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Esperando ainda a definição do estudo do BNDES, que está “99,9% pronto”, a Eletronuclear nutre expectativa de que o documento seja analisado em breve pela Empresa de Pesquisa Energética e Ministério de Minas e Energia para submissão ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda em setembro. Assim, o cronograma prevê início das obras de Angra 3 no segundo semestre do ano que vem, com o término do projeto indo até 2031.
Em entrevista ao vivo à Agência CanalEnergia na tarde dessa segunda-feira, 15 de julho, o presidente da estatal controlada pela ENBPar, Raul Lycurgo, disse que a empresa está fornecendo informações mais atualizadas ao BNDES, trazendo toda questão de eficiência da companhia e da própria licitação em prol da modicidade tarifária considerando a nuclear como uma fonte térmica limpa e uma energia de base próxima do centro de carga.
“Ainda não conseguimos quantificar as tarifas, mas sabemos que vai ser algo benéfico ao consumidor”, comentou o executivo, referindo que o preço em outubro de 2018 apontava para uma tarifa de R$ 480/MWh, o que atualmente, corrigido pelos índices IPCA ou IGPM, daria algo entre R$ 660/MWh a R$ 765/MWh.
Entre os ganhos de eficiência que podem diminuir a rubrica estão a reforma tributária, com votação de alguns detalhes ainda no Congresso Nacional, e o alongamento do prazo do Renuclear Federal até 2028, basicamente centrado na isenção do imposto de importação de equipamentos que não possuem um similar nacional, o que pode favorecer em menos repasses ao consumidor final.
Da mesma forma é buscada uma versão estadual para o programa, o que foi submetido recentemente pela Secretaria de Energia e Economia do Mar do RJ para a Secretaria da Fazenda. “Estamos trabalhando para que a tarifa dê suporte econômico-financeiro ao projeto, mas que venha com todas essas capturas de eficiência e de novas questões, inclusive eficiência operacional, tributária, podem ser capturadas em prol do consumidor”, complementa.
No caso de Angra 3, foram investidos já em torno de R$ 12 bilhões entre 2009 até 2023, com Lycurgo estimando um custo total de R$ 14 bilhões em caso da não retomada da obra. Já para a conclusão, a estimativa é de um investimento de R$ 20 bilhões para 1,4 GW capacidade. Com uma eventual desistência do projeto, ele aponta que a Eletronuclear terá uma nova roupagem, mudando completamente e afetando inclusive o próprio INB e a Nuclep, empresas que podem não ter viabilidade econômica se a obra não andar.
Ainda sobre gastos, a companhia dispende R$ 100 milhões por ano apenas para preservação de mais de 11,5 mil equipamentos mecânicos e a tubulação da futura usina, incluindo o seguro para a obra civil. E mais R$ 110 milhões anuais para a diretoria focada na retomada do projeto. Soma-se a esse montante mais R$ 720 milhões por ano oriundos de despesas com os financiamentos realizados entre 2012 e 2014.
“Temos ainda em aberto em torno de R$ 6,3 bilhões de financiamentos para a obra”, informa o presidente, ponderando que os novos e necessários equipamentos complementares devem ser adquiridos após 2028, devido a atualização tecnológica.
Transição Energética, SMRs e hidrogênio verde
Entre outros pontos abordados na entrevista, Lycurgo falou sobre o protagonismo da fonte nuclear na transição energética mundial, citando o investimento de diversos países que desejam atingir o Net-Zero 2050, assim como a possibilidade futura da Eletronuclear ter projetos envolvendo pequenos reatores modulares e também hidrogênio renovável. Além desses assuntos, na Entrevista completa abaixo, o executivo também comenta e opina sobre a expectativa de um novo marco legal que aborde a questão de investimentos e atuação do capital privado no segmento.