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A Eletronuclear espera retomar as obras de Angra 3 no segundo semestre de 2025, para entrega da usina possivelmente no segundo semestre de 2030. A expectativa é do diretor-presidente da estatal, Raul Lycurgo Leite, considerando a previsão de aprovação do estudo do BNDES pelo Conselho Nacional de Política Energética agora em setembro.
Um versão desse estudo, que já estaria 99,99% pronto, segundo o executivo, foi entregue pelo banco à Empresa de Pesquisa Energética no último dia 11 de junho. A apresentação formal ao CNPE será feita após a avaliação da EPE.
Em conversa com jornalistas na semana passada, Lycurgo explicou que os números estão sendo minuciosamente apurados e calculados pelo BNDES, para propor a nova modelagem jurídica e financeira para a retomada da usina. Além dos cálculos em relação ao custo de conclusão ou de abandono da obra, o estudo vai definir, por exemplo, o pool de bancos que vai financiar a Eletronuclear. Nesse processo, entra a definição da tarifa de Angra 3.
O executivo participou de audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara sobre a importância da energia nuclear, onde afirmou que ter a tarifa aprovada no CNPE significa luz verde para apertar o pedal do acelerador e tracionar de maneira forte a retomada do empreendimento. A Licença de Instalação da usina foi emitida pelo Ibama em 2022.
A conclusão de Angra 3 ganhou um apoio de peso durante o evento da Câmara. O presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, defendeu a retomada da obra, comparando o caso brasileiro ao da central nuclear argentina de Matuxa, que passou por problemas legais e de orçamento semelhantes à usina brasileira, mas foi concluída, trazendo benefícios para outros elos da cadeia produtiva local. “Vocês tem um desafio importante com Angra. Angra tem que ser terminada,” disse Grossi.
Pelos cálculos do presidente da Eletronuclear, serão necessários mais três meses de licitação no primeiro semestre de 2025, com a assinatura, na sequência, do contrato com a nova empreiteira responsável pelas obras civis do empreendimento. A empresa rescindiu recentemente o contrato com o consórcio que foi contratado em fevereiro de 2022 para executar o plano de aceleração da linha crítica da usina, mas não performou.
“Nós temos contratos da década de 80, nós temos equipamentos que são conservados desde essa época, muito bem conservados, diga-se de passagem. A gente gasta mais de R$ 100 milhões por ano conservando todos esses 11.500 equipamentos”, disse Lycurgo aos deputados. Ele acrescentou que o foco da empresa é entregar Angra 3 o mais rápido possível, mas também estão nos planos novas centrais nucleares de grande porte, e o uso de Pequenos Reatores Modulares (SMR, na sigal em ingles) para substituição das térmicas á diesel nos sistemas isolados.
A estatal também se prepara para atuar como operador de centrais nucleares montadas por outras empresas. Lycurgo lembrou que a própria Petrobras anunciou recentemente a intenção de instalar pequenos reatores nas plataformas de petróleo para a geração de energia, o que abre uma grande oportunidade de prestação de serviço .
Compensação socioambiental
Horas depois de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmar que a retomada do repasse de compensações ambientais a municípios fluminenses só ocorrerá após o CNPE aprovar a retomada de Angra 3, o presidente da estatal informou que serão repassados R$ 264 milhões para Angra dos Reis, R$ 48 milhões para Parati e R$ 17 milhões para Rio Claro.
Os valores serão descontados dos aportes que já foram feitos pela empresa no passado. Já foram repassados recursos da ordem de R$ 30 milhões para Parati e Angra dos Reis, e mais R$ 7,5 milhões para Rio Claro. A Eletronuclear fechou um acordo com os prefeitos dos três municípios em setembro do ano passado para retomar os pagamentos, mas não tem recursos em caixa para honrar o compromisso.