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Um dos caminhos que a Casa dos Ventos acredita ser viável para a expansão de novos projetos no setor é o de atrair novas demandas para o país. A companhia que adotou nova identidade visual acredita que os segmentos de fertilizantes, data centers e de siderurgia podem ser a resposta para atração de carga e assim aumentar o volume de energia consumida por aqui. Inclusive, a empresa já está com conversas sobre um projeto para exportação de amônia.
“Pensando no mercado eólico um dos nossos desafios principais é gerar demanda para novos projetos e temos feito isso por meio de verticais como tentar atrair indústrias e setores para o país”, disse o diretor executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, em coletiva realizada na sede da empresa, em São Paulo.
Ele apontou que pelo menos quatro grandes segmentos intensivos podem ser o caminho. Os data centers por conta de restrições em algumas regiões do mundo. Nesse caso, o Brasil poderia ser um hub de processamento de dados em nuvem, pois temos a energia renovável mais competitiva do mundo. Outro é a possibilidade de atrair uma cadeia a mais da produção de aço em decorrência da qualidade do minério de ferro brasileiro. Araripe explicou que o grau de pureza reage bem com o hidrogênio verde e que isso traz uma vantagem para o país que poderia não apenas exportar o minério cru como faz atualmente, mas sim esse produto para as siderúrgicas da Europa, por exemplo.
“Poderíamos eletrificar processos da indústria também como em geração de vapor por meio de caldeiras elétricas ao invés de diesel”, exemplificou. O H2 verde também ganhou um destaque por parte do executivo com as diversas possibilidades de aplicações, desde o uso em eletrificação de processos industriais, como também nessa fase da indústria do aço, e ainda, a produção de amônia verde com a meta de substituir os fertilizantes nitrogenados que são a base da maioria desses produtos comercializados no país e que são importados.
“Esses setores podem desenvolver hubs para acelerar essas empresas na neoindustrialização da transição energética e conseguir viabilizar a energia com megaprojetos”, sinalizou o executivo. “Já há conversas já estabelecidas com a questão da amônia. São volumes grandes para a eletrólise com 400 MW médios do H2 e que são dimensionados em 1 GW médio para amônia para exportação, isso representa 2 GW de projetos na fonte eólica em capacidade instalada só para esse projeto, fora aqueles em que a empresa trabalha com os PPAs fechados e que somarão cerca de 4 GW até 2026. Atualmente a empresa possui 1,8 GW em operação.
Uma eventual mudança nos rumos das regras de autoprodução não deverá afetar a atividade da empresa diante da escala dos projetos nos quais a Casa dos Ventos vem atuando. Por serem de grande porte e com clientes que investem o nível de corte que o mercado comenta sobre as alterações não chegariam ao modelo de negócio que consagrou a empresa nos últimos anos.
A perspectiva de manter o elevado nível de investimentos em projetos continua. E mais, Araripe destacou que esse segmento em que estão atuando precisa de incentivos para inserir o Brasil de forma competitiva em mercados internacionais. Aumentar o custo da energia para setores nos quais atua como o de aço não faz sentido para o país.
Para o executivo investir em projetos eólicos offshore no país é outro caminho que não interessa ainda diante da capacidade de geração onshore das renováveis brasileiras. Por aqui, destacou ele, além de ainda ser necessário o estabelecimento da regulação, há espaço e recursos que são mais viáveis economicamente do que a geração em alto mar.
“A offshore não se viabiliza no mercado livre e sim por leilões regulados e incentivos”, avaliou. “É melhor incentivar o H2 no país, que tem potencial maior para o país, ainda mais pensando que a Eletrobras tem energia descontratada. O custo da offshore é de duas a três vezes o da offshore”, comparou.