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Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira, 26 de agosto, aponta 24 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis no Brasil, somando R$ 188,7 bilhões em investimentos anunciados. Com o preço dos eletrolisadores baixando e a oferta de energia limpa em alta, a publicação indica a expectativa de que o país produza o vetor energético com um dos menores custos globais em 2030.

Segundo o levantamento, a maior capacidade de eletrólise ficará localizado no Porto de Parnaíba (PI), com 10 GW de potência. Quando se olha para os estados, no entanto, o Ceará é que o tem a maior capacidade instalada com cerca de 15,9 GW, enquanto o Piauí possui 15,6 GW. Em terceiro lugar aparece o Rio de Janeiro, com 2,1 GW.

Diversos portos brasileiros estão desenvolvendo iniciativas para se posicionar como hubs do insumo, com os centros geográficos envolvendo uma cadeia de atividades de produção, transporte, entrega, exportação e uso final da fonte de energia. Entre os aportes identificados pelo estudo, o Porto de Pecém (CE) se destaca como destino que deve receber mais aportes financeiros, com cerca de R$ 110,6 bilhões.

Porto do Pecém reúne 34 memorandos de entendimento e R$ 110,6 bilhões em investimentos planificados (Tatiana Fortes/Governo do Ceará)

O hub cearense foi lançado em fevereiro de 2021 pelo governo do estado, em parceria com Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Complexo do Pecém (CIPP S/A). De lá para cá, foram assinados 34 memorandos de entendimento que evoluíram para quatro pré-contratos com empresas nacionais e internacionais.

Segundo a pesquisa da CNI, destacam-se ainda os complexos portuários de Parnaíba (PI) com R$ 20,4 bilhões; Suape (PE) com R$ 19,6 bilhões; e Açu (RJ) com R$ 16,5 bilhões. E o interesse estrangeiro é cada vez mais presente, com o Porto de Roterdã, por exemplo, tendo comprado 30% das operações da Prumo Logística em Pecém.

Demanda mundial

Atualmente, existem 87 países com pelo menos um projeto de produção de hidrogênio de baixo carbono. Os dez primeiros países representam 3/5 do total de projetos: Alemanha (198), Estados Unidos (164), Austrália (147), Espanha (143), França (126), Grã-Bretanha (111), Holanda (89), China (81), Índia (79) e Dinamarca (61).

Ao analisar a evolução histórica da base de dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) entre 2021 e 2023, pode-se apontar uma aceleração no aumento de novos projetos de produção de H2 por ano. Em todo o período, a Alemanha foi o país com mais iniciativas, seguida de Espanha e Estados Unidos em 2021, de Austrália e Estados Unidos em 2022, e de Estados Unidos e Austrália em 2023. O que para a CNI evidencia o comprometimento desses países nos esforços de políticas públicas para produção de hidrogênio de baixo carbono.

A base de dados da IEA mostra que, nesses três anos, o setor de mobilidade se destacou como o principal consumidor dessa fonte de energia. Geração elétrica, uso industrial e produção de amônia se revezarem entre os segmentos que, atrás da geração elétrica, mais demandaram hidrogênio em seus processos produtivos.

Mercado interno

Quanto ao Brasil, a publicação destaca a aprovação do marco legal do hidrogênio de baixo carbono (Lei 14.948) como um momento histórico para a indústria. Da mesma forma como Lei do Petróleo foi fundamental para a exploração de hidrocarbonetos no país em 1998, a nova lei marca o início do desenvolvimento da cadeia do hidrogênio e reforça a busca do país pela descarbonização da economia, sobretudo dos setores que precisam de calor em alta temperatura, indústrias como aço, vidro, química, alumínio e a de fertilizantes.

Ainda que as plantas anunciadas tenham como objetivo a exportação, a produção do vetor energético de forma descentralizada no Brasil, usando energia da rede ou a geração distribuída, é o caminho mais viável, segundo a CNI, para iniciar o desenvolvimento industrial por aqui. A ideia é que as iniciativas possam se materializar mais rapidamente em função da menor escala de produção e de complexidade comercial, com ganhos logísticos e sem impostos associados à venda. Sem contar que as economias de escala globais ainda são modestas, uma vez que os eletrolisadores disponíveis comercialmente ainda estão limitados a 20 MW.

Por meio do Comitê da Indústria para o Hidrogênio Sustentável, a CNI atua em parceria com empresas e stakeholders para difundir conhecimento, monitorar e debater as políticas públicas. Uma das principais iniciativas foi a criação da Plataforma da Indústria para o Hidrogênio Sustentável, que permite acompanhar as iniciativas empresariais e de política pública na área do H2 verde.

Amônia verde

A amônia é classificada pelo levantamento como o produto químico com maior demanda industrial de hidrogênio. Em 2021, foram produzidas, globalmente, 190 megatoneladas da substância, as quais consumiram aproximadamente 34 megatoneladas de H2, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA). No Brasil, a produção de amônia consome cerca de 145 mil toneladas de hidrogênio por ano.

Esse composto químico tem um papel crucial na agropecuária e, consequentemente, na garantia da segurança alimentar mundial, já que 70% de sua produção é direcionada para produção de fertilizantes nitrogenados. Como o Brasil ainda importa quantidades significativas de fertilizantes nitrogenados, o desenvolvimento da produção interna de amônia, a partir do fomento do mercado de H2 de baixo carbono, pode ser uma oportunidade de o país gerenciar a balança comercial da commodity, e para alinhar-se com as metas do Plano Nacional de Fertilizantes 2050.

Um acordo de dois anos entre Vale e Petrobras, que contempla o desenvolvimento de projetos de baixo carbono, elencou a amônia como uma alternativa para as atividades logísticas. A companhia de mineração tem uma frota marítima robusta, e desde 2021, junto a outros agentes, estuda a possibilidade de incorporar amônia verde como combustível marítimo.