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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a transição energética justa, “em especial a convicção no potencial da bioenergia,” como uma das causas que unem o Brasil e a Itália. A declaração foi dada durante encontro com o presidente italiano, Sergio Mattarella, quando Lula reforçou o interesse do governo brasileiro em atrair mais investimentos italianos para o Brasil, entre eles, empreendimentos no setor energético.

“Um setor em que a Itália já está bem posicionada é o de energia. Os parques eólicos e fotovoltaicos de empresas italianas e o interesse delas em hidrogênio verde mostram o potencial a ser explorado nessa área. Um exemplo é o investimento de mais de 2 bilhões de reais no Complexo Eólico Aroeira, na Bahia, feito pela Enel”, disse em pronunciamento.

Mattarela foi recebido pelo colega brasileiro nesta segunda-feira, 15 de julho, ocasião em que os dois países firmaram acordos de cooperação em cerimônia no Palácio do Planalto. Brasil e Itália ocupam, respectivamente, as presidências do G20 e do G7, e, segundo Lula, “têm a oportunidade de liderar a busca por soluções para os problemas compartilhados.”

O presidente italiano, por sua vez, apontou diversas sinergias entre os dois paises, ao longo desse ano à frente dos dois grupos que reúnem as maiores economias do mundo. Ele citou as mudanças climáticas, a transição energética, a segurança alimentar e o compromisso de combater as desigualdades, todas elas temáticas para decidir o futuro das jovens gerações e daquelas que seguirão.

“Registramos com grande satisfação nossa comunhão nesses processos multilaterais de amplo destaque. Eu agradeci a ele a visita ao G7 [em Roma] e garanti a ele amplo sucesso na cúpula do G20.”

Na questão da transição, Lula disse que os paises vão “seguir trabalhando juntos na Aliança Global para os Biocombustíveis lançada no ano passado, na Índia, para disseminar o conhecimento e a tecnologia necessários para ampliar o uso dessa alternativa.”

Acordo Mercosul/UE

Lula reforçou ainda o interesse do Brasil em concluir, o quanto antes, um acordo equilibrado com a União Europeia, e repetiu que “o avanço das negociações depende de os europeus resolverem suas próprias contradições internas.”

“Medidas como a taxa de carbono imposta de forma unilateral pela União Europeia podem afetar cinco dos dez produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano. A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, disse.

Mattarella também afirmou que considera importante que os dois blocos econômicos cheguem rapidamente a um acordo “para benefício do mundo.”

Acordos bilaterais

Um dos acordos firmados entre integrantes da comitiva italiana e instituições publicas brasileiras foi a parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a empresa italiana Enel. O documento assinado pelo CEO global da Enel, Flavio Cattaneo, e o reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles, prevê o desenvolvimento de “iniciativas voltadas à promoção da transição energética e a antecipação de eventos climáticos extremos.”

Pela manhã, Cattaneo também participou de reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ele estava acompanhado de outros executivos, como Country Manager Brasil, Antônio Scala.

No Palácio, foram assinados ainda: memorandos de entendimento entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade de Turim, e entre a Universidade de São Paulo e a instituição de ensino Italiana; e entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Centro Internacional de Física Teórica. Além de acordo entre os dois governos sobre o reconhecimento recíproco em matéria de conversão de carteiras de habilitação.