados. Esse caminho passa por uma política não de subsídios, mas incentivos com prazo determinado.

Células fotovoltaicas posicionadas na primeira fase da produção de painéis na fábrica da BYD em Campinas. Foto: Maurício Godoi/Agência CanalEnergia

Inclusive, uma política nacional com demanda estável poderia atrair até mesmo produção de células fotovoltaicas. Contudo, a estimativa é de que essa demanda precisaria ser de algo próximo a 80% do que se tem hoje em dia, ou 10 GW ao ano de demanda estável para atrair investimentos no país. Assim é com o vidro, relatou ele, resultado de conversas com a associação de produtora desse componente no país. Atualmente, a BYD importa esses dois itens para a sua produção.

O Brasil, disse Schneider, tem um espaço importante na BYD em termos de presença. A companhia chegou por aqui em 2015 e já é o único depois da China com diversidade de fábricas locais. Aqui, além dos módulos e de chassis de ônibus, que estão localizados na mesma área, está investindo em uma fábrica de veículos elétricos na Bahia onde era a antiga fábrica da Ford. Além disso, há a fábrica de baterias em Manaus, que atende a produção de ônibus.

O executivo não revela números ou a participação de cada segmento na receita da empresa, mas diz que automóveis representam a maior parcela do faturamento da BYD no Brasil. Globalmente a companhia, nascida em 1995, faturou US$ 61,7 bilhões, quase o dobro dos US$ 33,9 bilhões de 2021. Até 2005, a empresa não havia conseguido faturamento na casa do bilhão de dólares, patamar alcançado apenas em 2006.

Por aqui, a empresa atua também no mercado de empilhadeiras elétricas, vans de carga, sistemas de armazenamento de energia em baterias, tem contrato para o fornecimento de trens do monotrilho em São Paulo, produz máscaras descartáveis (divisão criada com a pandemia de covid-19), além de manter usina solar para projetos de pesquisa e desenvolvimento.

* O repórter viajou a convite da BYD Brasil