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Na era da informação, os Data Centers e o avanço da Inteligência Artificial podem ser importantes vetores para aumento na demanda por energia elétrica em todo mundo e com boas oportunidades para o Brasil aliviar a enxurrada dos projetos de geração. Essa foi a tônica de um dos painéis da tarde da última quinta-feira, 20 de junho, do Enase 2024.
A CEO fundadora da Clean Energy Latin America, Camila Ramos, disse que a consultoria tem trabalhado com alguns centros de processamentos de dados nos últimos anos, estudando e ouvindo a demanda dos players. “Ficou claro para empresas como Amazon, Microsoft, que as metas para o Net Zero não estão tão próximas como imaginavam, pois irá aumentar a demanda por energia”.
Segundo a executiva, atualmente a grande busca para esse segmento é voltada aos usos de streaming e outros que tem de estar próximo ao consumidor. Mas com a I.A chegando com força, vide Chat GPT e outras aplicações, nem todos os usos precisam estar próximos da utilização, o que abre uma janela de oportunidade para o Brasil.
“Um data center nos Estados Unidos poderia estar fisicamente localizado aqui, com a energia vindo daqui, não só para atender ao mercado local”, exemplifica a executiva.
Um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) do início deste ano estimou que o consumo de energia em centros de processamento de dados no mundo, que foi de 460 TWh em 2022, pode chegar a 1.050 TWh em 2026 com o avanço da IA. Isso equivale ao dobro da energia que o Brasil consome em um ano, cerca de 500 TWh. O cenário mais provável, segundo a agência, é uma demanda de 800 TWh, pouco menos que duas vezes a anual da França.
O CEO da Siemens Financial Services, David Taff, destacou o crescimento de mais de 400% em menos de um ano da IA generativa, com os usuários do Chat GPT somando mais de 1,5 bilhões de visitas na página da aplicação em um mês, além de angariar cerca de 100 milhões de usuários em oito meses, o que a Netflix demorou mais de três anos para conseguir.
“O consumo de energia das bigtechs mostra que mesmo antes desse boom as empresas já vinham tendo crescimento expressivo na demanda por energia, 26% em média nos últimos anos. O trunfo é que os equipamentos agora podem ser deslocados”, avalia o executivo.
Painel também destacou custo alto de financiamento no Brasil pelo problema fiscal e estrutural há 30 anos (Agência CanalEnergia)
Ele destaca os Data Centers para aplicações Facebook e Google, por exemplo, que precisam de 99,999999 disponibilidade e que tipicamente consomem gás natural para ter um suprimento que não pode ter falhas de transmissão. No entanto, Taff deixa claro que a Siemens Financial Services só investe em áreas que sejam condizentes com seu planejamento, que não prevê mais investimentos em UTEs.
“Se conseguirmos usufruir de renováveis com baterias e usinas hídricas para garantir esse tipo de suprimento seria muito interessante”, sugere o CEO, ressaltando que a cadeia envolvendo esses ativos exigem uma complexidade com muitos softwares para análises de como operar. E que soluções de gêmeos digitais serão imprescindíveis para a análise de como fazer esses investimentos para os objetivos operacionais e de retorno e risco.
Baterias
A tecnologia de Digital Twin também foi importante para o dimensionamento de um sistema de armazenamento de 10 MWh no Porto de Mangaratiba, para a Vale reduzir a contratação de demanda quando tiver um pico de atividade na região, com um banco de baterias entrando para funcionar e o diesel ficando como backup. “Foram 100 mil simulações para entender os riscos e intervalo de risco que desse o retorno necessário”, contou o executivo, que ressaltou ainda que a conta da fonte solar com bateria supera a do gás natural.
Divergindo da fala do primeiro dia no Enase do presidente da Abraget, Xisto Vieira, a CEO da CELA, Camila Ramos, entende que as baterias fariam sentido nesse próximo certame de capacidade, vendo um momento semelhante pelo qual a fonte fotovoltaica passou em anos anteriores. Citou ainda que a redução nos custos dessa tecnologia, de 80% em dez anos, deve continuar. “Pode ser uma solução para diversas dores, reserva de capacidade, gestão de risco de portfólio, entre outros”, aponta.
Camila lembrou que a consultoria empreendeu modelagens para alguns clientes participarem do leilão, e que apesar de achar que a tecnologia não será incluída, vê como importante os players se preparando para o futuro. “As baterias não foram viabilizadas pois ainda não temos arcabouço regulatório definido, e não estou falando de incentivos ou subsídios e sim de remuneração dos serviços”, pontua, afirmando que o chamado empilhamento de receita que faz com que os projetos não sejam tão competitivos como poderiam.