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A parceria estratégica entre a Indra Energia e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) na área de hidrogênio verde avança para segundo etapa. A ideia é utilizar a fonte solar e um meio aquoso de glicerol, resíduo barato vindo da biomassa, para produção do vetor energético via fotocatálise. O projeto já está sendo desenvolvido em etapas de 1 m² para depois partir para escala comercial, conforme as comprovações, com a conclusão prevista para meados de 2025.

“Vamos vender a patente tecnológica desenvolvida, para num segundo momento partir para outras vertentes de pesquisa como armazenamento da molécula como gás ou amônia, discutindo já também a formalização de um banco de baterias e tudo que se correlacione a esse projeto”, comenta a CEO da Indra Energia, Ingrid dos Santos, em entrevista à Agência CanalEnergia.

Uma equipe de aproximadamente 15 pesquisadores entre mestres, doutores e graduandos vão colocar em prática a iniciativa, liderados pelo professor Bruno César Barroso e com participação também do Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os investimentos iniciais somam R$ 1 milhão, com o foco em tornar o H2V mais acessível e difundido para diferentes regiões e segmentos, desde abastecimento de veículos até servir como fonte de energia para diversas indústrias.

Embora a produção fotocatalítica não substitua a eletrólise da água, ela se apresenta como mais uma alternativa limpa e mais viável na visão da executiva. Um dos desafios da pesquisa é o de próprio hidrogênio renovável: reduzir seu preço, além da revisão de concepção da eletrólise, processo altamente custoso para extração e purificação da água, e que exige platina, elemento mais caro e raro.

Produção fotocatalítica imita as plantas, utilizando luz solar como fonte de energia para ativar reações químicas

A teoria de pesquisa do professor Barroso é que o Brasil possui oferta abundante de energia fotovoltaica, podendo empreender uma combinação de elementos químicos que tivessem um melhor custo-benefício do que apenas platina, utilizando um resíduo em um meio aquoso. “Essa vertente via fotocatálise é menos difundida no mundo, mas temos recursos naturais e espaço, para num futuro fazer o retrofit de usinas solares, que geralmente duram 30 anos mas começam a perder eficiência depois dos cinco primeiros”, complementa Ingrid.

Ela reforça ser preciso pensar também no descarte de toda matéria-prima e em como utilizar uma infraestrutura de usinas e linhas de abastecimento que estão sendo construídas, para depois o surgimento da nova fonte. No caso, uma terceira etapa do projeto que a companhia está pensando é em utilizar uma de suas micro usinas para implementação da tecnologia.

“É um projeto que desejamos que seja bom para o país, assim como em trazer o mundo acadêmico mais próximo dos problemas do mundo corporativo”, acrescenta, destacando o IFCE com agendas semelhantes com a da empresa, como paridade de gênero e a consciência da importância de ter mais mulheres nessas frentes de atuação. “Quando abrimos a Indra um dos nossos objetivos não era ser apenas uma comercializadora de energia , mas sim um grupo de energia para fazer diferença no mercado e no ecossistema”, conclui.