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A Eletronuclear informou que recebeu o estudo do BNDES feito para avaliar a viabilidade de Angra . De acordo como o comunicado da empresa, a estimativa do BNDES é de que o custo para abandonar as obras da terceira central termonuclear no Brasil pode passar de R$21 bilhões. Já o custo para finalizar a construção de Angra 3 foi avaliado em torno de R$23 bilhões. O montante já investido na obra é de quase R$12 bilhões. A tarifa proposta no estudo está estimada em R$653,31 por MWh. Esse valor é similar à tarifa de referência definida pelo CNPE em 2018 R$480,00, em valores da época, que atualmente correspondem a R$639,00.

Contudo, diz a Eletronuclear, o valor da tarifa é inferior ao custo de diversas outras térmicas, medidas pelos chamados Custos Variáveis Unitários (CVU). Com efeito, a média dos CVUs das usinas térmicas do subsistema Sudeste corresponde a R$665,00/MWh, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de agosto de 2024.

O material foi entregue à Eletronuclear terça-feira, 3 de agosto, e traz a viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto. Com esses dados em mãos, o estudo será enviado pela empresa ao Ministério de Minas e Energia (MME) e aos acionistas (ENBPar e Eletrobras) e em seguida o MME deverá encaminhar para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que decidirá pela conclusão ou não da usina.

O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, já se manifestou semanas atrás em ser favorável à conclusão da usina, mas reiterou que essa decisão cabe ao CNPE e não ao MME.

Em nota o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, afirmou que esta é uma etapa crucial para a continuidade da obra e determinação da tarifa de comercialização da energia que será gerada pela usina. E mais, que está confiante de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil. Isso sinaliza que ele crê na retomada das obras que estão paralisadas há quase uma década. A expectativa é que a usina entre em operação comercial em 2031, caso a opção seja pela continuidade.

O estudo identificou cerca de R$ 800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2. Da mesma forma, entre R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em combustível nuclear foram utilizados pela segunda usina brasileira, e tinham sido inicialmente comprados para a terceira. Por isso, aproximadamente R$ 1,4 bilhão será reembolsado pelo próprio caixa de Angra 2. Tal fato, aponta a Eletronuclear, impacta positivamente a competitividade tarifária de Angra 3.

O documento aponta ainda que qualquer resultado financeiro positivo identificado futuramente, e incentivos tributários do setor, como o Renuclear – que tramita na Câmara dos Deputados -, poderão ser usados para beneficiar os custos da usina a ser construída. Por esses pontos é que Lycurgo afirma que a o estudo representa uma proposta de tarifa competitiva para uma térmica que fornecerá uma energia firme, confiável e limpa ao sistema. Mas, aos que ainda questionam este aspecto. E ressalta que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta.

Cifras

Os custos de desistir de Angra 3 são detalhados pelo estudo em diversas frentes. São R$ 9,2 bilhões para quitar financiamentos já existentes com a Caixa e o BNDES, incluindo multas e penalidades decorrentes da não conclusão da obra, outros R$ 2,5 bilhões para a rescisão de contratos firmados e suas respectivas penalidades, mais R$ 1,1 bilhão para a devolução de incentivos fiscais recebidos na importação e aquisição de equipamentos, R$ 940 milhões em desmobilização da obras já realizadas e R$ 7,3 bilhões de custo de oportunidade de capital investido.

Esses valores teriam que ser quitados em curto prazo, resultando adicionalmente na perda definitiva de quase R$ 12 bilhões já investidos. Com a sua finalização, a obra será financiada pela própria Eletronuclear junto a um consórcio de bancos. Por outro lado, abandonar o projeto exigirá que a União assuma os custos, transferindo, em última instância, para a conta de luz sem que os consumidores recebam energia em troca.

Se concluída, Angra 3 terá potência de 1.405 MW, sendo capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. A energia da central localizada no litoral do Rio de Janeiro seria o suficiente para abastecer 70% do consumo do estado. O empreendimento apresenta, no momento, um progresso físico global de 66%.

A usina, defende a Eletronuclear, vai operar com alto grau de confiabilidade e contribuir para a segurança de abastecimento para o sistema elétrico brasileiro, reduzindo o risco de apagões. A geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes, ou seria capaz de carregar, simultaneamente, 30 mil carros elétricos, numa fila de 13 km equivalente à ponte Rio-Niterói. Em um dia, esse número chegaria a 720 mil carros elétricos.

Apesar de ser uma central criticada pelos resíduos, gera energia limpa, pois usinas nucleares não emitem gases responsáveis pelo efeito estufa. Por exemplo, uma usina a carvão emite 820 g/kWh de CO2, podendo chegar ao dobro dependendo da planta. Em contrapartida, uma usina nuclear emite apenas 12g/kWh. Outra comparação feita pela Eletronuclear coloca a soma de Angra 1 e 2 juntas, gerando 14,5 bilhões de kWh em um ano, emitem 174 mil toneladas de CO2 no período. Uma usina a carvão com a mesma produção emite 11,9 milhões de toneladas do gás poluente.

Outro ponto citado é sua proximidade aos principais centros de consumo do país, o que contribuirá para minimizar as perdas por transmissão de energia. Menos um peso na conta do contribuinte. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia. A expectativa é de que o empreendimento represente a criação de cerca de 7 mil empregos diretos, no pico da obra, além de um número muito maior de empregos indiretos. A grande maioria será contratada na Costa Verde fluminense, o que será um importante fator para movimentar a economia da região.