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Os cortes de energia renovável no país resultam em perdas de cerca de R$ 700 milhões. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica). Esse valor ainda é uma estimativa feita com associados, o valor total segundo as empresas está sendo apurado com as geradoras. Segundo a entidade, o setor corre o risco de ver algumas empresas não suportarem essa pressão em seus balanços ao ponto de quebrarem.

A situação preocupa ainda mais agora que a chamada “safra dos ventos” está começando no país. Inclusive, este ano, a perspectiva de geração eólica é mais elevada por conta da melhoria dos recursos eólicos no país. Essa situação vem sendo apontada pela Climatempo no CanalEnergia Live, que encontra ressonância em recordes seguidos que o Operador Nacional do Sistema Elétrico tem registrado nas duas últimas semanas.

Segundo a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, esse valor é uma estimativa da associação e refere-se apenas à fonte dos ventos. “Se formos colocar as demais renováveis, esse pacote é muito maior”, analisou.

Para ter dados mais precisos, a entidade pediu para que os geradores façam as contas do impacto do corte de energia renovável, não apenas o chamado constrained off ou curtailment, que em sua avaliação são a mesma coisa. “As empresas, quando colocam esses valores no balanço veem que é insustentável e podem até quebrar. E isso não é apenas no Nordeste, está em todo o país, claro que agora na safra dos ventos aumenta a situação de mais geração do que o submercado demanda e o excedente é enviado ao Sudeste”, afirma a executiva.

O fato de que a demanda ainda está baixa no país é um dos causadores desse corte de geração pedida pelo Operador, mas um fator poderia mitigar o efeito que é usar a capacidade de transmissão que vem sendo minimizada desde 15 de agosto de 2023 com o desligamento daquele ano que alcançou quase 20 GW de carga e que levou a uma operação mais conservadora naquele momento, sendo relaxada um pouco posteriormente, mas ainda assim cerca de 2 GW menor do que naquele mês no periodo pré-evento.

“O gerador não tem gerência sobre a sua operação e isso está na lei. A obrigação é estar disponível e entregar a energia. Hoje o Operador não envia mais energia do NE para o Sudeste por segurança, hoje são 11,3 GW sendo que em agosto do ano passado, antes daquele evento, estava em 13,5 GW, agora não chega mais ao nível por segurança, aí vem e gera térmica no Sudeste”, explicou Élbia depois de sua participação no Lefosse Energy Day 2024. “Qual é a gerência sobre a operação que o gerador tem sobre sua operação? Se for questão de performance dele, ok, mas quando não gerou por questão de corte é isso que questionamos na Justiça, perdemos na primeira, mas vamos continuar e mostrar para o juiz que tem empresa quebrando, pois ela não possui essa gerência da operação”, destacou.

Um dos grandes problemas, destaca a representante da ABEEólica, é a demanda do país que ainda não apresenta crescimento. No longo prazo, contudo, a perspectiva é positiva quando olha para os volumes que serão demandados pela indústria do Hidrogênio, ainda mais depois da aprovação do marco regulatório para o setor. Além disso, cita o consumo de energia por data centers. Élbia lembra que o setor eólico passa por uma crise de falta de contratos por conta da demanda baixa que o país vem passando, mas que essa situação é de curto prazo.

Trazendo a realidade do Brasil, destacou a executiva em sua participação no primeiro painel do evento do Lefosse, já há projetos que tem o potencial de serem competitivos. E há contratos para a fonte eólica sendo assinados com o objetivo de fornecer energia para a produção da molécula de H2.

De forma geral, Élbia, que participa do Conselhão, diz que no longo prazo o país tem esse potencial de expansão da demanda por energia renovável e citou ainda a perspectiva da reindustrialização do país com base na economia de baixo carbono. Essa rota ajudaria a atrair indústrias no chamado conceito chamado de ‘power shoring’ onde empresas de consumo intensivo investem em plantas de produção no país em busca de energia limpa como os data centers. Para isso, diz, o Brasil precisa continuar a ‘lição de casa’ e aprovar leis como aconteceu com a 14.948/2024 e o marco regulatório das eólicas offshore.

Outro fator que o CEO da Evoltz, Ricardo Cyrino, destaca é a questão da expansão da transmissão no país, já que as energias renováveis não produzem 100% do tempo. Ele ressaltou em sua análise sobre esse processo que a interligação mais robusta será cada vez mais necessária para viabilizar o fornecimento aos consumidores de forma constante.

“O Brasil vai se dar muito bem porque tem os requisitos para liderar a transição e ser competitivo no longo prazo”, arrematou Élbia.