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A Braskem é uma petroquímica com uma carga que está na faixa de 700 MW médios atualmente, mas a maior parte de sua matriz é térmica, 90% para ser mais específico. Há quatro anos começou uma jornada para descarbonizar suas operações. Esse caminho é formado por algumas estações com marcos específicos. Um deles é de reduzir em 15% o inventário anual de emissões que está na faixa de 10,8 milhões de toneladas de CO2 até 2030, ou seja, reduzir as emissões em 1,6 milhão de toneladas até o final da década. Já no longo prazo, a companhia tem planos para ser net zero em 2050 nesse mercado no qual leva petro no nome.
O processo de descarbonização das operações começou em 2020 com projetos que somam até o momento um volume evitado de emissões de cerca de 800 mil toneladas de CO2 em operação. Já há outras 343 mil toneladas em estágio de execução para ficarem prontos. Ou seja, a companhia precisa alcançar outras 500 mil toneladas de redução em outros projetos que estão em diferentes fases de desenvolvimento.
Segundo o diretor de Energia e de Descarbonização da Braskem, Gustavo Checcucci, a energia elétrica é uma das vias para alcançar esse objetivo, mas há outras. Ele explicou em entrevista à Agência CanalEnergia que 90% da matriz energética da companhia é térmica e apenas 10% é elétrica. Contudo, há ações que podem aumentar a presença da eletricidade, mas que mesmo assim esse alcance é limitado naturalmente.
“Somos muito mais térmicos do que elétricos, o desafio é fazer cada vez mais com combustível térmico renovável ou elétrico”, comentou ele. “Nossa estratégia passa por sermos mais renováveis e termos energia mais confiável e flexível. Temos pilares que nos ajudarão no processo de descarbonização onde a energia é apenas uma parte desse processo que é mais amplo”, continuou.
O diretor explicou que a estratégia que a Braskem adotou é regional e adaptável às especificidades da região onde as unidades estão localizadas. Na planta em Mauá, o projeto de descarbonização em curso envolve a troca de turbinas a gás por cinco motores elétricos de alta velocidade e adoção de cogeração. Essa última parte está em operação e o último dos equipamentos elétricos serão ligados no mês de agosto. O investimento nessa unidade é de R$ 600 milhões.
“Conseguimos uma economia de energia da ordem de 7% e o aumento da eficiência da planta que era de 18% para 90%”, comemorou. “Ainda usamos o combustível residual de nossas operações para a cogeração e conseguimos reduzir o consumo de gás na unidade, e consequentemente, a redução das emissões. Nesse projeto a redução de gases está em 100 mil toneladas de CO2”, destaca.
Outro projeto, em Alagoas, envolve deixar o combustível térmico fóssil para o renovável por meio de biomassa. Um contrato com a Veolia e valor de investimento de R$ 400 milhões prevê a plantação de 5.500 hectares de eucalipto no estado do Nordeste para atender a planta naquela região. O efeito calculado é de redução de 150 mil toneladas de CO2.
E o terceiro projeto vislumbrado é a compra de energia renovável, apontado pelo executivo como o mais simples adotado nesse processo de descarbonização. Atualmente a empresa tem em sua estratégia a aquisição de energia por meio de PPAs no mercado livre ou em joint ventures para a autoprodução projetos que somam 600 MW de potência instalada nas fontes eólica e solar.
“Ainda estamos avaliando oportunidades já que estamos em um cenário de sobreoferta de energia”, ressaltou Checcucci.”Optamos por comprar energia em diferentes players em regiões diferentes para mitigar o risco do sol e do vento”, complementou.
Ao total a previsão de investimentos nesse processo de descarbonização é estimada em cerca de R$ 4 bilhões. A maior parte feita por parceiros. A menor fatia, ou 20%, pela companhia. Mas houve também ações como gestão de pessoas que ajudaram a reduzir emissões com uma operação mais detalhada dos ativos e que não demandaram aportes expressivos. Ao total, a Braskem tem mapeado um total de 2,5 milhões de toneladas de CO2 que mostram uma possibilidade de serem aplicados em 86 projetos diferentes.
“Não vamos implementar tudo porque fez parte do mapeamento inicial que desenvolvemos em 2022 e contava com 3,4 milhões de toneladas”, explicou. “Mas desse total é que vamos tirar nossa meta de 1,6 milhão de toneladas, os 15% do nosso inventário de emissões até 2030. Não existe uma solução que seja a majoritária, temos a descarbonização por meio de eletrificação de ativos, mas estudamos também a aplicação do hidrogênio e baterias e ao final se precisarmos ainda há a captura e uso ou a captura e armazenamento de carbono”, apontou.
Net Zero 2050
Checcucci diz que é possível ver um mercado petroquímico neutro em carbono em 2050, como é estabelecido pela meta adotada pela Braskem. Mas, para isso, o caminho é desafiador com todos os processos, não só na petroquímica global, que precisam ser repensados. Precisam chegar à mineração e à siderurgia também. No caso do mercado onde a empresa atua, o potencial de eletrificação é enorme, mas há a questão da tecnologia que hoje não está disponível que seria o forno da pirólise a eletricidade.
“Hoje não existe, mas talvez no final da década de 30 e início da seguinte seja alcançado. São equipamentos com 50 MW de potência. Se pegarmos nossa matriz hoje e convertêssemos nosso ativos, seria algo como 5 GW em carga”, comparou.
No setor do futuro, o hidrogênio pode ter um papel importante, mas seu custo ainda inviabiliza. É necessária a queda de preços de forma mais expressiva para a substituição. Para ele, é possível que a ‘petroquímica’ possa tirar o petro do nome e ficar apenas com o química. A matéria prima chamada de bio based (que pode ser o etanol, biogás ou outro de origem renovável) é fundamental para esse processo, que é amplo e pode ser implantado entre 2030 e 2050 para o atingimento da neutralidade, que pode ter o balanço completado pelo CCUS, na medida que até mesmo o gás natural pode continuar a ter seu papel no setor, bem como o mercado de carbono mandatório e em nível global.