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A venda da Enel Ceará (ex-Coelce) deverá ocorrer após a definição das regras para a renovação das concessões. Até lá a negociação está suspensa. Foi o que comentou o CEO da Enel, Flavio Cattaneo, em coletiva após a realização do Capital Markets Day 2023. Segundo o executivo, a companhia está em compasso de espera sobre o andamento das discussões. Essa disposição de vender a concessão foi revelada pela empresa no final de 2022. O contrato da distribuidora vence em 13 de maio de 2028.
Apesar disso, ele comentou que o segmento de redes continua estratégico para a companhia que, ao confirmar a negociação da concessionária cearense atuará no Brasil no estado do Rio de Janeiro com a Enel Rio e na região metropolitana de São Paulo com a Enel SP.
Nessa última, a empresa comentou sobre o evento de 3 de novembro que levou à interrupção do serviço para 2,1 milhões de unidades consumidoras como um fato que afeta o mundo todo por meio de mudanças climáticas. Por aqui, comentou o líder para redes e de inovação da Enel, Gianni Armani, esses efeitos das mudanças climáticas não alcançaram apenas a rede elétrica e também teve a queda de outros serviços como telecom. Disse ainda que a empresa tem reinvestido recursos em decorrência de questões emergenciais em um mercado onde há o crescimento da demanda.
Alberto de Paoli, diretor da Enel para a divisão chamada Resto do Mundo, reforçou o que vem sendo falado pela empresa, que houve o reforço das equipes no país para atender às ocorrências verificadas com o clima extremo, como a oportunidade do início de novembro, inclusive com protocolos para esse tipo de evento, mas lembrou que é necessário que se discuta um plano para que a rede, em geral, seja mais resiliente.
No plano de investimento da Enel, Cattaneo comentou que o aporte da empresa no país está focado em redes e não na expansão adicional de capacidade de geração. Ele comentou que essa posição deve-se ao fato de que as autoridades precisam reconhecer que o capex é necessário e que precisa ser remunerado de acordo com as condições de mercado.
América Latina
A empresa estima investimentos totais na América Latina da ordem de 6,8 bilhões de euros. Desse valor, planeja investir cerca de 2,6 bilhões de euros em geração renovável. O investimento em redes deverá somar 3,5 bilhões de euros, alta de 9% na comparação com o plano de 2021 a 2023 que era de 3,2 bilhões de euros.
Em geração, o CFO Stefano de Angelis disse que o montante previsto, que é 51% menor do que o plano de 2021 a 2023 decorre de um reequilíbrio dos aportes após anos seguidos de investimentos mais elevados na região e que deixaram a companhia em posição classificada por ele como boa, assim como nos demais mercados em que a empresa atua.
O grupo planeja concentrar os seus investimentos onde os retornos são visíveis, o arcabouço regulatório estável assim como os ambientes macroeconômicos e políticos. E o Brasil foi citado como uma geografia onde o cenário é de previsibilidade.
A previsão da Enel é de aumentar a sua base regulatória de ativos de distribuição na América Latina em 1 bilhão de euros para 11 bilhões de euros ao final de 2026, ante a estimativa de chegar a 10 bilhões de euros este ano, ainda mais no Brasil e no Chile onde começa um novo ciclo de reconhecimento de investimentos.