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A Statkraft no Brasil deverá focar seus próximos passos em novos projetos ao invés de aquisições como ocorreu recentemente. No radar da empresa estão empreendimentos da fonte eólica onshore com a possibilidade de hibridização como o que será feito no projeto recém inaugurado na Bahia. Segundo o CEO global da companhia, Christian Rynning-Tønnesen, aproveitar as sinergias entre as fontes é uma boa ideia e deve ser colocada no foco da companhia para os próximos passos da geradora por aqui.
O executivo que esteve no Brasil para o evento de inauguração do primeiro projeto greenfield da subsidiária local, disse que a tendência é a de começar os projetos com a fonte eólica para estabelecer a infraestrutura necessária – estradas e transmissão – para depois partir para a solar que é mais flexível para a instalação. Ao mesmo passo, sistemas de armazenamento é um caminho a ser adotado para aproveitar o potencial ao máximo, como ocorrerá com o Complexo localizado nos municípios de Uibaí e Ibipeba (500 km de Salvador).
Em entrevista a jornalistas após evento de inauguração do projeto na Serra Azul, o CEO disse que a empresa, que calcula alcançar 2,2 GW em potência instalada a partir de 2024. Esse volume já está dado por meio das aquisições e projetos em andamento. Contudo, o tema aquisições deverá desacelerar um pouco depois da operação com a Enerfin. Até porque, lembrou o CEO, a Statkraft tem cerca de 400 projetos em diferentes níveis de desenvolvimento em termos globais e para qualquer passo rumo a uma aquisição no mercado, precisa avaliar a capacidade financeira da operação. Apesar disso, não descarta a possibilidade da empresa olhar para novas aquisições, mas essas, de menor porte.
A estratégia da empresa, disse ele, tem quatro pilares. O primeiro é desenvolver e operar projetos de energia limpa com características de flexibilidade. Nesse ponto a hidrelétrica é o foco. Enquanto isso, a meta é de acelerar os aportes na tríade Eólica, Solar e Armazenamento. O terceiro pilar é o de oferecer soluções verdes ao mercado com tecnologia e, para fechar, o 4º pilar está no desenvolvimento de oferta de hidrogênio verde e biocombustíveis. Fontes que colocam o Brasil no foco das atenções da estatal norueguesa.
“Por enquanto, estamos nos estágios iniciais da tecnologia de geração no mar. Os custos são muito altos ainda então temos que esperar a redução, estamos falando de algo para daqui a 10 anos”, Christian Rynning-Tønnesen, da Statkraft
Nesse sentido, o Brasil deve ganhar destaque por conta dos recursos disponíveis para a geração renovável. Ele lembrou que o potencial de crescimento aqui é importante e isso se dá pensando na fonte onshore ainda. “Não somos um grande gerador offshore mesmo na Europa, nosso foco está no onshore”, afirmou. Ademais, comentou que o custo da offshore ainda está elevado e deverá recuar sim, mas daqui a cerca de 10 anos. Até lá, a geração em terra continuará a ser dominante.
E continuou ao lembrar que o país, ao mesmo tempo, possui um dos melhores recursos solares. Segundo sua análise, essas são as duas principais tecnologias que veremos avançar no mundo nos próximos anos. “Por enquanto, estamos nos estágios iniciais da tecnologia de geração no mar. Os custos são muito altos ainda então temos que esperar a redução, estamos falando de algo para daqui a 10 anos”, completou Rynning-Tønnesen.
Entre essas grandes diretrizes globais da Statktraft o executivo lembra que o mundo precisará mais de moléculas de H2 como forma de substituir o combustível líquido. Inclusive a empresa já iniciou um projeto na Europa que pode ser replicado por aqui. Por enquanto, a empresa trabalha para finalizar as transações realizadas no ano passado. A aquisição de parques da EDP Renováveis, a construção de Morro do Cruzeiro, bem como a construção de Ventos de Santa Eugênia que será híbrido e deverá terminar em 2025.
A Statkraft atua no Brasil desde 2008, começou com a aquisição de sete plantas operacionais. E a promessa do CEO é de continuar a investir no país, pois, segundo ele, aqui é encontrado o mercado entre os mais competitivos do mundo em relação às renováveis.
*O jornalista viajou para Irecê (BA) a convite da Statkraft Brasil