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O governo do Rio de Janeiro adiou a assinatura do decreto que visa regulamentar a Política Estadual para o biogás e seus derivados. A definição estava prevista para acontecer nessa quarta-feira, 26 de junho, durante a abertura da terceira edição do Circuito Biogás nos Estados na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), numa correalização da Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar (Seenemar).

Segundo o secretário interino de Energia e Economia do Mar, Felipe Peixoto, estão sendo realizados os últimos ajustes no documento que traz o gás como principais combustíveis da transição energética no estado. Vale lembrar que na semana passada o governador Cláudio Castro assinou a proposta de um projeto de lei mais abrangente para a definição da política fluminense envolvendo os setores elétrico e energético.

“Precisamos avançar como outros estados estão avançando”, disse Peixoto em sua apresentação. Ele destacou que o Rio de Janeiro possui 86% da produção de petróleo no país, 76% de gás e segundo em biometano, com duas usinas perfazendo 1,3 milhão de m³ por dia. Quanto ao biogás, se for considerada a capacidade energética total, de 19 plantas, pode chegar a 2,3 milhões de m³/dia. E conforme levantamento da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), quatro novas usinas serão construídas nos próximos anos na região.

Secretário de Energia e Economia do Mar disse que últimos ajustes estão sendo feitos para a Política Estadual do Gás Natural Renovável (Dhavid Normando)

Já na parte de comercialização do biometano, o RJ lidera o ranking nacional. O setor de saneamento, com aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, é responsável por 73% da produção de biogás no estado, seguido do setor de proteína animal. E caso seja utilizado o potencial de produção do biocombustível, poderia suprir até 18% da demanda de diesel. Em relação ao gás natural, atenderia a 16% do consumo estadual. Por fim, 5% da utilização de eletricidade poderia ser fornecida pelas plantas de bioenergia do estado.

“Não é à toa que a EPE, ANP, BNDES e 90% das empresas de energia estão no estado, além dos institutos de pesquisa e universidades”, complementa o secretário, lembrando que na semana passada o evento Energy Summit saiu dos Estados Unidos para acontecer pela primeira vez na capital tropical do Brasil.

Corredores sustentáveis

Felipe Peixoto também destacou avanços no programa Corredores Sustentáveis, lançado em novembro do ano passado na Rodovia Presidente Dutra, que já conta com oito postos de combustíveis adaptados para abastecer veículos pesados com gás natural e biometano, reduzindo emissões e poluição sonora. Agora as próximas etapas contemplam os trechos até o Espírito Santo e depois Minas Gerais.

“Todos os empresários falam sobre o biometano como combustível para caminhões e veículos mas não vai ter biometano para atender a demanda gigantesca da indústria e do transporte, por isso temos o desafio enorme de desenvolver uma cadeia de desenvolvimento”, ressalta, afirmando outras formas de produção para além dos aterros, citando parcerias com as concessionárias de saneamento como uma oportunidade.

A diretora de Distribuição de Gás da Naturgy Brasil, Christiane Delart, disse durante o evento que é preciso gerar competitividade da molécula do biometano com o gás natural para complementaridade entre os dois recursos. E que o novo projeto de lei do estado aponta que as distribuidoras de gás terão que comprar até 10% da produção. “Acho que temos que trabalhar para aumentar esse potencial, que seria de 600 mil metros cúbicos, o que em pouco tempo vai ser considerado pouco”, indica.

Ela salientou o grande potencial do RJ para uso do gás no transporte pesado, ressaltando que de 1.700 postos no Brasil cerca de 700 estão no estado, e que a empresa está com R$ 400 milhões para serem alocados em infraestrutura de transporte. “Temos visto a procura de produtores já querendo entrar com projetos de biometano nos municípios, sendo que seis cidades do Rio poderiam ter capacidade para atender a todos os estados”, finaliza.