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O aumento de capital proposto pela Energisa deverá melhorar a estrutura de capital e a liquidez da empresa, avalia a agência de risco Fitch Ratings. Ela acredita que a esperada entrada de recursos ajudará a realizar os relevantes investimentos planejados para 2024–2025. Hoje a companhia é classificada com IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de longo prazo em moedas estrangeira e local em BB+ e o rating nacional de longo prazo em AAA(bra), todos com perspectiva estável.

A Energisa anunciou uma oferta pública de ações que representará um aumento de capital de aproximadamente R$ 2 bilhões. O controlador e principal acionista da companhia deve participar da oferta para manter sua participação de 27,7% no capital social. Segundo a Fitch, isto deve corresponder a cerca de R$ 550 milhões, sendo que o montante restante, de R$ 1,45 bilhão, estará sujeito a condições de mercado. A conclusão da transação está programada para ocorrer em fevereiro deste ano. A quantidade de ações e o montante a ser levantado podem aumentar em até 25%, a fim de atender eventual excesso de demanda após a definição do preço por ação.

De acordo com a agência de risco, após o aumento de capital esperado, a alavancagem financeira consolidada da Energisa deverá atingir um patamar mais condizente com os ratings atuais, mas a margem para ações de rating positivas (rating headroom) permanecerá reduzida. “Atualmente, o gatilho de rebaixamento dos IDRs da empresa é de 3,5 vezes”, diz em nota. Em base proforma e considerando o montante inicialmente proposto, de R$ 2 bilhões, a Fitch calcula que o índice dívida líquida/ebitda atingirá 3,5 vezes ao final de 2024 e 3,3 vezes em 2025, ligeiramente abaixo dos índices do cenário-base anterior, de 3,7 vezes e 3,5 vezes, respectivamente.

A Fitch acredita que apesar de uma expressiva posição de caixa, de R$ 5,6 bilhões em setembro de 2023 — a ser reforçada pelo aumento de capital —, o grupo Energisa ainda apresenta elevada concentração de dívida com vencimentos em 2024 e 2025, de R$ 6,9 bilhões e R$ 8,9 bilhões, respectivamente, e projeção de fluxos de caixa livre (FCFs) negativos, de R$ 2,0 bilhões em 2024 e R$ 832 milhões em 2025. O cenário-base do rating considera o ebitda da Energisa em R$ 7,2 bilhões em 2024 e R$ 7,8 bilhões no ano seguinte, bem como investimentos de R$ 8,7 bilhões neste biênio.

Com isso, o perfil de crédito da Energisa se beneficia de uma diversificada carteira de concessões, principalmente no segmento de distribuição de energia, o que dilui seus riscos operacionais e regulatórios. Os ratings do grupo se favorecem do eficiente desempenho operacional de suas distribuidoras. A Fitch não estima grandes desafios com a expiração de três concessões do grupo em 2027 — Energisa Mato Grosso (EMT), Energisa Mato Grosso do Sul (EMS) e Energisa Sergipe — que, juntas, representam 50% da energia distribuída, pois considera as renovações muito prováveis. O grupo deve continuar apresentando geração de caixa operacional robusta e ampla flexibilidade financeira para sustentar os esperados FCFs negativos e rolar as amortizações de dívida.