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Após cinco anos do começo de sua maior estratégia de reorganização, a Cemig comemora os resultados do enxugamento de sua estrutura e avanço na eficiência operacional. Entre os marcos estão a redução de 44 dos 182 cargos de gerência, aumento de aportes na distribuidora e transmissora, desinvestimentos em participações minoritárias e fora de Minas Gerais, além do crescimento em novas vias como os mercados de gás, geração distribuída e comercialização no ambiente de livre contratação.

“Demoramos muito para vender a Light e o processo envolvendo a Renova foi um baile que poderia ter sido melhor, mas o que fizemos de melhor foi a gestão de pessoas”, disse o presidente do conselho de administração da companhia, Márcio Luiz Simões Utsch, durante o Cemig Day, que acontece nessa terça-feira, 20 de agosto, em São Paulo.

Com maior fluidez em tomadas de decisão e na interação entre as diversas áreas e processos, o executivo ressaltou que o valor de mercado da empresa subiu de R$ 10,6 bilhões para cerca de R$ 36 bilhões. E que as ações preferenciais e ordinárias cresceram acima de 300% e 400% na comparação com 2019, conferindo valores atuais entre R$ 10 a R$ 12 por papel.

“Estamos tornando a alocação de capital mais própria, com a venda de empresas que podemos monetizar”, complementa Utsch, citando a alienação de usinas hídricas e destacando por outro lado boas perspectivas de crescimento para a Cemig SIM, que deve atingir 600 MWp até 2027, e a Gasmig, com a implementação de um novo gasoduto até Divinópolis (MG).

Ele salientou ainda que o processo de privatização que deve acontecer no futuro poderá resultar em ganhos de agilidade e mudanças nos processos de contratação, já que um concursado possui qualidades comprovadas, mas muitas vezes não possui o perfil que a corporação deseja para determinado cargo e momento.

Valor de mercado da Cemig subiu para cerca de R$ 36 bilhões na comparação com 2019  (Divulgação B3

Já o presidente Reynaldo Passanezi Filho disse que atualmente a companhia utiliza metade da área física alocada no estado em relação a 2020, com a mesma eficiência. E que os desinvestimentos em participações minoritárias renderam R$ 13 bilhões. “Todos os ativos problemáticos foram resolvidos, ao invés de gastar R$ 39 bilhões entre valor de venda e aporte de capital”, comenta.

Investimentos

Quanto ao maior plano de investimentos, orçado em R$ 49,2 bilhões desde 2019, R$ 35,6 bilhões serão aplicados nesse ano até 2028, tendo já cerca de 33% contratados. “Vamos investir se tiver PPA associado, não vamos investir em spot”, sinaliza Passanezi, chamando atenção para a área de comercialização focando cada vez mais nas necessidades dos clientes, e na implementação de sistemas computacionais SAP e ADMS para controle da inserção da GD no sistema elétrico mineiro.

O segmento de distribuição irá angariar R$ 18,3 bilhões para implementação de 127 subestações, 3,5 mil km de novas linhas, trifaseamento de 30 mil km, dupla alimentação em 125 sedes municipais, entre outras ações. Está previsto também aporte relevante em medidores inteligentes, passando de atuais 400 mil pontos para 1,8 milhão em quatro anos.

“Estamos com 90% do investimento já contratado, entre mão de obra e material”, informou à Agência CanalEnergia o superintendente de Serviços Comerciais, Emergenciais e Manutenção da Distribuição da Cemig, Ernando Braga. Ele reforçou ainda que a empresa está digitalizando suas atuais 400 subestações e deve atingir um montante de 600 unidades com modelos mais ágeis para implementação, aumentando em 50% o número de unidades no mesmo patamar de potência.

Outro projeto citado no evento foi o atendimento ao agronegócio no estado, por meio da troca de óleo diesel por energia elétrica, com essa eletrificação orçada em R$ 2,4 bilhões entre linhas e SEs. Inclusive essa troca do combustível fóssil em atividades como irrigação tem trazido uma carga estável para a distribuidora, à despeito das atuais 700 mil conexões de GD.

Entre os trunfos conquistados pela concessionária nos últimos anos, o Vice-Presidente de Distribuição, Marney Antunes, cita a redução de 41,6% da inadimplência em relação a 2018, ficando em 2,13$, e o pagamento de 26,2% das faturas via Pix, superando as lotéricas, o que influi em menos taxas de desconto para a empresa. Os canais digitais ficaram com 69% da arrecadação, economizando R$ 25 milhões desde 2021, e as perdas gerais constam em 10,48%, um ganho de R$ 1,1 bilhão nesse mesmo período.

O desafio da qualidade

Quanto aos desafios da gestão, o principal é reduzir o DEC geral, atualmente em 8,62 horas, num indicador próprio que a empresa utiliza a partir da percepção de seus consumidores. E isso em tempos de eventos climáticos cada vez mais extremos, discussão sobre árvores, fios e postes, e a necessidade de maior automação para melhorar a qualidade da energia entregue.

“Sabemos da dificuldade que é o setor rural, por isso precisamos da automação. A Aneel determinou que 58% de os nossos conjuntos têm que estar com DEC numa certa qualidade, o que foi atingido em 61% no último mês de julho”, conclui Antunes, apontando que a ideia é minimizar as condições severas no curto, médio e longo prazo. Atualmente são 37 mil religadores instalados, conferindo 1,6 milhão de comandos ao ano, com um a cada 21 segundos para agilizar a retomada no fornecimento.

Ainda que a concessão mineira não sofra com tempestades tão severas como as do Sul do país, ela lida com impactos de outras ordens, como rompimento de barragens, pontes, densidade demográfica de árvores nos grandes centros urbanos, além das queimadas. Os focos dos incêndios passaram de 550 em julho de 2023 para 1.280 focos nesse ano, chamando atenção da companhia. Assim, a estratégia geral recai em manutenção preventiva, renovação de ativos, automação, ampliação da força de trabalho e cooperação com os agentes públicos.

No caso, a Cemig já possui a capacidade de triplicar as equipes em atendimentos emergenciais, como aconteceu no último caso em Governador Valadares, quando 95% da cidade ficou sem luz por mais de 48 horas. Foram destacados também um montante de 60 centros de treinamento de pessoal, um aporte de R$ 3 milhões para aquisição de veículos 4×4 destinados a incursões de difícil acesso, além de ter o balanço energético necessário fechado para atendimento até 2027 de suas vendas de energia elétrica.