fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
A depender do desenvolvimento do período seco e do início do úmido em 2024 os preços de energia no mercado, que estão no piso, mas com tendência de alta no segundo semestre, deverão alcançar o patamar histórico entre R$ 150 a R$ 200 por MWh. Essa é a projeção do diretor de Comercialização da Auren Energia, Eduardo Diniz, entrevistado pela Agência CanalEnergia.
O executivo lembra que o período úmido que está próximo do final, apesar de ter sido um dos quatro piores da série histórica, termina em um momento em que os reservatórios ainda estão em nível satisfatório. Com a previsão de que o período seco será normal a questão que se analisa é de como se dará o início do período úmido seguinte.
Em sua análise, este ano os reservatórios deverão deplecionar mais rapidamente do que em 2023, pois o solo está mais seco. “O que vemos é que o preço deverá sair do piso no quarto trimestre para o final do ano mesmo, dependendo das temperaturas em setembro ou outubro e o nível de consumo, isso deverá impactar no PArP que coloca peso maior no cenário dos últimos 12 meses”, diz ele. “Se ao chegar em outubro de 2024 e olharmos o último ano, se forem ruins os próximos meses o modelo falará que o cenário não será tão bom e aí o preço descolará muito”, analisa.
A Auren Energia encerrou 2023 com 4,2 GW médios em vendas. Em 2022, a empresa fechou com o volume de 2,1 GW médios, alta de 100% na base de comparação. Esse volume representou 99% do portfolio comercializável da companhia.
Segundo Diniz, esse aumento deve-se ao fato de que no ano passado a empresa contabilizou pelo primeiro ano completo o portfólio das empresas que formaram a empresa, a Cesp, Votorantim e CPPI. Foram cerca de 1 mil clientes atendidos.
Além disso, continua, a companhia entendia que em algum momento o preço sairia do piso e com isso aceleraram as atividades como instrumento de liquidez junto ao mercado. Até porque a atividade da empresa em comercialização tem como base, além da venda de energia ao consumidor final, a atividade de trading com sua mesa proprietária, que tem nível de exposição ao risco aprovado no conselho da empresa. Essa margem dá a perspectiva de a empresa buscar e usar instrumentos como hedge de operações.
Neste ano, aponta a empresa, 92% do portfolio está negociado com 3.472 MW médios. Esse volume recua para 88% em 2025, vai recuando ano a ano e na média de 2028 a 2032 é de 65%.
O resultado de 2023 ainda refere-se aos mercados de grandes consumidores que são atendidos pelo segmento Corporate – aqueles que têm uma equipe de energia – e o Atacado, formado por grandes consumidores, mas sem um time que atua em energia especificamente. Esse ano há a nova figura do varejista, proporcionado pela abertura de toda a alta tensão. Nesse segmento a empresa está organizando a joint venture com a Vivo para atender a essa parcela aproveitando a pulverização e base de clientes da operadora de telecom. Essa será uma organização apartada da Auren, mas que será importante para chegar a essa parcela de consumidores. E, na análise de Diniz, uma etapa de aprendizado para quando chegar na baixa tensão.
Entre os aprendizados no varejo, Diniz cita a necessidade específica desses consumidores que demandam contratos mais simples ao invés de complexidade de dados. Por isso, diz que a companhia vem atuando no sentido de entender esse novo mercado e a sua experiência ao chegar ao ACL.
“Esses clientes são os que perguntam se não podem pagar a conta via pix, não querem contratos de 30 páginas e sim termo de adesão, o relatório do beneficio dele precisa de simplificação”, relata. “São contas pequenas, e por isso precisa escalar para ter a rentabilidade, o custo de aquisição desses clientes é elevado diante do ticket baixo”, acrescenta.
Créditos de carbono
Outra iniciativa que está na mesa de comercialização da Auren é a venda de crédito de carbono. Nesse caso, a empresa vende os créditos de carbono no mercado voluntário do Brasil desde 2018.
Esse tema acaba sendo recorrente principalmente para clientes grandes e médios que procurar mitigar os efeitos e reduzir sua pegada de carbono.
“Temos uma mesa proprietária de compra e venda de créditos de carbono e oferecemos os projetos nosso da Auren e temos também do Grupo Votorantim. São negociados para clientes finais que têm interesse em neutralizar as emissões, então veio a evolução com o marketplace onde podem entrar em tela e comprar os créditos”, destacou.
Diniz comenta que se o mercado nacional fosse regularizado como já ocorre na Europa, Estados Unidos e em parte da China o movimento seria mais intenso e não relacionado apenas a clientes finais. “Nesse tema o Brasil tem que ser o protagonista”, definiu. “O mundo depende não só da renovável para reduzir as emissões e cumprir as metas ambientais”, pontuou.
A plataforma de e-commerce de créditos de carbono foi lançada no mês de fevereiro. A página oferece uma solução simplificada para pessoas físicas, jurídicas e eventos que desejam compensar suas emissões, por meio de projetos de energia renovável e florestal. A iniciativa faz parte de um conjunto de estratégias da empresa para expandir o negócio, que em 2023 registrou a marca de 1,66 milhão de créditos de carbono comercializados no mercado global e gerou uma receita superior a R$ 25 milhões para a empresa.
A Auren explica que o cliente poderá selecionar o tipo de crédito que deseja adquirir. Além disso, é possível obter informações sobre as características técnicas de cada projeto, que abrange os empreendimentos Ventos do Araripe III, Ventos do Piauí I e Legado Verde do Cerrado, todos registrados na Verra – certificadora mundial de compensações voluntárias de carbono.
A empresa contabiliza 4,6 milhões de créditos de carbono comercializados nos últimos cinco anos. Atualmente, mais de 100 empresas compensam suas emissões utilizando os créditos da companhia e a meta é que até 2030 cerca de 8 milhões de créditos sejam comercializados.