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A Statkraft inaugurou oficialmente na última terça-feira, 6 de fevereiro, o Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia, na Bahia. Esse é, segundo a companhia, o seu maior empreendimento fora da Europa com 519 MW de potência instalada. Além de estar na reta final da construção dos aerogeradores a empresa já decidiu aumentar a potência instalada no local para ‘hibridizar’ o projeto com a fonte solar.
Localizado em Uibaí e Ibipeba (500 km de Salvador), as máquinas estão no topo da chamada Serra Azul, uma cadeia de montanhas com altitude média de 800 metros acima do nível do mar, mas que podem chegar a até 1.200 metros. O projeto conta com 91 aerogeradores da Nordex Acciona de 5,7 MW. A área tem 489,18 hectares, onde estão localizados os 14 parques eólicos. De acordo com a Statkraft, quando pronto o complexo deverá produzir 2.300 GWh por ano, do total projetado, há no momento 200 MW em operação comercial.
Com o complexo, a subsidiária da empresa norueguesa no Brasil aumenta sua capacidade eólica no Brasil de 710MW para 1.229MW. Mas esse é apenas um dos passos da companhia no país que aumentará a relevância do Brasil em seu portfólio global. Com a conclusão das aquisições recentes, aí coloca na conta a aquisição da Enerfin, anunciada no ano passado, bem como a conclusão de outros projetos em construção, como o projeto eólico Morro do Cruzeiro, também na Bahia, a Statkraft aumentará em cinco vezes a sua capacidade de geração no país no decorrer de um ano em comparação com o mesmo período do ano passado .
“O potencial no Brasil é grande e pode avançar mais por conta de seus recursos naturais, o arcabouço regulatório estável e que permite a concessão de projetos de longo prazo, apenas a parte de impostos ainda é um tema complexo de se lidar”, Christian Rynning-Tønnesen, da Statkraft
Em 2024, a empresa espera ter mais de 2.230 MW de capacidade de geração em tecnologias hidrelétricas, eólicas, solares e baterias no país.
O CEO global da companhia, Christian Rynning-Tønnesen, comentou que o Brasil é um país estratégico para a Statkraft. “Hoje nossas maiores participações em renováveis estão, além de nossa sede na Noruega, na Suécia, Espanha e Brasil”, comentou ele após o evento de inauguração. “O potencial no Brasil é grande e pode avançar mais por conta de seus recursos naturais, o arcabouço regulatório estável e que permite a concessão de projetos de longo prazo, apenas a parte de impostos ainda é um tema complexo de se lidar”, acrescentou ele. A empresa tem presença em 21 países, se considerar todas as fontes a Alemanha passa o Brasil por conta de projetos a gás.
O executivo destacou a importância do empreendimento para o grupo em meio ao processo de transição energética. Lembra que é um marco para a Statkraft no Brasil por ser o primeiro projeto da companhia na modalidade greenfield. “A Statkraft vê o Brasil como um mercado estratégico, com grande potencial e com grandes ambições”, reforçou ele.
Fernando de Lapuerta, CEO e diretor-presidente da Statkraft Brasil, disse que a empresa tem como meta crescer mas com integridade, segurança e ética. E que a companhia continua mapeando as oportunidades existentes no país seguindo essas diretrizes de expansão.
O complexo Ventos de Santa Eugênia foi negociado no Leilão A-6 de 2019 e foi uma das primeiras oportunidades que uma geradora aproveitou um leilão de energia nova para alocar uma pequena parcela de um projeto eólico para negociar o restante no mercado livre. Foram destinados 75,6 MW médios ao ACR sendo a maior vendedora da fonte eólica naquele certame onde colocou o projeto inaugurado e outro entre os vendedores.
Expansão Solar
A continuidade do projeto prevê ainda um parque solar de cerca de 228 MWac combinado com a tecnologia de baterias chamada de BESS e que serão conectadas no mesmo ponto de conexão das duas fontes para aproveitar a sinergia entre a geração eólica, mais focada durante a noite na região, com a solar durante o dia. Essa decisão de ampliar o projeto já havia sido deliberada pela empresa em setembro do ano passado.
“Essa é uma combinação que mostra ser uma boa ideia”, define o CEO.
Assim, o parque híbrido terá a capacidade total de 682 MWac. Esse projeto marcará a chegada da companhia à geração solar. A previsão é que as obras comecem no primeiro semestre deste ano e que as operações sejam iniciadas em 2025.
A regulamentação das usinas híbridas pela Agência Nacional de Energia Elétrica é relativamente recente, do fim de 2021, e está na Resolução Normativa No.954 do órgão regulador. Considerada um salto de inovação para o sistema elétrico brasileiro, essa modalidade de geração permite a complementaridade temporal entre as diferentes fontes de geração de energia, dando mais previsibilidade aos projetos renováveis.
*O jornalista viajou a convite para Irecê (BA) a convite da Starkraft Brasil