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O atual nível de reservatórios, combinado com a afluência mais restritiva em um mês chave como fevereiro, pode reduzir o tempo em que o mercado de energia verá o descolamento dos preços com o piso regulatório. Essa é a avaliação da Auren Energia, para quem o período de se posicionar no mercado a preços mais baixos, passou e voltou à normalidade com maior volatilidade, ante a estabilização que marcou o mercado de comercialização desde o início de 2023.

Na avaliação do CEO da empresa, Fábio Zanfelice, a fotografia atual mostra que os valores da energia deverão se descolar do PLD mínimo no último trimestre do ano. Contudo, esse cenário pode mudar este ano e já há sinais de que os valores para o longo prazo mudaram. Tanto que a estratégia da empresa mudou e a Auren posicionou-se com a aquisição de 120 MW médios até o final de dezembro de 2025.

“As compras foram realizadas a preços médios de R$ 80/MWh para o período de julho a dezembro de 2024 e de R$ 100/MWh para os 12 meses de 2025”, disse ele em teleconferência de resultados a analistas e investidores. “Hoje os preços de mercado estão pelo menos 70% acima dos valores médios que compramos essa energia”, acrescentou ele.

O CEO da Auren destacou que no final de 2023 a empresa começava a ver possibilidade de preços fora do piso. Por isso, avançou na estratégia de adquirir energia no mercado para poder aproveitar e agregar margem na comercialização de energia. Ele diz que esse montante não é algo expressivo no portfolio total, mas mesmo assim traz valor para a companhia. Essa avaliação, diz ele, tem sido notada pelo volume gerado no atacado, que ainda não chegou ao varejo.

Para o executivo, o atual nível de armazenamento no SIN, que está acima de 60%, ainda é alto. E além disso há a sobreoferta estrutural no país. Agora, se rodar os modelos computacionais a partir de março com os dados de afluência de fevereiro que temos até o momento pode levar a uma antecipação dos preços saírem do nível em que têm se mantido desde o ano passado.

“Se fevereiro terminar do jeito que temos visto as afluências, a situação muda drasticamente. O descolamento do piso pode chegar mais rápido”, apontou Zanfelice.

A condição atual de recessão da hidrologia que não tem alcançado a média histórica, combinada com o aumento do consumo devido, principalmente, pelas altas temperaturas no país mostram que o nível de aumento dos reservatórios será menos intensivo do que em anos recentes. Apesar disso, acredita que não teremos problemas de suprimento de energia, mas reforçou que o modelo deverá responder a preços de forma mais rápida.

“Por isso, vemos que há pouco espaço de subida de preços que já estão implementados, não é o momento de uma contratação de mais longo prazo, a decisão deveria ser tomada ao longo do último trimestre de 2023”, reforçou.

Para esse ano, a Auren está com 92% da sua energia contratada. O recurso de que a empresa dispõe é de 3.472 MW médios e a sobra é de 266 MW médios. Em 2025, o índice de energia contratada cai um pouco, para 88%. recua para 83% em 2026 e para 71% em 2027.

Sobre um eventual interesse da Auren em ficar com os ativos da AES no processo de venda e saída da norte-americana do país, Zanfelice disse que a empresa não comenta esse tipo de assunto a não ser se estivessem próximo da divulgação da tomada de decisão. Assim não deu nenhum indicativo que esses ativos estariam no radar da empresa. Contudo, lembrou que a Auren está ativa em oportunidades de fusões e aquisições. A empresa tem como principais ativos a UHE Porto Primavera (SP/MS, 1.540 MW), participação minoritária na UHE Machadinho, UHE Campos Novos, UHE Barra Grande, UHE Amador Aguiar I e II, UHE Igarapava e UHE Picada. E ainda, quase 1 GW na fonte eólica no Piauí e em Pernambuco, mais 48 MW em solar também no Piauí.