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Importando atualmente cerca de 350 toneladas de urânio para as necessidades de geração de energia nuclear no Brasil, a INB quer levantar R$ 1,5 bilhão para implementar sua fábrica de conversão e garantir a independência deste importante elemento num futuro próximo. A informação foi ventilada pelo presidente da INB, Adauto Seixas, durante o XV Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2024), que acontece de 27 a 29 de agosto, no Rio de Janeiro.

Para obtenção de parte dos recursos necessários, incluindo o licenciamento das jazidas que possuem grande potencial, como em Santa Quitéria (CE), a ideia é buscar parcerias com empresas internacionais, num novo momento da INB. “Tem grande chance de entrar R$ 70 bilhões para o nosso cofre por meio de parcerias que serão iniciadas em setembro”, disse o executivo em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia após sua participação no segundo painel do evento.

Atualmente são cerca de 400 toneladas utilizadas para as duas centrais nucleares de Angra, sendo 100 toneladas produzidas por aqui. Quando Angra 3 entrar, será preciso mais 400 toneladas da matéria-prima, chegando a um montante aproximado de 800 toneladas. A previsão é que a próxima mina a ser inaugurada, de Santa Quitéria, inicie a operação em 2028 sem praticamente  o uso de água, à pilhas secas, além de prospectar fosfato. Já as adequações para conversão do elemento devem acontecer num prazo de 15 anos.

“Vamos operar com a certeza absoluta de que estaremos totalmente independentes e de que o Brasil poderá ser um exportador de urânio com preço competitivo ao mercado internacional”, aponta Seixas, citando Rússia, Estados Unidos, Índia, China, Japão, Canadá como principais potenciais demandantes do urânio brasileiro no futuro. Ele lembra que a Rússia produz o mineral enriquecido, mas quer segurar o máximo que puder e até comprar dos Estados Unidos, que por sua vez também quer comprar de qualquer lugar para estocagem.

Retomada nas pesquisas de urânio, inserção de pequenos reatores nucleares e avanço de Angra 3 são os principais temas no primeiro dia do XV SIEN (Diego Rodrigues)

Novas jazidas

Sobre o mapeamento que volta à tona após 40 anos, Seixas destaca que o projeto não envolverá contratações num primeiro momento, sendo empreendido pelos geólogos da casa e trará ao Brasil um potencial de passar da oitava para a segunda maior reserva de urânio no mundo. E que será apresentado até setembro um estudo que irá precisar a necessidade de aportes para o projeto, salientando também um recente acordo coletivo com todos os colaboradores, aumentando salários e diferentes benefícios para todo quadro profissional.

Um desses geólogos de formação é o gerente de Minerais Urâniferos da INB, Felipe Tavares, que também participou do evento, trazendo em sua palestra que após um período de baixa nos investimentos globais no elemento, desde o acidente em Fukushima em 2011, no ano passado o urânio superou os recursos aplicados em terras raras, demonstrando a retomada com uma oferta menor do que a demanda.

Ele ressaltou que há recursos consideráveis ainda a serem descobertos em todo território brasileiro, que também deixou de pesquisar e investir, informando um número potencial certo de 209 mil toneladas mas que precisa ser atualizado, além dos recursos mais incertos, indicados como inferidos, potenciais e especulados.

“Teremos uma primeira rodada de licitações começando nas áreas com baixos riscos exploratórios e que possuem também outros minerais”, explica Tavares, acrescentando que tanto players internacionais ou nacionais poderão participar do edital a ser lançado em breve para as pesquisas a serem empreendidas entre dois há quatro anos, para um processo que deve levar ao todo 15 anos até a abertura das novas minas.

Outro grande destaque na participação de Tavares são as opções de parcerias com empresas ligadas a exploração das terras raras, em que o urânio pode aparecer como um subproduto do tório, outro elemento químico metálico e que precisará de alguma demanda. “Acho que o Brasil deveria desenvolver reatores com tório para geração de energia, que poderia ser um nicho de mercado”, finaliza.