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Com metas de descarbonização em um setor altamente intensivo em energia, a siderúrgica ArcelorMittal também tem atuado forte na eficiência energética das plantas. A unidade de Tubarão, no Espírito Santo, que produz aços planos, usa gases no seu processo de produção que são recuperados e transformados em energia. De acordo com Fabrício Assis, diretor de Produção de Gusa e Energia da unidade, a eficiência é o pilar central da política energética da companhia.

Segundo Assis, as altas temperaturas nas chamadas usinas integradas para transformação de matéria-prima demandam bastante energia. Os gases gerados têm poder calorífico e parte desse calor são recuperados, transformados em vapor e enviado para centrais termelétricas.

Tubarão tem uma produção de 7,5 milhões de toneladas por ano e a cada etapa do processo siderúrgico, a recuperação de energia cresce junto. Eram duas centrais de UTEs recuperando gases de processo e hoje são seis. “Tubarão hoje tem 500 MW de potência instalada. Para uma indústria, é um parque concentrado, é muito importante termos essa capacidade de ser autossuficiente e entregar a energia”, aponta.

O executivo conta que, além da recuperação do gás, há outras frentes de eficiência energética no grupo, como no consumo de energia, que é intenso nas plantas da ArcelorMittal. Programas usando a ciência de dados e inteligência artificial na otimização e ajuste de processos já foram implantados e propiciaram a economia de dezenas de milhões de reais não só em Tubarão, mas também nas unidades de Vega, em Santa Cararina, e de Barra Mansa e Resende, no Rio de Janeiro.

Fabricio Assis, da ArcelorMittal: eficiência energética como pilar da política energética

A terceira frente é a dos equipamentos. A ArcelorMittal já participou de editais patrocinados pela Agência Nacional de Energia Elétrica para iluminação mais eficiente que trouxe ganhos expressivos. Para Assis, a iniciativa da agência é importante e deveria ser ampliada. Segundo ele, o investimento em eficiência muitas vezes é preterido pelo que vai resultar em aumento de produção, daí a importância de ter um mecanismo que fomente a prática. “Quando há mais ferramentas, faz com que as empresas consigam explorar com mais facilidade o caminho da eficiência”, comenta.

A siderúrgica de Tubarão acabou virando, ao lado de unidades no Canadá e na Bélgica, uma referência mundial dentro do grupo, que atua em vários países. Segundo o diretor da ArcelorMittal, em outras siderúrgicas mais novas, como as de Pecém (CE), que também é de aços planos, é possível replicar as melhores práticas para eficiência de Tubarão.

“Em um ano em Pecém nós já ganhamos mais de 10% de eficiência só replicando com algumas diferenças o nosso modelo”, conta Assis. Pecém foi comprada no ano passado e tem o atrativo de estar localizada próxima a fontes renováveis, estando no local onde mais são feitos memorandos de entendimento em prol do hidrogênio. “Nossa planta de Pecém, em um futuro próximo vai ser uma grande referência em eficiência e energia limpa, aço com menos carbono”, avisa. A ArcelorMittal também tem um MoU com a EDP para o estudo de uma planta piloto de H2, que poderia ser usado no alto forno como um gás redutor.

Assis vê outros players da siderurgia seguindo a mesma linha da ArcelorMittal, investindo na eficiência dos processos, energia renováveis e aumentando a participação nos editais da Aneel. “Todas as empresas estão com esse olhar, indo para o futuro. Temos feito bons trabalhos estando à frente do tema. Mas eu vejo outras empresas se movimentando no mesmo sentido”, observa. A siderúrgica também lidera em reciclagem de sucata metálica e resíduos provenientes dos processos industriais.

A iniciativa X Carb, com aço produzido com redução ou neutralização de carbono, deu origem ao vergalhão ArcelorMittal 50 S XCarb, primeiro produto da ArcelorMittal Brasil fabricado com 100% de material metálico reciclado e 100% de energia renovável. O produto tem cerca de 60% da pegada de carbono de um vergalhão comum e é  destinado a construção civil, com destaque para infraestrutura. Somente este ano, já foram entregues  cerca de 3 mil toneladas do XCarb, mais de três vezes o total de 2023. Carros da nova geração da Stock Car Pro Series em 2025 terão o X Carb.

Para Assis, o país tem evoluído nas questões de descarbonização, mas ainda está atrás na regulação do tema na comparação com outros países. Mesmo sem uma valoração por parte dos clientes para os produtos neutros em carbono, a certificação do X Carb permite o avanço no tema. ‘Independente das regulações que o país tem avançado, temos colocado esse produto à disposição”, pontua.

A ArcelorMittal almeja liderar a descarbonização na siderurgia. O grupo foi o primeiro no setor ao lançar meta de ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões específicas até 2030. Hoje 61% da energia consumida vem de autoprodução e a meta é chegar a 100%. No ano passado, foi anunciada uma joint venture com a Casa dos Ventos para a construção de uma eólica de 554 MW na Bahia e projetos na fonte solar estão sendo preparados. A ArcelorMittal Brasil terá 55% de participação e a CDV os 45% restantes. o investimento será de cerca de R$4,2 bilhões e a estimativa é que atenda 38% da demanda de eletricidade da companhia no Brasil em 2030. “Em breve nós teremos 100% da nossa energia gerada por nós mesmos”, comemora.