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A Formula E, categoria de automobilismo de carros elétricos chegou a uma década de disputa, apesar de aqui no Brasil ter realizado apenas a sua segunda edição, no dia 16 de março no entorno do Anhembi, zona norte da capital paulista. A organização dessa categoria se orgulha em dizer seu objetivo não passa apenas pela disputa em pista, mas tem como um de seus objetivos promover a sustentabilidade de suas operações ao mesmo tempo que se coloca como o laboratório e a vitrine para a expansão desse mercado.
A diretora de Sustentabilidade da categoria, Julia Pallé, faz um comparativo do que era a categoria na 1ª temporada e agora, 10 anos depois. Em termos de resultados alcançados no desenvolvimento de tecnologias, no que se refere às operações da atividade, estão o incremento do nível de reciclagem de baterias e à redução consequente na extração dos minerais para a produção desses dispositivos.
Ela exemplicou que, em relação a primeira geração dos monopostos, a potência e autonomia das baterias aumentou. Ao mesmo tempo o nível de reciclagem. No início, a categoria conseguia reciclar 60% do lítio utilizado nesses dispositivos. Atualmente, na terceira geração dos carros de corrida, esse índice está em 90%. Além disso, o mineral é reutilizado para produção de novos dispositivos a serem usados aqui a duas temporadas.
“Ações como estas demonstram que o impacto ambiental do veiculo elétrico, que é a questão da bateria e da mineração, pode ser resolvido com as ferramentas corretas, o caminho existe e está desenhado”, disse ela.
A next mile ou desafio que deve ser vencido ainda está no desenvolvimento de infraestrutura de carregamento que precisa aumentar e ser mais ágil na hora do abastecimento. Ela diz que essa questão se mostra importante, principalmente nas estradas. Ninguém que esteja viajando, por exemplo, com a família, quer ficar parado por cinco horas em uma estação conectado para recarregar o veículo.
Nessa questão, já que a categoria quer se manter como o laboratório, está em testes desde o início do ano um novo modelo de carregador super rápido, que será usado nas competições ao longo das corridas, que pode carregar a baterias dos monopostos entre 10% e 20% em cerca de 10 segundos. Em São Paulo, o dispositivo foi testado em treinos livres. A etapa da Itália, em meados de abril, marcará o uso oficial desse dispositivo.
A meta é que as tecnologias vistas nas corridas sejam implementadas para o dia a dia da eletromobilidade. No caso da Stellantis, diz, o tempo entre as pistas e as ruas das cidades chega a 4 anos. “Isso é quase nada quando falamos de inovação”, resume.
Para o Country Holding Offices da ABB Brasil, Luciano Nassif, a realização da categoria mostra que as tecnologias de eletromobilidade podem e são viáveis para o uso diário nas grandes cidades. A empresa tem o naming rights da categoria desde 2018 e atua no fornecimento dos carregadores que abastecem todas as equipes que disputam a F-E, à exceção deste que está em teste.
Um dos pontos que avançou nesse período foi justamente a capacidade de carregar os veículos elétricos. Isso, diz ele, está em consonância com o conceito de cidades inteligentes, onde a eletromobilidade é apenas um dos itens que compõem todo o ambiente com a meta de ser mais ambientalmente amigável.
Tanto assim que Julia destaca que a categoria quer ser Net Zero em 2030 com base nos volumes de emissões de 2019. Os eventos em si já estão nesse nível, mas acontece que por ser um esporte que visita quase todos os continentes há ainda a necessidade de transporte via aéreo ou marítimo que são atividades de difícil descarbonização. Esse é o foco de atuação, por exemplo, por meio do uso do SAF, o combustível de aviação sustentável para mitigar esse efeito, além de otimizar o calendário a fim de reduzir os deslocamentos.
Outro objetivo, esse intangível, é apontado como um dos pontos que atestam se a categoria está sendo bem sucedida em seu objetivo. Julia diz que a corrida na pista é apenas um dos pontos que envolvem toda a experiência da Formula-E o trabalho passa por divulgar e estimular os veículos elétricos. “Atendemos as comunidades locais, trazemos alunos de escolas e universidades para conhecerem mais e estimular o conhecimento da sustentabilidade e como alcançar. A pegada de carbono local é uma questão importante e a meta é a de inspirar as pessoas a adotar uma forma de vida mais sustentável”, pontuou.