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O primeiro ano completo de operação foi 2020. Desde então o Santander vem crescendo e se consolidando como uma mesa de energia que consegue customizar diferentes produtos e operações estruturadas, sendo considerado um dos principais players do mercado livre brasileiro. Além disso e da tradicional carteira de financiamentos, as recentes aquisições da América Gestão e FIT Energia posicionam o banco também nos segmentos de consultoria e geração solar distribuída, com soluções que estão sendo expandidas para diferentes regiões.

Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, o Head da Mesa de Energia da Tesouraria do Santander, Rafael Thomaz, disse que o setor elétrico é um pilar cada vez mais forte dentro da instituição, representando atualmente cerca de 10% a 15% do portfólio do segmento de atacado em termos de receita, sem contar a parte de trading no ACL que chega a aproximadamente 10% dos resultados da Tesouraria do Banco, onde a mesa de comercialização está alocada.

“Estamos expandindo o suporte do ponto de vista de produtos para cada vez mais suportar o setor elétrico, que é tão importante para o desenvolvimento do país”, comenta o executivo, que chegou ao banco em meados de 2018 para comandar a criação do novo negócio. Para ele, as mudanças regulatórias dos últimos anos permitiram o conforto necessário para o Santander avançar e aumentar sua gama de produtos do ponto de vista de assessoria, financiamento e soluções em energia, especialmente de geração.

“Éramos uma mesa dentro da tesouraria, hoje somos muito mais do que isso, já é uma área de negócios dentro do banco cada vez mais representativa e por isso que seguem os investimentos”, lembra Thomaz, ressaltando a liderança por mais de dez anos consecutivos na assessoria financeira para projetos de geração de energia.

Santander mira liderança como comercializadora independente no ACL e em serviços de GD solar no Brasil (Shutterstock)

Maior comercializadora independente

Quanto ao mercado livre, o Head atualizou os dados e projeções desde a última conversa com a Agência CanalEnergia, para uma Reportagem Especial sobre o crescimento na atuação dos bancos no ambiente de livre contratação, focando na abertura varejista. Para 2024 a previsão do Santander é fechar o ano como a maior comercializadora independente de energia no país, chegando em torno de 4,5 GW médios, sem ativos de geração, por meio do aumento da carteira de clientes e produtos.

“Dentro desse mundo mais de atacado somos seguramente um dos principais players, seja do ponto de vista de liquidez de volume transacionado ou na estruturação de novos produtos no portfólio”, pontua Thomaz. Ele refere não só produtos do tipo “vanila”, mais tradicionais, com flexibilidades no contrato, mas também olhando outros mais sofisticados, como vender energia indexada a outras commodities, algo classificado como relativamente novo no mercado.

“Temos visto uma mudança de comportamento, de provocações desses clientes. Isso vale para gerador também, que o banco também enxerga como cliente”, indica, ponderando que os consumidores querem preço fixo por alguns anos subsequentes, e os outros agentes desejam fazer hedge da sua geração através de produtos, com PPAs prefixados e indexados à inflação, dólar, entre outros.

“Em ambos os casos temos visto que consumidores e geradores querem eventualmente capturar mais oportunidades, inclusive olhando um pouco da dinâmica do mercado fora do Brasil”, salienta. Em termos de evolução, o número de contrapartes passou de 300 para mais de 500 no Book do atacado nesse ano, expandindo ainda mais recentemente com o desafio do varejo, em focar mais nas necessidades dos clientes de maneira geral.

Trading no ACL chega a aproximadamente 10% dos resultados da Tesouraria do Banco. Rafael Thomaz, do Santander

Rafael Thomaz vê a dinâmica varejista completamente diferente, onde os consumidores desejam descontos na sua fatura de luz atual, sem se preocupar com PLD, se o preço do mercado spot vai subir ou não. O que ele concebe com certo receio, apesar da área de compliance do banco estar no momento muito mais familiarizada com o assunto. “Têm algumas empresas colocando asteriscos nos contratos e isso pode gerar algum tipo de problema para o consumidor lá na frente e ao mercado de maneira geral”, alerta.

