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Um mercado regulado de carbono pode ser a resposta para que o preço do certificado de energia renovável no Brasil possa sair do patamar em que se encontra. De acordo com dados da S&P Global, os valores do CER no país estão em um patamar médio de US$ 0,20 a US$ 0,25. Os mesmos no Chile e no México estão, a depender da fonte, quatro vezes mais caros.
Contudo, essa não seria a única saída para que esses certificados possam ser mais valorados ante o que acontece hoje em dia. A diretora Comercial e de Marketing da Elera Renováveis, Natascha Ferrareto, afirmou durante o I-Rec Day 2024, realizado pelo Instituto Totum, que um certificado de usinas com maior amplitude de alcance de ODS da ONU ajudam a atrair o consumidor e elevar o valor desse título.
A representante da geradora lembra que o Brasil é um oásis de renováveis e que essa característica agrega valor ao certificado I-Rec Brasileiro com o atendimento de ODS da ONU. Quanto mais itens enquadrados a precificação se diferencia. Projetos novos que levem a benefícios às comunidades locais ajudam nesse sentido.
Alessandra Lacreta, consultora comercial da Comerc Energia, relata que a busca de clientes na comercializadora está mais atrelado ao I-Rec desagregado da compra da energia, ou seja, a busca se dá pelo certificado para fazer uma espécie de encontro de contas, muitas vezes mais próximo ao final do ano. “Há uma grande procura, mas é pela contratação desagregada de um contrato de energia em nossa mesa, apesar de vermos demanda por I-Recs quando da contratação de energia”, disse a consultora comercial da Comerc.
Ela explica que o valor mantém-se em um patamar baixo em comparação com outros mercados porque há uma sobreoferta de certificados decorrente da matriz elétrica nacional e muitos players de mercado. Com isso, a margem é reduzida e os preços vem se mantendo em nível baixo há alguns anos.
Nesse sentido, João Teixeira, gerente de Sustentabilidade da Natura, avalia que instrumentos que reduzam o custo transacional poderiam melhorar a rentabilidade do certificado, aumentando a margem de quem vende, mas sem aumentar o custo de quem compra o cerificado, como a própria empresa que representa.
“A margem fica maior mesmo com os valores atuais do I-Rec e equaciona a questão da oferta e demanda, atribui valor agregado em um aspecto mais amplo de compra de energia renovável valorizando os serviços socioambientais”, analisou ele.
Alexandre Fachin, gerente de Descarbonização para Downstream da Petrobras, é mais pragmático. Ele lembra que a existência de um mercado apenas voluntário é que traz esse nível de valores do certificado. Para ele, se houvesse a obrigatoriedade em um mercado regulado a lógica elevaria esses valores por conta da obrigatoriedade.
Outra questão levantada pelo gerente de Comercialização da Engie Brasil Energia, Maury Garrett, é o fato de que a demanda por certificados ainda é baixa por aqui. E mais, mercados de outros países se fecharam. Antes, explica ele, era possível negociar um CER em outro país, hoje isso não é mais possível por conta da regulação de lá que fechou essa possibilidade.
“Enquanto não temos mercado regulado, vemos algumas empresas que se preocupam com sua pegada e outras não. Ou seja, o nível de maturidade é diferente. Mas a tendência é de aumentar cada vez mais. A demanda vem da necessidade e cobrança da sociedade e com o aumento da demanda há melhoria de preços”, descreveu o executivo.