Mão de obra de licenciamento é um dos gargalos na transmissão, diz Abrate

A expansão do segmento de transmissão tem suscitado preocupações diante do alto número de projetos em execução no Brasil e as perspectivas dos novos empreendimentos que virão a mercado nos próximos anos. Tanto é assim que um curso para a formação de mão de obra foi iniciado na Região Norte do país para preparar eletricistas que serão capacitados para atuarem nos canteiros de obras.

De acordo com Geraldo Pontelo, diretor técnico da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, há algumas preocupações da entidade no que se refere à disponibilidade de mão de obra. A primeira turma começou com 40 alunos. “Precisamos de mil a 2 mil profissionais para o curto prazo”, afirmou ele durante seminário promovido pelo Lide nesta terça-feira, 21 de maio.

Outras duas questões ainda são alvo de atenção da entidade, a questão do licenciamento e as mudanças climáticas. Essa preocupação já havia sido externada pelo presidente da entidade em Reportagem Especial publicada pela Agência CanalEnergia em abril de 2023, antes dos grandes leilões de transmissão realizados no ano passado pelo governo. Além de mão de obra e licenciamento, constam da lista de pontos o financiamento de epecistas.

“O licenciamento é um grande desafio, pois o Ibama conta com poucas pessoas para analisar os processos já licitados, essa é uma questão urgente”, destacou ele. Tanto é assim, que o próprio presidente da entidade esteve na Casa Civil para apresentar as preocupações da entidade que congrega empresas que são responsáveis por 95% de toda a transmissão do país.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica apontam que há atualmente 84 projetos em construção no país. Além disso, lembrou a Superintendente de Concessões, Emissões e Autorizações dos Serviços de Energia Elétrica, Ludimila Silva, há mais um leilão com cinco lotes em setembro e mais dois outros certames planejados em 2025. Para ter uma base de comparação, desde 2016 a 2024 foram realizados 13 leilões com 160 lotes ofertados. Ou seja, mais da metade desse conjunto foi colocado ao mercado em pouco tempo.

E a previsão de expansão aponta para uma curva de crescimento. As projeções mostram um aumento  de 179 mil km de linhas no país, em 2022, para de 216 mil km em 2027.

Em sua avaliação, os desafios dos próximos anos está no volume de projetos licitados. Por isso, destaca que o P&D da Abrate, que envolve o curso de formação de profissionais, é importante para evitar que os gargalos vistos atualmente impactem a operação e na implantação dos projetos que estão no escopo do setor nos anos que seguem.