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A indústria eólica teve seu melhor ano em termos de capacidade instalada em 2023, chegando a 117 GW, aponta o último relatório do GWEC. O resultado é 50% maior em relação ao ano anterior e com participação de 54 países por todos os continentes. Assim, a previsão de expansão da fonte pela entidade foi revisada até 2030, subindo 10% em relação a anterior para 1.210 GW. Entre os fatores são citados o estabelecimento de políticas industriais nacionais nas principais economias, além do impulso offshore e evoluções entre os mercados emergentes e nações em desenvolvimento.

A América Latina também registrou sua melhor marca no ano que passou, subindo 21% liderada pelas novas instalações de 4,8 GW no Brasil, atrás apenas de China e Estados Unidos nesse quesito, e que teve seu recorde pelo terceiro ano consecutivo. São mais de mil parques entre 11 mil turbinas em operação e superando 31 GW. A matriz elétrica nacional chegou a 84% de origem renovável, e o país permanece na sexta colocação no ranking mundial de capacidade da tecnologia onshore.

A análise é de que os aerogeradores foram reconhecidos pelo governo como vetor para a nova economia energética, endossado por ministérios importantes e com as entidades do setor trabalhando no fortalecimento da cadeia produtiva nacional, que nos últimos três anos vem mostrando sinais de enfraquecimento. O alento é de que ao longo de 2023, variáveis ​​macroeconômicas, como inflação, criação de empregos e PIB projeção, começaram a melhorar.

O documento ainda destaca que o ano de 2023 foi crucial para o segmento renovável por aqui, caracterizado pela retomada das atividades pós-pandemia, um novo governo federal e a aceleração do planejamento para as unidades offshore. No entanto, também apresentou obstáculos significativos, incluindo um grande apagão em agosto e dificuldades na restauração do fornecimento de energia em São Paulo. Estes eventos ressaltaram a necessidade urgente do setor elétrico brasileiro melhorar aspectos do seu sistema, como confiabilidade e flexibilidade. O assunto foi destrinchado em uma Reportagem Especial recente.

Análise global

Frente ao resultado global, a publicação pondera por um lado o panorama político e macroeconômico turbulento para o setor, ainda que acredite em uma nova era de crescimento acelerado impulsionada por uma maior ambição política manifestada COP28. A meta é triplicar as energias renováveis ​​até 2030, devendo adicionar pelo menos mais de 203 GW no período.

Com 230 turbinas entre mais de 1 GW, complexo Lagoa dos Ventos no Piauí é considerado o maior parque eólico brasileiro (EGP)

O levantamento indica a necessidade de uma cooperação global como rota a esse objetivo, apelando aos decisores políticos, investidores e às comunidades para que trabalhem em conjunto nas principais áreas de investimento, cadeias de abastecimento, infraestruturas de sistemas e consenso público. Um dos pontos abordados é que o crescimento do segmento está altamente concentrado em grandes países como a China, EUA, Brasil, Alemanha e Índia, sendo preciso um volume maior de nações atuem de forma mais relevante.

Entre os desafios, além da instabilidade geopolítica, são ressaltados estrangulamentos de planeamento, filas na rede de conexão dos projetos e leilões mal concebidos. A ideia é que resolvendo a maioria desses gargalos, os pipelines e entregas possam ser intensificados, ao invés da reversão para medidas comerciais restritivas e formas hostis de concorrência.