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A Scatec, Equinor, Hydro Rein e Alunorte inauguraram nesta terça-feira, 09 de abril, a usina solar Mendubim, de 531 MW, em Assu, no Rio Grande do Norte. Com investimento de cerca de R$ 2,1 bilhões, o projeto abrange uma área de 1,2 mil hectares.
O empreendimento é composto por um complexo de 13 usinas em uma área operacional de 900 hectares e mais 300 hectares de área de preservação ambiental. Sua construção teve início em julho de 2022 e, no auge da obra, havia mais de 1,6 mil trabalhadores em campo simultaneamente. De acordo com o CEO global da Scatec, Terje Pilskog, o Brasil é um mercado chave para a companhia e possui um imenso potencial para crescer em energia renovável.
A construção total compreende 974 mil módulos solares. Inclui, ainda, 2.560 inversores, além de transformadores elevadores de tensão e 83 eletrocentros distribuídos em 31 circuitos de média tensão. Estes foram conectados a uma subestação elevatória, composta por dois transformadores de potência de 280 MVA cada, onde a tensão de operação é elevada para 230 mil Volts, para fins de transmissão.
Os painéis solares são instalados em trackers, cujas estacas têm quase 3 metros – dos quais 1,60 metro é cravado abaixo do nível do solo. Complementam o complexo 54 quilômetros de estruturas de drenagem pelo terreno para escoar a água das chuvas, que chegam a ter uma média próxima dos 120 mm entre janeiro e maio.
O country manager da Scatec no Brasil, Aleksander Skaare, considera que o Brasil não apenas se posiciona bem enquanto produtor, mas, ainda, pela qualificação de sua mão de obra especializada no setor das energias renováveis. Segundo ele, o país tem imenso potencial de crescimento em energias renováveis e já lidera, de longe, esse setor na América Latina, e é um dos principais players internacionais desse mercado.
Vale destacar que o complexo de Mendubim se estende pelo perímetro de 38 quilômetros. As primeiras operações comerciais começaram em fevereiro deste ano, pelas Mendubins 11 e 9 e, sequencialmente, as demais foram sendo acionadas, até a última data de início da operação comercial, em março de 2024. O local está a 6 quilômetros da subestação de energia de Assu 3, que se conecta ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e a área tem uma inclinação máxima de 5%.
A composição acionária do projeto contava, inicialmente, com 3 sócios – Scatec, Hydro e Equinor, os quais teriam partes iguais no empreendimento. Mas, desde o início de o mês passado, a Alunorte adquiriu 10% do empreendimento e assumiu o compromisso de comprar 60% da energia produzida. A empresa firmou um termo de compra de energia (PPA) por vinte anos. A composição se divide agora em 30% para cada um dos sócios iniciais (Scatec, Equinor e Hydro Rein) e 10% para a Alunorte.
Participação das mulheres no projeto
Ao longo de sua construção, Mendubim selecionou e capacitou 240 mulheres sem formação profissional para atuarem na área de renováveis, sendo 120 treinadas para montagem dos painéis solares e 120 para atuação em outras qualificações diversas. A iniciativa foi promovida em parceria com o Instituto Tecnológico do Brasil (ITEC). Esse esforço se somou a outras iniciativas que permitiram à empresa atingir a participação de 30% de mulheres em atividades operacionais e de manutenção dos equipamentos. No Brasil, em todas as áreas, a participação das mulheres da Scatec é de 39% do quadro de funcionários.
Energia limpa e renovável
A produção de energia limpa e renovável ao longo dos próximos anos em Mendubim evitará que, aproximadamente, 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes deixem de ser emitidas na atmosfera. Além disso, várias outras medidas foram tomadas para minimizar o impacto do projeto ao meio ambiente.
Entre elas está a decisão da não remoção da camada mais superficial do solo nesse projeto, que é considerada uma inovação de engenharia nas usinas fotovoltaicas. Tradicionalmente, em projetos similares, são retirados 15 centímetros de cobertura do solo.
Da área construída, foram resgatados mais de 6,2 mil animais da fauna originária local. Um esforço de manejo – abrangendo uma equipe de mais de 40 pessoas – que os direcionou para reservas legais na mesma bacia hidrográfica onde se situa Mendubim. A grande maioria (95%) desses animais era composta por cobras, lagartos e tatus.
Vale ainda destacar que dois estudos de impacto ambiental e outros dois inventários florestais foram conduzidos para se chegar a um projeto de reposição florestal, visando a recuperação de áreas degradas. Isso resultou no plantio de 340 mil mudas diversas, compostas por espécies nativas do bioma caatinga, para garantir maior biodiversidade, proteção do solo, conservação da água e a redução da erosão na região.
Região em crescimento
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, esteve presente na inauguração da usina e destacou que o Brasil ocupa um lugar de destaque no ranking dos cinco países que têm o maior potencial de energia limpa. “É nesse contexto que o nordeste tem um protagonismo imenso, 90% da energia renovável produzida no Brasil vem dessa região. Para se ter uma ideia, traduzindo em números, dos 937 parques eólicos existentes no Brasil, 837 estão no nordeste e desses cerca de 290 estão no Rio Grande do Norte”, destacou.
Ela ainda destacou o protagonismo da região no campo da energia solar. “Se o nordeste e o Rio Grande do Norte avançaram muito na matriz de energia eólica, igualmente, essas regiões avançaram muito durante esses últimos três anos na produção da energia solar”, finalizou.
*A repórter viajou a convite das empresas