Exportação à Argentina e aumento de despachos no Brasil devem coexistir, diz Eneva

Após reportar recorde mensal de 500 GWh enviados para a Argentina em julho, a Eneva vê esse movimento seguindo pelos próximos meses caso haja demanda e mesmo com a necessidade de maiores despachos térmicos para atender a carga brasileira. “O que vai acontecer é o ONS solicitar a geração das UTEs no período de 17 horas até 22 horas, e fora desse horário liberar a exportação, assim como aconteceu em julho e agosto”, disse o presidente da companhia, Lino Cançado, durante teleconferência da empresa nessa quarta-feira, 14 de agosto.

Apenas nos 12 primeiros dias de agosto, foram 150 GWh destinados ao país vizinho. O executivo também destacou que as afluências vêm performando abaixo da média em todos os meses, com a exceção sendo março. E que os níveis baixos nos reservatórios, somados a uma demanda de pico mais elevada, vem fazendo o Operador Nacional do Sistema Elétrico lançar os recursos despacháveis que tem para controlar um sistema com muitas fontes variáveis, como na utilização do carvão do Ceará nos últimos dez dias. “É algo que pode ser recorrente nas próximas semanas”, acrescenta.

Já o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios, Marcelo Lopes, ressaltou que a revisão do modelo com adoção do Newave híbrido e novo padrão do CVAR é muito mais na linha do setor colocar no preço uma aversão ao risco. “Impacto em aumento nos despachos não deve ter tanto, mas deve tentar fazer com que o preço responda melhor a visão de aversão ao risco do ONS”, afirma.

Ele ainda salientou os bons resultados no último balanço financeiro possibilitam à Eneva entrar mais forte para avenidas de crescimento, como os leilões ou aquisições como de UTEs do BTG Pactual, com essa operação devendo ser fechada no quarto trimestre. No caso do certame de capacidade que deve acontecer até o fim do ano, o sentimento é de que os ativos recém adquiridos que têm contrato com o PCS que encerram ao final de 2025 tendem a ser bem competitivos. “Caso não sejam, vamos avaliar o tempo de hibernação até uma próxima oportunidade de contratação”, finaliza.