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Os eventos climáticos chegam a todo mundo isso é um fato. No Brasil este ano tivemos a seca mais severa da Amazônia, El Niño, que nem foi o mais forte registrado até hoje elevando as temperaturas a nível recorde e ainda a tempestade no estado de São Paulo, que deixou mais de 2 milhões de consumidores sem energia, onde o prazo de recomposição do serviço de distribuição demorou até uma semana. Para mitigar os efeitos o país precisa adotar medidas de diversas naturezas e de forma gradual para lidar com essa realidade.

Esse tema é abordado pela PSR em sua publicação mensal Energy Report na edição de novembro. A consultoria lembra que esses eventos listados acima levaram a debates sobre a adequação de medidas caras ou inadequadas para os consumidores, as chamadas ‘balas de prata’ como a interrupção da discussão da privatização da Sabesp em São Paulo em decorrência da demora da Enel SP em recompor o serviço aos consumidores em sua área de concessão. O questionamento era se isso não seria reflexo de privatizar um setor como o de saneamento.

De acordo com a PSR, é importante analisar com tranquilidade e profundidade o que ocorreu e, a partir desta análise, identificar quais são as medidas mais econômicas e eficazes para reduzir a probabilidade de ocorrência ou mitigar os prejuízos deste tipo de evento no futuro. Até porque, as mudanças climáticas e os eventos extremos deverão ser cada vez mais frequentes em todo o mundo.

“Em nossa visão há um leque extenso de soluções de diversas naturezas a serem implementadas de forma gradual, de forma a reduzir os prejuízos e interrupções paulatinamente ao longo dos próximos anos”, sinaliza a consultoria.

O foco principal recaiu sobre o segmento de distribuição por sua extensão no país e vulnerabilidade, afinal a maior parte da rede no país é aérea. Essas ações, diz podem permitir aprimorar o enfrentamento aos eventos climáticos extremos ao longo das próximas décadas, mitigando a severidade das interrupções de suprimento deles decorrentes.

Em sua análise a consultoria aponta que esse segmento deve construir um portfólio comum de soluções tecnológicas e metodológicas. Argumenta que as mudanças climáticas exigirão que o planejamento das redes de distribuição precisará ser alterado, de forma a tornar a infraestrutura mais resiliente as efeitos com a introdução de novas tecnologias, cada vez mais disseminadas ao redor do mundo. Lembrou ainda do impacto da vegetação que por aqui é muito relevante, haja vista o caso da Enel SP, onde 95% das ocorrências no evento do dia 3 de novembro foi devido à vegetação sobre a rede.

“O impacto da vegetação sobre a rede elétrica, muito relevante no caso brasileiro, que demandará uma melhor coordenação com as prefeituras de todo o país”, sugere a PSR. “O planejamento da operação das redes, como o dimensionamento das equipes e alternativas para uma gestão compartilhada de equipes de diferentes concessionárias, também deve mudar com um cenário mais severo de eventos climáticos”, acrescenta a consultoria.

Mas essas questões não estão apenas restritas às companhias. Na opinião da PSR, mudanças regulatórias devem acompanhar este processo. Lembra que muitas delas já estão no radar da Aneel. “Na agenda de mais curto prazo da agência, há discussões com as concessionárias focando principalmente em aprimorar a agilidade na recomposição das redes elétricas, envolvendo ações como aprimoramento na previsão da ocorrência de eventos climáticos severos e coordenação com entes públicos para o manejo de vegetação”, exemplificou.

Como agência reguladora, a PSR entende que a coordenação da Aneel é fundamental ao identificar as melhores práticas adotadas pelas concessionárias e “retroalimentando a regulação em suas diversas vertentes”.

No médio prazo, sugere que a agência pode trazer outros avanços regulatórios, tais como aprimorar as práticas de acompanhamento regulatório e fiscalização preventiva. E ainda, auxiliar na adoção de diretrizes que incentivem acordos de cooperação técnica emergencial entre as concessionárias. Um terceiro item levantado é a busca por diretrizes regulatórias para inserção das redes inteligentes de forma sustentável.

“Os contratos de concessão devem refletir adequadamente os riscos inerentes à atividade de distribuição de energia elétrica, que são bastante afetados pelas mudanças climáticas, trazendo maior robustez ao seu enfrentamento e uma nova forma das distribuidoras atuarem”, destacou em sua conclusão.

Olhando para o setor como um todo, a PSR diz que os impactos das mudanças climáticas demandam cada vez mais resiliência e flexibilidade a toda a cadeia setorial. Isso exigirá novas tecnologias e um planejamento eficiente. Mas que esse cenário trará custos. Contudo, termina dizendo que é possível trabalhar com inteligência buscando a melhor equação benefício custo, com aprimoramentos regulatórios.

E aproveitou para lembrar que apesar desse cenário, a realidade é que os formuladores de políticas públicas atuam para a aprovação de medidas que atendem grupos específicos e geram cada vez mais custos indevidos ao setor, através de aumento de subsídios ou desvios de finalidade de recursos carregados pelas tarifas de energia elétrica.