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Os gargalos na cadeia de abastecimento da indústria eólica global poderão deixar o mundo com apenas três quartos das instalações de energia eólica necessárias para uma trajetória de manter a temperatura no limite de 1,5°C até 2030. De acordo com cálculos do Global Wind Energy Council, há uma lacuna de 700 GW para cumprir as metas climáticas com esse cenário.

Na análise da entidade, as cadeias de abastecimento no setor eólico, de minerais, componentes e infraestruturas essenciais, como portos e plataformas, não são adequadas para um mundo com zero emissões líquidas, onde a atual frota eólica global instalada deve aumentar cerca de três vezes até ao final da década.

O alerta foi divulgado nesta segunda-feira, 4 de dezembro, pro meio do relatório “Missão Crítica: Construir a cadeia global de abastecimento de energia eólica para um mundo de 1,5°C”, disponível para download, em inglês. A publicação foi preparada pelo GWEC em parceria com o Boston Consulting Group. Nele apontam que as soluções existem, mas requerem uma colaboração mais forte entre o governo e a indústria, bem como entre os próprios intervenientes na cadeia de abastecimento.

O relatório avalia as implicações para a política de transição energética em quatro cenários macroeconómicos futuros até 2030, e como desenvolvimentos globais mais amplos, como o aumento da inflação e o comércio de portas abertas versus o aumento das barreiras comerciais, terão impacto no panorama da cadeia de abastecimento eólico, na dimensão do mercado e na sustentabilidade dos retornos da indústria.

O relatório aponta que a redefinição das prioridades políticas no sentido da resiliência e da segurança industriais em muitas áreas do mundo, incluindo a Europa e os EUA, além de aumentar a volatilidade do mercado, representa riscos para a criação de uma cadeia de abastecimento global competitiva e suficientemente ampliada.

Em nota, o CEO do GWEC, Ben Backwell, diz que este é um momento decisivo para definir a política comercial e industrial para um mundo de 1,5°C. Ele defende que a energia eólica constituirá a espinha dorsal do futuro sistema energético baseado em energias renováveis. Mas que para permitir a triplicação das instalações eólicas mundiais até 2030, é necessária uma cadeia de abastecimento globalizada, segura e competitiva.

Para isso, aponta que os governos devem trabalhar com a indústria – e a indústria deve trabalhar em conjunto – para garantir que o setor satisfaça a enorme procura de energia limpa e segura nesta década.

O relatório explora o impacto de quatro cenários macroeconómicos diferentes e como a indústria eólica pode navegar melhor pela incerteza e pela mudança no mercado global. Uma abordagem classificada como “Porta Aberta” produziria o maior impacto positivo líquido no crescimento da energia eólica para atingir os objetivos climáticos, mas o relatório prevê o cenário “Barreiras Aumentadas” como o mais provável de se materializar nesta década.

Neste, os mercados aumentam as barreiras comerciais e voltam a atenção para o investimento interno.

O terceiro cenário é o “Recessão Econômica”, em que os investimentos diminuem e a atenção se centra nas tecnologias de baixo custo e não nas tecnologias de baixas emissões. E por fim há o “Escalada Global”, onde o aumento dos conflitos transfronteiriços reduz o comércio e muda o foco energético da descarbonização para a disponibilidade.

São seis áreas de ação principais que definiriam as condições para o crescimento e a segurança da cadeia de abastecimento eólico em grande escala. A começar pela abordagem de barreiras básicas ao crescimento da indústria eólica em terrenos, redes e autorizações para aumentar o volume e a previsibilidade.

Há ainda a padronização da indústria eólica, regionalização para apoiar o crescimento e a resiliência, mantendo ao mesmo tempo uma cadeia de abastecimento globalizada. E ainda, o mercado, que deve fornecer sinais de procura claros e rentáveis. A política comercial deve ter como objetivo construir indústrias competitivas e não impor custos mais elevados aos consumidores finais. E para terminar, aponta que a reforma fundamental do mercado de energia deve sustentar um maior crescimento eólico
através de um esforço global coordenado da indústria e dos decisores políticos.