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O mercado de crédito de carbono pode movimentar de US$ 14 bilhões a US$ 20 bilhões ao ano somente no Brasil. Para diferentes cenários de transição energética no país, as estimativa de investimentos anuais estão em R$ 2 bilhões a R$ 4,5 bilhões por ano até 2050. No foco está a descarbonização do mercado de óleo e gás. Esses são alguns dos dados que constam de um caderno que a Empresa de Pesquisa Energética lançou, “Captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS) no Brasil: Contribuições para a seleção de áreas de interesse”

A EPE realizou um trabalho para o mapeamento do potencial qualitativo de cada área do território nacional para desenvolvimento dos projetos de armazenamento geológico do Brasil. Essa atividade ocorreu em 2023 a partir do conjunto de informações disponíveis, relacionadas aos principais pilares da atividade.

Dentre as alternativas tecnológicas que mais têm atraído atenção, com potencial para contribuir para a adaptação necessária do setor de O&G na era de baixo carbono, está o armazenamento geológico de carbono – seja pelas técnicas de CCS (Carbon Capture and Storage) ou CCU (Carbon Capture and Utilisation).

A EPE destaca que o Brasil já larga com vantagem no processo diante da renovabilidade da matriz energética nacional. “A indústria de hidrocarbonetos brasileira apresenta uma vantagem competitiva por ter uma taxa de emissão de 16,9 kg CO2 /boe, abaixo da média mundial (20 kg CO2/boe)”, aponta.

E que por essa matriz mais verde há a possibilidade de acoplamento com atividades de produção de hidrogênio de baixo carbono e bioenergia, promovendo o alcance das emissões negativas. Ou seja, mitigar mais do que emite em termos de gases de efeito estufa.

Dentre as possibilidades mais estudadas de sítios para armazenamento subterrâneo de CO2 estão reservatórios de óleo e gás, de campos ativos ou já encerrados. Há ainda os reservatórios salinos (contendo água não-potável, em que a salinidade pode variar de ligeiramente salobra a valores muito superiores à salinidade média da água do mar, bem como reservatórios de interesse do segmento de oleo e gás.

Em termos de regiões, usando os dados disponíveis, a EPE apontou que há reservatórios de arenitos, de carbonatos, em rochas ígneas associados aos locais de exploração de hidrocarbonetos em diversas regiões do país, como as Bacias de Campos, Santos, no Recôncavo, Sergipe e Alagoas. E ainda, cita que as bacias do Parnaíba e Paraná podem ter sua relevância ainda mais aumentada a partir das respostas dos estudos sobre mineralização do CO2 em rochas vulcânicas básicas. A empresa diz que o mapeamento mostra que é promissor o potencial brasileiro para desenvolvimento de projetos de armazenamento geológico de CO2.

A partir dos critérios selecionados, e do conjunto de dados disponíveis, as regiões sudeste e nordeste destacam-se pelas maiores relevâncias para o estruturação dos primeiros projetos. Em comum, ambas as regiões possuem bacias com múltiplas camadas de reservatórios geológicos potencialmente favoráveis ao armazenamento e uma maior robustez no quadro de dados de Geologia e Geofísica disponíveis.

E destaca a concentração de infraestruturas, instaladas e planejadas, a presença de Estados com as maiores emissões dos setores de energia e processos industriais, e, consequentemente, a ocorrência de um mercado interessado por créditos de carbono – em que os setores de aço, petroquímico e papel e celulose, as usinas termelétricas e de etanol são os maiores interessados.

O documento, diz a EPE, “representa não apenas um marco na trajetória brasileira de transição energética, mas também um convite à reflexão sobre as oportunidades e desafios que permeiam o desenvolvimento da captura e armazenamento de carbono. Diante da urgência em reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas, explorar novas abordagens e tecnologias se torna essencial.”