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O dia 19 de outubro promete ser um marco para a Solatio no Brasil. É para esta data que está marcado o início das obras do projeto que a empresa aponta ser a sua virada de chave no país com o empreendimento que visa produzir hidrogênio verde pro meio da geração solar. Os números são superlativos, estão previstos nessa primeira fase 3 GW em eletrolisadores, atendidos por um parque com potência instalada de 4 GW e investimento inicial de R$ 80 bilhões, cujo cronograma é iniciar a operação em janeiro de 2028.
Pedro Vaquer, CEO da Solatio no Brasil, afirma que a meta da empresa é firme e que se houvesse mais capacidade existente no estado a empresa conseguiria avançar ainda mais, pois o projeto total para um período de 10 anos é alcançar 11,4 GW. “Fizemos um estudo que apontou a capacidade de viabilizar uma carga de 3 GW nesse momento com o que existe de espaço no grid do Piauí. A ideia inicial era de implementar uma fase de 1,9 GW. Esse volume considera apenas a disponibilidade atual, é o maior volume de carga em um único ponto em todo o país, são quatro vezes mais que a demanda de todo o estado”, afirmou ele.
A empresa ainda não possui contratos para a venda do produto. Esse momento deverá ser concretizado apenas a partir do final do ano que é a previsão da Solatio para assinar os acordos de compra de equipamentos para a planta. Vaquer diz que ainda não tem uma clareza quanto aos fornecedores de eletrolisadores porque não há no mundo, unidade de produção com essa capacidade. A expectativa é de que haja um mix de fornecedores. No momento, a empresa está em fase de licenciamento do projeto e na fila para a autorização de acesso à rede com o ONS que é previsto para outubro.
“No momento não estamos procurando consumidores. Temos um fundo soberano de um país do Oriente Médio, que é nosso sócio e que não exige a venda do produto para que possamos tocar o projeto. Não precisa de contratos para que o empreendimento caminhe”, apontou o executivo, que preferiu não revelar por enquanto o nome desse fundo, que é sócio na Solatio Global, a joint venture com 50% para cada empresa, criada para o aporte nessa empreitada. “O fundo é de R$ 230 bilhões, ou 42 bilhões de euros para a implementação de todo o projeto de 11,4 GW”, esclareceu.
Vaquer detalhou que o modelo de negócio que a empresa está levantando no estado do Piauí pode atender a qualquer estratégia. Uma delas seria a de vender o hidrogênio na forma de amônia para a Europa. A outra seria a de fornecer o produto como matéria prima para outros produtos de maior valor agregado. Essa segunda visão, inclusive, foi destacada pelo governador do estado, Rafael Fonteles (PT) como o caminho que o governo pretende desenvolver, atraindo uma cadeia industrial mais ampla para a região conhecida como ZPE que já está criada na região do Parnaíba.
O executivo aponta que o investimento de R$ 80 bilhões, ou 15 bilhões de euros, está previsto para a implantação do eletrolisador de 3 GW e mais a planta solar de 4 GW de potência a ser construída. Todo esse projeto deverá ocupar uma área de 200 hectares e de 6 mil hectares, respectivamente. Ambos estão em uma área de 30 km de distância do delta do Parnaíba. Essa primeira fase deverá ser responsável pela produção de 400 mil toneladas de hidrogênio verde ou de 2,2 milhões de toneladas de amônia.
Se não tiver indústria consumidora quando a produção começar a solução é a de exportar. Contudo, Vaquer está otimista. Diz que tem viajado a diversos países na Europa, Oceania, Ásia e Américas. Em todos os locais relata encontrar uma grande receptividade ao projeto com empresas interessadas em se instalada na região para consumir o H2 na produção de outros bens de maior valor. “Por enquanto são conversas, eu se fosse do lado de lá entenderia esse posicionamento que deixará de ser assim quando tivermos os contratos de compra de equipamentos, que prevejo ocorrer em dezembro”, apontou Vaquer.
O custo da molécula deverá ficar mais clara também nesse momento em que tiver o capex definido para a produção do H2. Apesar disso, afirma que o valor da produção será competitivo sim em termos globais.
Sobre a concorrência, ele não se preocupa. Diz que não há espaço para que outras empresas possam entrar na região porque não há espaço na rede elétrica para isso. A questão da certificação também está nesse mesmo grupo de não tirar o sono do executivo porque a Solatio está em conversas com a CCEE que entende e está por dentro do projeto. Além disso, a Tradener fará um papel de trade para garantir o Swap da eletricidade consumida a fim de assegurar contratualmente os 100% de renovabilidade do insumo. A ausência de um marco legal nesse momento também é colocada nessa mesma classificação da concorrência e da certificação. “Independente de regulação o projeto está em andamento”, definiu.
Contudo, ainda há uma possibilidade que ele vê como desafio, a mão de obra para tocar uma obra dessa dimensão. Atualmente a Solatio trabalha com epecistas para os empreendimentos que estão em sua carteira. Mas, como este é de uma dimensão muito mais elevada o treinamento e a capacitação de pessoal no país se faz necessário. A companhia tem 80 MWp de projetos em operação sob seu controle. Há outros 200 MWp em geração distribuída e mais 9 GW com pareceres em geração centralizada no estado de Minas Gerais.
No passado de desenvolvedora soma 6,4 GW em empreendimentos em operação comercial. Para esse projeto Vaquer é taxativo, “Entramos nesse projeto e nosso compromisso é de manter em nosso portfólio para a produção de hidrogênio”, finalizou ele em entrevista durante o Citer, realizado nesta semana em Teresina (PI).
*O repórter viajou a convite da organização do evento