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A Light se comprometeu a solucionar o problema de fornecimento na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. A empresa informou que as obras deverão começar em breve com a troca de alimentadores e novos cabos submarinos que já estão em processo de desembaraço aduaneiro. A região terá ainda 114 MW de potência instada com três alimentadores para atendimento à demanda que hoje é de 85 MW.

Os anúncios foram feitos pela empresa ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao prefeito Eduardo Paes, ambos do PSD, no último sábado, 27 de julho. Os valores dos aportes não foram revelados. A ideia é de a região que abriga o aeroporto internacional da cidade não sofra mais com a interrupção que vem sendo contínua.

O próprio prefeito do Rio comentou que a situação é absurda e tem simbolismo econômico para a cidade. Ele citou que no momento em que havia a chegada de autoridades mundiais para o G20 na cidade o Galeão estava com o ar condicionado desligado. “Isso mostra que a Light tem tratado a cidade com desleixo”, classificou Paes. “Fizemos diversas reuniões entre a prefeitura e a empresa e o que percebemos é que há um jogo de empurra e de enrolação por parte da Light”, vociferou o prefeito.

Ele considera o atual momento como bom para esse tipo de cobrança, lembrando do processo de renovação dos contratos. A Light é a segunda na fila de renovações com acordo que vence em 2026. E cobrou do ministério o endurecimento de ações contra a concessionária. “Se fosse um mau negócio não iriam pedir para renovar a concessão, então o que pedimos é cobrar e pressionar, queremos que endureçam com a Light”, cobrou Paes a Silveira durante o evento.

O ministro afirmou que a concessionária sinalizou novembro como o prazo factível para a região que vem passando por desligamentos seguidos, os mais recentes nas duas últimas semanas. Silveira atribuiu o problema ao que vem reiteradamente chamando de ‘contratos frouxos de distribuição’. “Nossa função agora é a de sermos reguladores e formadores de políticas públicas porque o setor é todo privado”, ressaltou o ministro, que aproveitou para divulgar os termos de decreto publicado para a renovação das concessões de distribuição.

Segundo o ministro, o prazo foi sinalizado pela concessionária. “Se não cumprirem o que prometeram, o futuro deles estará comprometido”, sentenciou.

Além de uma linha subaquática que levará energia do continente para a ilha será estabelecido um sistema de redundância que passará pelo viaduto do BRT que conecta a região ao resto da cidade. Até lá a Light deverá manter grupos geradores e equipes de manutenção prontas para atender ocorrências diversas.

Enquanto essas obras estão em andando, a Agência Nacional de Energia Elétrica abriu processo de fiscalização na Light para apurar as causas das frequentes interrupções de energia elétrica ocorridas. Fiscais da Agência estiveram nos dias 24 e 25 na área.

De acordo com a autarquia, “as diligências empreendidas pelos três fiscais em campo envolveram a verificação das condições de fornecimento de energia nos locais afetados, checagem da documentação fornecida pela empresa e as ações emergenciais para minimizar os transtornos aos consumidores”.

A inspeção foi iniciada na subestação Guanabara e em duas linhas de transmissão, onde se localizam defeitos nos cabos subterrâneos. O grupo ainda visitou o Centro de Operação da Light. Os dados apurados estão em fase de análise, dentro do processo de fiscalização. Além disso, destacou que em paralelo a essa fiscalização específica, acompanha as ações estruturantes que estão sendo realizadas pela Light para melhorar a qualidade do fornecimento na Ilha.

Light

A empresa se defende e diz que as ilhas do Governador e de Paquetá são abastecidas por uma rede de transmissão subaquática e subterrânea que passa por baixo da Baía de Guanabara e data dos anos 1970. Para a renovação completa deste sistema elétrico, assim como a ampliação da capacidade de distribuição de energia, as equipes da Light trabalham dia e noite desde agosto de 2023. Os investimentos neste projeto somam R$ 300 milhões e são os maiores em modernização já feitos nas últimas décadas na região.

Aponta que em outubro, quando a maior parte das obras estiver concluída, as ilhas terão uma nova rede de fornecimento de energia, com qualidade e capacidade comparável com as melhores do país. Antes disso, ainda em agosto, a primeira fase das intervenções estará concluída, e já será possível perceber maior estabilidade no sistema.

“A concessionária está empenhando todos os esforços para minimizar os impactos à população e garantir o pleno funcionamento de serviços essenciais, como unidades de saúde e segurança. Cerca de 330 profissionais técnicos estão trabalhando 24 horas, durante todos os dias da semana, fazendo varreduras para identificar situações residuais de interrupção de energia”, afirma em comunicado à Agência CanalEnergia.

A concessionária argumenta ainda que em alguns casos, a carga dimensionada nos geradores para um grupo de clientes não é suficiente devido ao alto número de ligações clandestinas que estão na rede. Segundo suas explicações, os circuitos que levam a energia dos geradores são compostos por clientes cadastrados e pessoas que usam de forma fraudulenta a luz distribuída pela Light. “Atualmente, o número de perdas na Ilha do Governador é de 36%, chegando a ultrapassar em 90% em algumas localidades, com prejuízo para grande parte dos clientes regulares”, defende.