Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

Após viver o maior desastre de sua história, o Rio Grande do Sul busca sua reconstrução sob diversos aspectos. Em uma das frentes, o Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis (Sindienergia-RS) lançou um programa voltado para inovação e investimentos em fontes de geração de energia limpa. Segundo a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, a ideia é priorizar a segurança energética, alimentar e social, a geração de empregos, o fortalecimento da economia gaúcha e a preservação ambiental por meio da eletricidade de baixo carbono.

“Estamos construindo, junto ao governo estadual e federal, um caminho de inovação para o desenvolvimento sustentável, mostrando que é possível transformar todo esse desafio que estamos vivendo em uma oportunidade de reconstrução”, comentou a executiva em entrevista à Agência CanalEnergia.

Mesmo em um cenário de excesso na oferta de energia no país, Daniela lembra que o RS continua importando praticamente 30% do que necessita para consumo interno, e que serão precisos mais 3 GW para o estado atingir a autossuficiência em energia elétrica. Cerca de 2 GW já estão outorgados e com licenciamento ambiental avançado, a maioria de eólicas, seguido por pequenas centrais hidrelétricas e usinas a biomassa, com a solar crescendo em paralelo por meio da geração distribuída. Atualmente são 6 GW operacionais em terras gaúchas.

“Estamos trabalhando junto ao governo estadual para criação de demanda, com perspectiva de dois leilões, um A-2 e um A-5 para colocar projetos”, revela a dirigente, afirmando também que a administração do estado está fazendo um levantamento de seu consumo em prédios e empresas públicas para a contratação de energia gerada pelo próprio estado.

Nessa primeira etapa do Todas as Energias, o investimento previsto é de R$ 14 bilhões e a criação de 9 mil novos empregos. Isso pode gerar R$ 105 milhões em tributos, R$ 660 milhões em receitas anuais e evitará a emissão de 2,7 milhões de toneladas de CO2, segundo cálculos do sindicato.

Presidente do Sindienergia-RS apresentou programa Todas as Energias nessa segunda-feira (12) (Divulgação)

Daniela também reforçou a existência de uma malha de 3,8 GW para conexão de novos projetos, subindo para margem de 8 GW em obras que serão entregues até o ano que vem. Ela também atualizou a previsão para os aportes em geração e transmissão no estado em relação ao começo do ano, passando de R$ 26 bilhões para mais de R$ 30 bilhões até 2030.

“São investimentos diretos, sem contar os indiretos que vem dos benefícios de impostos, de arrecadação, mão de obra associada, entre outros”, complementa, afirmando que essa pauta será aprofundada em um comitê especializado em mercados.

Outro pleito que o Sindienergia-RS está avançando é junto ao Ministério de Minas e Energia para retomada do Lote 2 que foi retirado do próximo leilão de transmissão marcado para setembro. Foi uma sugestão da Empresa de Pesquisa Energética, que identificou, após as enchentes de maio, uma mancha de potencial alagamento que poderiam afetar algumas estruturas, representando algum risco para os investidores que participariam do certame.

“Vamos conversar também com o MME a inclusão de um novo lote, e de um terceiro em 2026”, informa Daniela. Sobre o lote retirado, ela ponderou que o entendimento do sindicato é de que os terrenos ali previstos poderiam ser compatibilizados com algumas mudanças de projeto e adequações, o que deve ser entregue pela EPE até dezembro.

Para além de algumas usinas hídricas, subestações alagadas e as interrupções no fornecimento de energia, os impactos na infraestrutura elétrica com a tragédia climática trouxeram ainda mais a preocupação com o tema segurança energética, o que deve acontecer por meio de novos barramentos, não só para geração de energia, mas para regularização de vazões e armazenamento hídrico.

Parque nearshore em Copenhague, na Dinamarca: Rio Grande do Sul vê licenciamento ambiental menos complexo em lagoas (Global Energy)

Desafio é financiamento

De acordo com a presidente do Sindienergia-RS, o principal desafio do estado para tornar os projetos operacionais é obter novas linhas de financiamento. A dificuldade é que os valores atuais não competem com o praticado por outros estados no Brasil, principalmente ao considerar o Fundo Constitucional do Nordeste e do Centro-Oeste, que tem taxas abaixo de 10% ao ano. Se for considerar os 12 últimos meses, a taxa no RS fica na casa dos 20%.

O sindicato procurou o governo federal no sentido de buscar uma alternativa de fundos constitucionais ou fundos setoriais. A ideia é a busca por um modelo de financiamento que consiga ficar na casa dos 10% até que o estado atinja a autossuficiência, o que deve acontecer em cinco anos.

“Não estamos pedindo nenhum tipo de recurso para o setor de energias renováveis. Pedimos uma linha de crédito compatível com outras já aplicadas no Brasil, principalmente para esse momento de reconstrução”, explica Daniela Cardeal, apontando que os recursos devem vir do fundo do pré-sal.

Plano de longo prazo inclui novas fronteiras da eólica e hidrogênio

Na segunda etapa do programa, que vai até 2040, o foco recairá no hidrogênio verde e as novas fronteiras das eólicas. Prevê-se um aumento de demanda para 30 GW em novos projetos de todas as fontes, representando R$ 210 bilhões em novos investimentos e 150 mil empregos.

“Vamos estar com uma indústria bem-organizada, mais competitiva frente a outras regiões do Brasil, com potencial bem desenhado e novos modais de distribuição de logística, com o uso de hidrovias e ferrovias”, prevê a executiva. Ela ressalta que o estado está há três anos assinando memorandos de entendimento para eólicas offshore e o hidrogênio renovável, este tendo já um projeto piloto para uma planta do vetor.

Já sobre os aerogeradores em lagoas, cujo potencial mapeado é de 40 GW, o Comitê de Planejamento Energético do Estado está desenhando um projeto no estado, mas que ainda aguarda uma nova revisão do zoneamento ambiental eólico do estado para começar, o que deve acontecer em 2025. “Vai ter mais segurança para trabalhar no modelo de sessão de uso e no regulatório para o licenciamento ambiental”, conclui Daniela.