Para além do Hedge hidrológico lançado em 2022, e que agora perdeu um pouco de atratividade devido à hidrologia mais favorável, mas que pode voltar à tona em 2025, o banco tem desenvolvido outros produtos como o Hedge de curva de preços, chamado também de modulação, olhando um pouco também do lado do gerador, além de um específico para ser lançado em breve sobre a questão dos encargos. “É como se fosse um hedge dos encargos, olhando também a carteira varejista, estudando há quase dois anos”, revela o executivo.

Aquisições e expansão internacional

Thomaz também informa que um dos objetivos do banco é expandir o negócio envolvendo a mesa de energia e clientes do atacado para outras regiões e países. Inclusive ele revelou que estão sendo fechados os primeiros contratos com clientes de energia na Espanha, país de origem do Santander. “Estamos olhando outras oportunidades, outras regiões, eventualmente expandindo dentro da própria América Gestão”, indica o executivo.

A consultoria adquirida no ano passado irá fazer toda gestão das mais de 2 mil unidades que o banco possui no Brasil, verticalizando o atendimento ao consumidor em diversas opções de negócio, como assessoria para clientes tanto atacadistas quanto unidades em baixa tensão, que eventualmente poderão ser atendidas pela FIT. Sobre novas aquisições envolvendo o setor elétrico no curto ou médio prazo, o executivo afirma que o banco já possui uma base suficiente e muito trabalho a fazer para a expansão almejada.

Meta do banco é atingir 500 mil consumidores finais em sua solução de assinatura de energia via arrendamento de fazendas solares (FIT Energia)

No caso a compra da FIT Energia, sinalizou o intuito de transformar a empresa no braço varejista de energia, centralizando as operações. Começa com a essência de geração distribuída compartilhada, com planos de assinatura solar para faturas acima de R$ 250 lançados no começo do ano, com economia que pode chegar a 15% da conta de luz de clientes de baixa tensão, mas cuja ideia é expandir também para o mercado livre em breve.

A solução, com processo de adesão 100% digital, se encontra de forma operacional em 28 distribuidoras de 20 estados brasileiros, muito embora em alguma delas a disponibilidade de energia já tenha se esgotado, ao menos até a entrada de novas usinas. A previsão é fechar o semestre com mais de 100 mil contrapartes, chegando a 500 mil até final de 2025. Ele destacou que ficou surpreso com a quantidade de empresas sérias que procuraram a FIT para fecharem contratos de arrendamento após o anúncio e a repercussão. E que o negócio tem crescido o número de clientes mês a mês apenas com a engrenagem inicial.

Ele refere uma aceitação “enorme” da solução de fidelização, com uma capacidade de distribuir a energia dos parques arrendados de uma maneira eventualmente diferenciada dentro dos outros players. “A gente sabe fazer varejo, tendo uma carteira enorme de clientes e de ser uma empresa que traz segurança para os investimentos, além de previsibilidade de receita e outros pontos”, aponta, classificando o produto como “tão bom” que acaba tendo uma desconfiança natural dos consumidores que estão aderindo ao serviço.

Mobilidade elétrica no radar

Questionado pela reportagem sobre a entrada da instituição financeira em outros segmentos do setor elétrico, o Head informou que tem estudado com mais detalhe a mobilidade elétrica, num projeto que está sendo delineado para investimentos em veículos elétricos, infraestrutura, entre outras iniciativas. “Estamos olhando outras oportunidades de posicionamento para além dos financiamentos, entendendo o papel do banco nesse ecossistema como um todo”, afirma Rafael Thomaz.

Ele cita também outras linhas de pesquisa e possíveis atuações futuras envolvendo a eletrificação de clientes e o advento do hidrogênio verde, inclusive utilizando o braço de ESG do banco, a Way Carbon. “Será que não podemos capitanear alguma coisa maior de tentar destravar uma infraestrutura? Ou facilitar a viabilização de frotas de carros elétricos, tido atualmente como principal gargalo ao segmento?”, conclui o executivo.