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Apesar dos desafios energéticos sem precedentes, 68% dos líderes da indústria de petróleo e gás expressam otimismo quanto ao crescimento do setor no próximo ano. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da DNV, que ressalta a resiliência do setor que se equilibra entre as demandas imediatas com as responsabilidades ambientais de longo prazo.
A última pesquisa da consultoria, intitulada “O paradoxo do petróleo – como o setor de petróleo e gás está se transformando por meio da incerteza”, (na tradução livre do inglês) reuniu insights de quase 450 profissionais seniores de petróleo e gás para examinar as tendências em rápida evolução e as perspectivas de curto prazo para o setor.
A pesquisa destaca a confiança do setor após a crise de 2020. Essa indústria, aponta a DNV, está investindo pesadamente em fontes alternativas de energia, como eólica, solar, hidrogênio, captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e biocombustíveis. Esses aportes estão abrindo caminho para novos fluxos de receita, apesar de desafios como taxas de juros mais altas e interrupções na cadeia de suprimentos.
“A perspectiva positiva do setor é impulsionada pela recuperação e um foco renovado na segurança energética, em parte devido a eventos geopolíticos como o conflito na Ucrânia”, destaca o estudo.
No entanto, há preocupações significativas. Para 51% dos executivos o investimento global em nova capacidade de petróleo e gás é insuficiente, com predominância nos Estados Unidos, onde 70% demonstraram esse sentimento, em comparação com 40% na Europa.
O desempenho operacional continua sendo uma prioridade, com 62% das organizações planejando aumentar os investimentos em eficiência energética e 78% visando padronizar ferramentas e processos para cortar custos. Além disso, 82% dos entrevistados reconhecem a necessidade de novos modelos operacionais para atingir essas eficiências.
Assim, a lucratividade continua sendo um desafio devido à natureza de alto risco dos investimentos em petróleo e gás. Empresas como a Equinor, por exemplo, estão ajustando estratégias de capital para equilibrar a lucratividade com metas estratégicas, especialmente em setores de energia renovável.
Energia Limpa
A pesquisa classificou as principais barreiras que impedem as empresas de petróleo e gás de priorizar fontes de energia renováveis e mais limpas. O principal desafio, citado por 49% dos entrevistados, é o baixo retorno financeiro ou lucratividade associado a essas iniciativas. Além disso, 33% apontam para as restrições impostas por seus modelos de negócios e perfis de risco existentes, bem como políticas de energia ou emissões pouco claras.
O investimento de capital necessário é um obstáculo significativo para 30%, enquanto 26% destacam limitações em capacidades organizacionais, infraestrutura e tecnologia. Os custos operacionais são uma preocupação para 21%, seguidos pela cultura organizacional (19%) e a dificuldade em aumentar a receita (18%).
A pesquisa mostra que há paradoxo entre esse mercado e o futuro do setor que depende de sua capacidade de atender à demanda de consumidores e empresas e às metas de descarbonização.
Segundo a DNV, empresas como a CPC Corporation Taiwan e a TotalEnergies estão fazendo movimentos estratégicos para garantir a estabilidade e reduzir a intensidade dos gases de efeito estufa. E avalia que à medida que a indústria navega neste momento crucial, o ato de equilíbrio entre o alto consumo de petróleo e o avanço em direção a sistemas de energia profundamente descarbonizados continua a moldar seu foco estratégico. Aproveitando ferramentas digitais, novas estratégias de força de trabalho e maiores esforços de descarbonização, a indústria está pronta para uma transição estrutural.
“Este paradoxo de mudança e continuidade define o cenário energético atual. Embora haja um forte impulso em direção à energia de baixo carbono, o alto consumo mundial de produtos petrolíferos continua sendo um fator significativo. Além disso, há uma grande preocupação com a segurança do fornecimento de petróleo a longo prazo, ressaltando a necessidade da indústria de equilibrar as demandas imediatas de combustíveis fósseis com o imperativo de investir em soluções de energia sustentáveis. Navegar nessa dualidade complexa será crucial para a direção estratégica do setor de petróleo e gás nos próximos anos”, realça a consultoria.