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As distribuidoras de energia elétrica de todo o país iniciaram uma campanha para ajudar na mitigação dos impactos provocados pelas enchentes que atingem o Rio Grande do Sul desde o final de abril. As empresas enviaram mais de 160 profissionais e equipamentos como geradores para reforçar a estrutura da Rio Grande Energia, do grupo CPFL, e da CEEE Equatorial.
As equipes estão divididas entre engenheiros, técnicos de segurança e eletricistas, enviados pela Celesc, Enel e CPFL Piratininga e Paulista. Adicionalmente aos colaboradores de outros estados, a RGE segue mobilizada com quase 6 mil empregados, incluindo eletricistas, técnicos, engenheiros, TI e todas as áreas de suporte.
“É a primeira vez que estamos compartilhando pessoal e equipamentos de outras concessionárias, a exemplo do que já ocorre em tragédias nos EUA, país que convive com tornados e terremotos”, comentou o presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.
Além dos profissionais que já estão atuando no estado, mais equipes de outras regiões seguem mobilizadas, aguardando a recuperação de estradas e acessos, além da redução do nível da água, situação que ainda inviabiliza o trabalho em várias regiões. É o caso da Light e da Copel, que aguardam a sinalização das concessionárias locais para enviar equipes e equipamentos.
Desde o último dia 3, um helicóptero cedido pela Cemig vem ajudando nos trabalhos emergências. Foram quase 40 horas de voos e apoio no resgate de moradores, além de inspecionar cerca de 200 km de rede elétrica atingida. A companhia mineira também cedeu cinco geradores com capacidade de alimentar 2.500 residências de médio porte e cinco veículos Off Road.
Mais de 233,7 mil pontos ainda estão sem energia no estado desde o começo de maio, a maioria por questões de segurança (Aneel)
Já a Enel afirmou que irá enviar profissionais especializados em redes subterrâneas para auxiliar no diagnóstico e correção de defeitos em equipamentos afetados pelas enchentes, além de veículos equipados para recuperação da infraestrutura de distribuição subterrânea. A empresa disponibilizou ainda um gerador móvel e uma subestação móvel, além de cinco engenheiros e uma técnica de segurança trabalhando no estado.
No caso da Celesc, um grupo de 60 profissionais, entre os quais 50 eletricistas, saiu de Lages (SC) para auxiliar na recomposição do sistema elétrico gaúcho. A equipe, que segue em dez caminhões, irá se integrar aos colaboradores da RGE que vêm atuando no Vale do Taquari, uma das áreas mais afetadas. Já em Encantado está sendo implantada uma base operacional com almoxarifado e equipes técnicas para o suporte do funcionamento de construções pesadas. O trabalho envolve o monitoramento das condições das estradas, pontes, alagamentos e deslizamento, visando estabelecer rotas seguras para deslocamento.
Por sua vez a capital Porto Alegre recebeu duas subestações móveis do Grupo Equatorial, uma de Tapes (RS) e outra de Goiânia (GO), com a finalidade de ser uma alternativa caso ocorram impactos na energia em algumas localidades durante o retorno à operação das subestações que foram alagadas. Também chegaram dois geradores de grande porte de média tensão no último domingo, complementados por outros cinco geradores de 500 KVA, cedidos pela Cemig, com capacidade para abastecer 2.500 residências.
Doações
Além do compartilhamento inédito de equipes e equipamentos, as concessionárias doaram R$ 2 milhões para ajudar as vítimas das enchentes. O recurso será destinado para compra de água e outros produtos de primeira necessidade para os desabrigados, que, segundo a Defesa Civil do Estado, já chegam a 615 mil pessoas.
A CEEE Equatorial também já havia anunciado a doação de R$ 1,1 milhão para a aquisição de colchões e travesseiros, além de lençóis e cobertores, que já começaram a ser enviados aos abrigos. A CPFL, em parceria com seu acionista majoritário State Grid, doou R$ 3 milhões em produtos para a população atingida. Já Copel entregou colchões, alimentos, água, kits de limpeza e itens de higiene pessoal, enquanto a Enel adquiriu kits de higiene.
Mais resiliência
A Abradee ainda afirmou que está estruturando ações para aumentar a resiliência da rede de distribuição frente aos eventos climáticos. As medidas estão sendo delineadas junto às concessionárias e irão focar na troca de experiências com empresas de outros países que também enfrentam situações climáticas críticas e em investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para aprimorar as melhores práticas do segmento.
“As distribuidoras têm ampla experiência em agir sob eventos climáticos severos, mas com a crise climática, consideramos essencial buscar mais conhecimento e inovações, incluindo a troca de experiências”, conclui Marcos Madureira.
Ao todo permanecem fora de operação no RS 21 linhas de transmissão, oito transformadores e quatro usinas. Entre os ativos afetados e que retornaram na última semana estão dez linhas e seis transformadores. A barragem Salto, da hidrelétrica Bugres, localizada em São Francisco de Paula, é a única em estágio de emergência. Outras três estão em nível de alerta e outras duas em atenção.
Na distribuição são mais de 233,7 mil pontos sem energia elétrica, segundo boletim da Aneel no final da tarde dessa segunda-feira (20). Cerca de 370 mil unidades consumidoras tiveram a energia restabelecida desde o início das inundações, segundo cálculos do Ministério de Minas e Energia. Por questões de segurança, ainda há 169 mil clientes sem luz, sendo 52 mil clientes na capital visto o restabelecimento está condicionado à redução do nível da água e à reconstrução de pontes e outros tipos de acesso.