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Durante o painel ‘Perspectivas para a transformação energética brasileira’, realizado durante a vigésima edição do Seminário Internacional de Energia da Britcham, na última quinta-feira, 22 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio, Paulo Emílio de Miranda, salientou que o energético consegue conectar setores da sociedade que antes estavam separados. “É ao mesmo tempo combustível e vetor energético”, comenta.

Ele dá como exemplo o uso do diesel no setor de transporte e da eletricidade em residências. O Hidrogênio pode ser usado tanto como combustível para transporte e como energia para abastecer uma casa. Segundo Miranda, isso traz uma perspectiva para o setor energético que difere do que havia antes.

Esse cenário aceleraria a descarbonização da indústria por uso do H2. A variedade de maneiras de produzir o energético limpo também foi destacada pelo presidente da associação. A obtenção via biogás é considerada interessante por dar uma característica diferente, ao oferecer emissões negativas de CO2.

“A diversidade da produção de hidrogênio será um fator preponderante no protagonismo do Brasil, assim como o mercado interno pronto a receber esse novo energético”, observa.

A fonte que mais cresceu no país nos últimos anos, a solar foi representada no painel pelo vice-presidente da Absolar, Marcio Trannin. Segundo ele, todas as previsões sobre a expansão da fonte foram superadas, que leva a uma reflexão sobre os cenários.

Trannin criticou a demora na abertura total do mercado, ao contrário do que aconteceu com o setor de telecomunicações. Segundo ele, a Geração Distribuída, responsável, por grande parte dos gigawatts fotovoltaicos do país, foi uma forma do consumidor fazer a sua abertura de mercado, já que o governo não fez a liberalização. “Não tem como segurar as forças de mercado”, adverte.

Para ele, as baterias devem ser autorizadas no mercado brasileiro, de maneira a potencializar a fonte solar. “A bateria já é uma realidade e não estamos olhando com o carinho devido”, comenta.

A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Élbia Gannoum, lembrou que assim como o seminário, o modelo do setor elétrico também completa 20 anos e precisa de mudanças. Esse modelo está envelhecido e precisa ser modernizado, assim como o próprio nome, que deveria mudar para indústria energética. Segundo ela, a matriz deve ser reconfigurada, aproveitando todos os recursos renováveis para energia, frisando que ela precisa ser segura, flexível, competitiva e ambientalmente correta.

Ela lembrou ainda que o país foi pioneiro na contratação competitiva de energia eólica, sendo copiado por vários países. O pacto pela transformação ecológica, assinado no dia anterior, foi considerado importante pela presidente da associação.

“O país está diante de uma oportunidade, talvez única, nas últimas décadas, de transformar a sua economia e sociedade por meio da energia, ao fazer uma política energética”, salienta

O potencial do biogás foi salientado pela presidente da Abiogás, Renata Isfer. Segundo ela, a produção atual está em 1,5 milhão m³/ dia de biometano, mas com um potencial de 120 milhões m³/ dia. “A cada dia mais a gente vai crescer” avisa.

Ela destacou ainda que o biogás consegue ser a solução para vários problemas. O metano emitido por aterros ou agronegócio vira biometano, combustível limpo.

Para ela, muitos setores da indústria ainda precisam se descarbonizar, como o de transportes, caminhões, que são 6% da frota, são 50% das emissões. Os momentos opostos de biogás para geração de energia, pouco competitivo e do biometano, bastante demandado pelo mercado, não foram esquecidos por ela.

Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, que também participou do painel, classificou o país como um caso de sucesso, porque a Petrobras obteve êxito em várias explorações, fazendo com que o petróleo fosse um dos nossos melhores produtos de exportação.

Ele salientou que apesar do movimento em favor da transição energética e das energias renováveis, o petróleo continuará a ser demandado e o país não pode perder janelas de oportunidades. “Vamos ser uma energy power house do mundo”, diz Ardenghy.