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A Âmbar Energia iniciou uma colaboração estratégica junto ao Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para impulsionar a produção eficiente de energia utilizando hidrogênio renovável derivado do biogás. A parceria, que acontece via P&D regulado pela Aneel, visa escalar a geração utilizando os resíduos orgânicos provenientes de JBS como matéria-prima. O cronograma previsto é de três anos, tendo como meta a produção de biometano, hidrogênio verde e eletricidade.

O projeto prevê o uso de células a combustível que oferecem uma eficiência de conversão superior às tecnologias tradicionais, segundo a empresa, que deve aplicar a solução nas lagoas de tratamento de diversas indústrias. Já a energia gerada será injetada na rede de distribuição, fortalecendo a matriz energética nacional com uma fonte mais confiável ao sistema.

Etapas

Para gerar a eletricidade serão necessárias três etapas: a primeira trata do transporte e purificação do biogás produzido nas lagoas de tratamento dos frigoríficos da JBS. A segunda envolve a reformulação do metano presente no biogás para obter hidrogênio renovável. Por último, o H2 é empregado em uma célula a combustível, que produz energia elétrica com eficiência superior a 60%.

O processo é iniciado em uma lagoa de tratamento de resíduos, onde toda a matéria orgânica é depositada. Esta lagoa foi convertida em um biodigestor, melhorando o tratamento do efluente e permitindo o armazenamento dos gases resultantes do processo. Assim, o biogás gerado é composto principalmente por metano, além de outros gases como dióxido de carbono, enxofre e oxigênio.

O professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp e pesquisador do Cepetro, Hudson Zanin, explica que se o biogás in natura for diretamente utilizado em um motor, ocorre a corrosão das partes internas caras, tornando-as inutilizáveis. Por isso, o primeiro passo é purificar o insumo através de filtros, removendo impurezas que não são metano.

“Enquanto as termoelétricas que utilizam metano fóssil do pré-sal conseguem uma eficiência de conversão de 30% do gás em eletricidade, no nosso caso, quebramos o metano em hidrogênio renovável e depois o utilizamos em células a combustível para atingir uma eficiência muito mais elevada”, afirma o pesquisador.

O hidrogênio de origem fóssil é conhecido como hidrogênio cinza e é utilizado, principalmente, na produção de amônia, fertilizantes, aço e alumínio, além da dessulfuração de combustíveis fósseis em refinarias. “Com a emersão do hidrogênio renovável, ele terá espaço para ir além da descarbonização da cadeia do hidrogênio cinza, podendo ser utilizado para a produção de eletricidade também”, complementa.

A Âmbar também destacou que o plano inclui a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Andradina (SP) para explorar o potencial do biogás e do H2V, transformando planejamentos em ações concretas.