Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

Depois de anunciar a aquisição de uma transmissora do Grupo Equatorial no Pará e de ter um caixa de até R$ 18 bilhões para novos investimentos no Brasil, o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) segue com apetite para novas oportunidades envolvendo o setor elétrico por aqui. E não só de ativos já iniciados, do tipo brownfield, mas também projetos do zero, como acontece já com a gestora em um parque eólico offshore em Taiwan ou na construção de um metrô em Montreal.

“Convivemos muito bem com o risco e temos toda tecnologia de como abordar projetos greenfield”, disse o diretor responsável pelo CDPQ Brasil, Eduardo Farhat, à Agência CanalEnergia. No caso específico da área de transmissão de energia, ele ressaltou que em algum momento a empresa irá participar dos próximos leilões com sucesso. E que iniciativas desse tipo precisam de um retorno interessante, um prêmio sobre os empreendimentos brownfield.

Farhat classifica a qualidade da transação como principal motor para os novos aportes, citando a necessidade de robustez dos diferentes quadros regulatórios dos segmentos que o fundo trabalha ou pode entrar. Não obstante, os dois mercados iniciais em termos de energia no Brasil foram de gás natural e transmissão, justamente por normas bem enquadradas, visão de longo prazo e ainda integração com outras frentes importantes como as termoelétricas e a viabilização de fontes renováveis através de novas LTs.

“Não somos um investidor que entra, para depois de alguns anos, vender a participação que comprou”, aponta o executivo, afirmando ser preferível pagar o preço justo para um ativo de qualidade do que fazer uma transação que envolva uma reestruturação ou algum tipo de turnaround. “Podemos investir, como fizemos com a Fibrasil, em fibra ótica, em saneamento, distribuição de energia, geração, transporte, mobilidade urbana, rodovias, entre outros”, sinaliza.

Capacidade financeira, profissionalismo de equipe e visão de longo prazo são principais trunfos do fundo canadense no Brasil (CDPQ)

O CDPQ investe globalmente em grandes mercados financeiros, private equity, renda fixa, infraestrutura e no mercado imobiliário. Por aqui, adquiriu 50% de participação na TAG junto à Engie Brasil, além de deter as sociedades Santa Maria Transmissora de Energia, Santa Lucia Transmissora de Energia: SLTE, LV II e a Intensa, em concessões para explorar linhas no Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Tocantins e Goiás. Também comprou 1.200 km de LTs da Terna entre o Brasil, Uruguai e Peru.

Sobre a entrada no mercado de gás brasileiro, que completa cinco anos, Farhat ressalta uma evolução “extremamente interessante” nesse período, saindo apenas da Petrobras para mais fornecedores. Atualmente um terço do insumo transportado na TAG vem de terceiros. “A rede da TAG é utilizada por agentes com gás disponível no Nordeste, mas que o consumo é no Sudeste, o que permite uma intercambialidade e dinâmica de mercado”, salienta.

Para o executivo, a quantidade do produto associado com pressão e os novos campos recentemente descobertos podem fazer com que o volume do insumo disponível no Brasil cresça de maneira significativa nos próximos dez a 15 anos. E que o momento é de criação de novos produtos, como fornecimento flexível ou soluções de armazenamento que trazem flexibilidade e opcionalidade ao consumidor.

Curtailment preocupa

Questionado sobre as negociações envolvendo a aquisição de duas hidrelétricas da EDP, o Head do CDPQ disse que a transação não evoluiu por diversas razões, sem querer especificá-las. Mas ressaltou que ativos de geração seguem no radar do fundo, que possui 1,8 GW em renováveis no México, sendo1 GW de eólica e 800 MW de solar, além de participação relevante na Invenergy, empresa global com parques na Europa e Ásia.

“É um setor que a gente gosta bastante, faz sentido para a nossa política de investimento e também com nossa estratégia de combate à mudança climática”, reforça. No caso do Brasil, foram analisadas diversas oportunidades, sendo mais uma questão da transação correta aparecer. E que mediante a conjuntura atual, a eventual aquisição deve ser renovável, talvez numa combinação de hídrica com solar ou eólica.

Por outro lado, Farhat vê como principal fator limitante e um desafio relativamente novo para o setor de geração brasileiro a questão do curtailment e a instabilidade de um novo sistema elétrico recheado de fontes intermitentes. No vídeo abaixo, ele explica sua visão sobre o assunto, endereçando ser necessária a resolução de um cenário em que se tem essa limitação da geração ao mesmo tempo em que uma térmica é despachada.

Novas tecnologias

Sobre mercados de energia futuros no Brasil, o executivo destaca que o CDPQ tem acompanhado o tema do hidrogênio de perto, tendo inclusive um investimento num fundo global específico com industriais, que acompanha a evolução tecnológica e a redução de custos de implementação. E que o fundo tem experiência em eólica offshore com posições na Europa e Ásia, além de monitorar também a economicidade de sistemas de armazenamento por meio de baterias.

“Todas essas alternativas acabam caindo dentro do nosso escopo. Algumas mais maduras, outras menos, dependendo do momento”, comenta, ponderando também que a companhia tende a fazer investimentos de uma certa monta, quando por vezes as tecnologias ainda incipientes exigem aportes menores até por razões de mitigação de risco.

Ademais, o dirigente destacou que o CDPQ segue imbuído em encontrar ativos com qualidade e vendedores de reputação ilibada no Brasil, olhando cerca de 100 transações todo ano para efetuar “duas ou quatro”, numa dinâmica muito particular e sem uma padronização das negociações, modelo que tem se mostrado virtuoso.

“Trazemos pra mesa capacidade financeira, profissionalismo de equipe e visão de longo prazo”, finaliza Farhat, sinalizando que novas aquisições podem acontecer ainda nesse ano no envolvendo o setor elétrico brasileiro.