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O Inmetro está coordenando um estudo colaborativo com 10 cilindros de biogás para averiguar os resultados dos analisadores de gases e de cromatógrafos. O objetivo é entender se esses métodos se comprovam como intercambiáveis e se podem ser utilizados como aferição, para no caso uma mudança ou adequação dos padrões regulatórios. A informação foi passada pela pesquisadora do Laboratório de Análises de Gases, Cristiane Augusto, durante evento realizado pela Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e apoiado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) para tratar das oportunidades e desafios do setor de biogás e biometano.
Cristiane disse que a diretoria de metrologia cientifica do Instituto está buscando promover melhorias como no método de medição do biometano, que é extremamente caro e que muitas vezes prejudica a viabilidade econômica dos projetos. E que é preciso uma portaria conjunta entre a Instituição e o ANP para questões envolvendo controles de vazão, como de composição.
“É necessário estudar as variáveis de controle dos processos, com mão de obra qualificada. Sem isso é difícil atingir os parâmetros necessários para comercialização, como por exemplo de pureza do biometano”, acrescenta a pesquisadora, citando pontos de controle, substratos e matéria orgânica. Para isso, os produtores devem buscar laboratórios acreditados pelo Inmetro para verificar se o rejeito tem características ideias para produção do biogás.
Cristiane Augusto, pesquisadora do Inmetro, foi um dos destaques do evento Circuito Biogás nos Estados (Abiogás)
O Paraná é o 4º estado brasileiro em produção de biogás, com 742 mil metros cúbicos por dia (m³/dia) entre 198 plantas. Desse montante, 136 são de origem agropecuária, além de ser o segundo com maior número de usinas instalada. Segundo dados da Abiogás, atualmente o potencial paranaense para o biocombustível é de 7,7 milhões de m³/dia vindo de proteína animal, 5,6 milhões de m³/dia de produção agrícola, 5,5 Mm³/dia do setor sucroenergético e 0,5 Mm³/dia da área de saneamento.
Do total em perspectiva, apenas 4% é aproveitado, enquanto a produção atual gira em 734 mil m³ diários. Já no biometano os potenciais caem respectivamente para 4,4 milhões de m³/dia 3 Mm³/dia, 2,9 Mm³/dia e 0,3 Mm³/dia. A produção no estado é de 123 mil de m³/dia, entre cinco usinas.
Além da Política Estadual do Biogás e Biometano aprovada em lei, o estado também oferece uma série de incentivos ao segmento, como a isenção de ICMS para operações com máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para a geração de energia elétrica a partir do biogás. Também possui concessão de crédito presumido de 12% sobre o valor das aquisições internas de biogás e biometano e a redução da base de cálculo nas saídas internas com biogás e biometano.
Herlon Almeida, coordenador do RenovaPR, programa do Governo do Paraná que auxilia com financiamento a produtores rurais na transição para a bioenergia, ressaltou que o evento apresentou os grandes resultados do estado no setor, como um dos maiores números de plantas de biogás no Brasil, a expansão do biometano para uso veicular e cooperativas que já adotam o uso do biocombustível. E que o estudo em desenvolvimento pelo Inmetro traz esperança para o setor. “Nós imaginamos que a ANP tem que estar preparada para a GD de biometano”, complementa.
Evento em Curitiba tratou das particularidades, oportunidades e desafios do setor de biogás e biometano (Abiogás)
Novo Laboratório e caminhão a biometano
Na semana passada, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) também começou a trabalhar melhor o tema e adquiriu um equipamento que realiza análises automáticas do potencial de cada insumo na geração de energia renovável, em uma das fases de estruturação de um novo laboratório voltado à pesquisa de biogás e biometano. A intenção, após operacionalização do laboratório que deve acontecer até o fim do ano, é realizar pesquisa aplicada, atuando junto a indústrias e outros interessados que busquem a produção de biogás a partir da biomassa, com a oferta de novas soluções tecnológicas.
Entre outros destaques do evento, o gerente de divisão pecuária da Primato, William Wesendonck, trouxe o case da cooperativa de ter um caminhão rodando a biometano. E que em maio deste ano dará início a um novo projeto que vai transformar diariamente, 1,2 milhão de litros de dejetos de 30 propriedades em 18 toneladas de produtos sólidos que voltarão às lavouras da região. Em uma segunda etapa, oito caminhões da frota de suínos será convertido em biometano, o que pode ser ainda mais expandido posteriormente.
“Estamos pensando dia a dia que todos os produtos do biogás circulem no Oeste do estado, começando pelo biogás. Imaginamos um futuro bem prospero, com o gás tubulado já, chegando a todas as cidades”, comentou o executivo.
Usina da Sanepar é distante da área urbana e sem acréscimos nos custo logísticos, em especial com tratamento do lodo no próprio local (CSBioenergia)
Usina da Sanepar
No período da manhã, como parte da programação, houve uma visita técnica à CSBioenergia, da Sanepar, ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Belém. A unidade recebe lodo de esgoto, restos de alimentos, óleos e outros compostos orgânicos do Ceasa, restaurantes e outros fornecedores, faz a decomposição desse resíduo em enormes digestores, gerando biogás, que é armazenado e convertido em energia elétrica.
Por dia, são destinados 900 metros cúbicos de lodo e 150 toneladas de alimentos, podendo gerar até 2,8 MW, suficiente para abastecer cerca de 2.200 residências por mês. A energia é aproveitada na própria unidade e o excedente é aproveitado como crédito em outras unidades consumidoras da companhia.
Das mais de 4 mil estações de tratamento de esgoto no Brasil, apenas 11 fazem o a recuperação energética do biogás. Dessas, três são da Sanepar: ETE Belém e a ETE Atuba Sul, em Curitiba, e a Ouro Verde, em Foz do Iguaçu. Por meio do Programa Paraná Bem Tratado, em 2025, outras sete passarão a fazer a recuperação energética do biocombustível.