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A dinâmica dos preços de energia no país não deverá mudar tanto se as chuvas recuarem e os níveis de reservatórios baixarem. Esse comportamento é explicado pela composição da matriz elétrica nacional que hoje é muito mais diversificada do que no passado, quando o país viveu outras crises hídricas e que levaram à elevação de preços de energia. O mercado brasileiro, pode estar se aproximando de um novo perfil de preços que ficam mais baixos ao longo do dia e aumentos pontuais no final, a chamada curva de pato.

De acordo com o Head de Inteligência de Mercado da PSR, Mateus Cavaliere, há uma sobreoferta significativa de energia e isso vem colocando pressão baixista sobre os preços. E apesar da participação da fonte hídrica na geração, a tendência é de manter patamares reduzidos ao longo dos próximos anos. Entre os pontos, ele destacou que a ampliação da malha de transmissão vem reduzindo a dependência da hidrologia e reduz a volatilidade sazonal.

“Há um novo perfil de preços, antes eram patamares semanais e mais estáveis e agora com o novo padrão em momentos de maior stress vemos a curva do pato, representada por preços baixos ao longo do dia e depois aumento no final. Mas isso não explica os picos de valores do PLD que tivemos nos últimos dias”, disse Cavalieri durante sua participação no segundo dia do 15º Encontro Anual do Mercado Livre, evento do Grupo CanalEnergia, by Informa Markets, que este ano é realizado na Costa do Sauípe, Bahia.

Ele citou que esse contexto leva a oportunidades e desafios para comercializadoras de energia. Entre eles a busca e o desenvolvimento de produtos financeiros para fins de hedge visando a proteção no intraday. A perspectiva de preços baixos será vista no mercado atacadista de energia. Mas a abertura do mercado tem grande potencial. Segundo mapeamento da PSR, são 9 GW médios potenciais até 2030 e espaços para ganhar em rentabilidade. No futuro com a baixa tensão o potencial de migração está em quase 8 GW médios. A questão é que deve-se repensar como incentivar a nova oferta.

O gerente Executivo de Preços, Modelos e Estudos Energéticos da CCEE, Rodrigo Sacchi, concorda que oscilações como as vistas recentemente no final do dia vieram para ficar ao passo que aumenta a penetração das eólica, solar e até a MMGD. Ele lembra que antigamente a carga era o drive do preço quando o país tinha um perfil hidrotérmico. Agora, destacou ele, a expectativa de geração renovável intermitente e a declaração de inflexibilidade é que assumiram esse papel.

“As restrições hidráulicas estão cada vez mais presentes na sociedade e quando estamos nem um momento de período seco, quando as usinas a fio d’agua geram pouco, os reservatórios não fazem a modulação suficiente e aí entram as térmicas”, relacionou.

Daniela Alcaro, sócia fundadora da Stima Energia e membro do Conselho de Administração da Abraceel, destacou que as incertezas para a questão da formação de preços precisam ser aprimoradas. Hoje, disse a executiva, as comercializadoras não conseguem rodar o Dessem sem um nível elevado de risco por conta das premissas utilizadas que não são conhecidas.

Daniela comparou essa incerteza em momentos de PLD baixo e com as perspectivas e longo prazo inalteradas. Com esse ambiente, lembrou que as comercializadoras tiveram que buscar alternativas a usar de criatividade para passar pelo ano de 2023. Algumas empresas buscaram produtos diferentes e inovadores, outras foram para GD ou então entraram no mercado varejista.

E voltou a cobrar da CCEE uma solução para a liquidação financeira do Mercado de Curto Prazo, que carrega uma inadimplência de R$ 1 bilhão depois de reduzir esse valor que chegou a ser de pouco mais de R$ 10 bilhões. “Deixar contratos para liquida no MCP seria uma forma de gerar liquidez, mas receber 10% a 20% dos créditos não faz sentido. O mercado precisará muito da liquidação da CCEE para prover o hedge”, apontou.

Aparentemente os picos de preços horários em momentos pontuais apresentou algum movimento diante de um ano parado. O superintendente de Produtos, Comunicação e Marketing da BBCE, Marcelo Bianchini, destacou números reportados nos meses de outubro e novembro, que divergiram do restante do ano.

“No primeiro trimestre o produto de até 6 meses representava 26% do movimento e o anual 60%. Vimos um alongamento de prazos e agora mudou. Até 6 meses aumentou para 40%, notamos que houve redução no alongamento do prazo. A curva de mudou bastante, parece que as casas buscaram aproveitar esses picos”, afirmou ele em sua participação.

Luiz Henrique Macedo, diretor de Operações da Raízen Power, destacou que hoje vê um mercado muito diferente do que se viu no país. E ressaltou o fato de que as empresas estão se mexendo e se preparando para um novo momento do setor, visando a abertura do mercado. Para ele, inclusive seria possível, até mesmo, a abertura do grupo B, pois o mercado iria de adequando a essa realidade.