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A demanda mundial por eletricidade está aumentando em sua taxa mais rápida em anos. Essa é a conclusão de um relatório que a Agência Internacional de Energia publicou nesta sexta-feira, 19 de julho. Segundo a entidade, esse comportamento é impulsionado pelo crescimento econômico robusto, ondas de calor intensas e crescente adoção de tecnologias a base de eletricidade, como veículos elétricos e bombas de calor.

A estimativa de consumo é de alta de cerca de 4% neste ano. Um índice que é 75% maior que o de 2023. Isso representaria a maior taxa de crescimento anual desde 2007, excluindo as recuperações excepcionais vistas na esteira da crise financeira global e da pandemia de Covid-19. A expectativa é de que o forte aumento no consumo global de eletricidade deve continuar em 2025, com novo crescimento de 4%.

Ao mesmo tempo, relata a AIE, as energias renováveis ​​continuam sua rápida ascensão, com a energia solar fotovoltaica a caminho de estabelecer novos recordes. A expansão neste e no próximo ano deverá elevar a participação das fontes no fornecimento global de eletricidade de 30% em 2023 para 35% em 2025.

“A quantidade de eletricidade gerada por energias renováveis ​​em todo o mundo em 2025 deve eclipsar a quantidade gerada pelo carvão pela primeira vez. Espera-se que a energia solar fotovoltaica sozinha atenda a cerca de metade do crescimento da demanda global de eletricidade em 2024 e 2025 — com a energia solar e eólica combinadas atendendo a até três quartos do crescimento”, revela o relatório que pode ser baixado em sua versão em inglês.

Apesar dos aumentos indicados, aponta a agência, é improvável que a geração global de energia a partir do carvão diminua este ano devido ao forte crescimento da demanda, especialmente na China e na Índia. Como resultado, a expectativa é de que as emissões de dióxido de carbono (CO2) do setor global de energia estabilizem, sendo um pequeno aumento em 2024 seguido por um declínio em 2025.

Renováveis devem ser responsáveis por mais energia gerada do que o carvão em 2024. 

No entanto, incertezas ​​permanecem. A AIE cita a produção de energia hidrelétrica chinesa que se recuperou no primeiro semestre de 2024 de sua baixa de 2023. Se essa tendência ascendente continuar no segundo semestre do ano, diz a entidade, ela poderá conter a geração de energia a carvão e resultar em um ligeiro declínio nas emissões globais do setor de energia já neste ano.

A AIE relata que algumas das principais economias do mundo estão registrando aumentos no consumo de eletricidade. A demanda na Índia deve aumentar em 8% este ano, impulsionada pela atividade econômica acelerada, combinada com fortes ondas de calor. A China também deve ver um crescimento significativo da demanda de mais de 6%, como resultado da atividade robusta nas indústrias de serviços e vários setores industriais, incluindo a fabricação de tecnologias de energia limpa.

Nos Estados Unidos o consumo deve se recuperar este ano em 3% em meio ao crescimento econômico estável, à crescente demanda por resfriamento e a um setor de data center em expansão. Em contraste, a União Europeia verá uma recuperação mais modesta na demanda por eletricidade, com crescimento previsto em 1,7%, após dois anos consecutivos de contração em meio aos impactos da crise energética.

E ainda ressalta que em muitas partes do mundo, o uso crescente de ar condicionado continuará sendo um impulsionador significativo da demanda por eletricidade. Várias regiões enfrentaram ondas de calor intensas no primeiro semestre de 2024, o que elevou a demanda e colocou os sistemas elétricos sob pressão, segundo o relatório.

Apesar de classificar esse movimento das renováveis como encorajador, a AIE destaca que esse aumento precisa acontecer em um ritmo muito mais rápido para atender às metas internacionais de energia e clima. Ao mesmo tempo, classifica ser crucial expandir e reforçar as redes para fornecer aos cidadãos um fornecimento de eletricidade seguro e confiável — e implementar padrões mais altos de eficiência energética para reduzir os impactos do aumento da demanda de resfriamento nos sistemas de energia.

O relatório destaca que com o surgimento da inteligência artificial (IA), a demanda de eletricidade dos data centers está atraindo cada vez mais atenção, ressaltando a necessidade de dados mais confiáveis ​​e melhores medidas de inventário. O ritmo de implantação, os usos diversos e crescentes da IA ​​e o potencial para melhorias na eficiência energética, são pontos de atenção.