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O ano é 2034, o Brasil registra pouco mais de uma década de expansão da eletrificação dos veículos que soma cerca de 50 mil ônibus eletrificados, são quase 30 mil caminhões nessa mesma categoria, e mais, em veículos leves HEV e BEV o número é de mais de 1 milhão de unidades. Essa é a realidade que a Empresa de Pesquisa Energética projeta ao final do horizonte do Plano Decenal de Energia (PDE 2034). Os dados constam do caderno de Eletromobilidade no transporte rodoviário que o planejador publicou essa semana. O caderno traz ainda estimativa de que, em 2034, os veículos leves eletrificados representarão 18% dos licenciamentos desta categoria, contabilizando 694 mil unidades, e a frota de híbridos e elétricos alcançará 3,7 milhões de veículos no total.

Apesar de ser uma tecnologia que mostra expansão acelerada globalmente, diz a EPE, no Brasil a existência massificada dos veículos flex com gasolina e etanol permite ao país não atropelar as potencialidades do país. Outro fator que a EPE destaca é a questão de preços dos veículos. No que se refere aos leves a barreira está no poder aquisitivo das famílias, o que deve manter os VEs ainda no segmento premium. Em transporte urbano de pessoas os valores desses veículos e a infraestrutura de carregamento também são sinalizadas. Mas mesmo assim, aponta que novos modelos de negócios têm viabilizado essa implementação. Ônibus híbridos deverão liderar as participações para aplicações não urbanas e em cidades de menor porte.

Para veículos pesados, a eletrificação deve avançar em nichos, como a entrega em última milha por comerciais leves e caminhões leves (16% dos licenciamentos), e os ônibus urbanos (26% de participação). Para caminhões semipesados e pesados, tecnologias híbridas e a gás natural devem se expandir mais do que os elétricos, com manutenção do domínio da combustão do diesel (93% das vendas em 2034).

Em veículos de entrega, o fenômeno da eletrificação vem ganhando tração por uma junção entre a pandemia, que iniciou um processo de disseminação do comércio eletrônico, que aumenta a demanda por transportes diretamente até as residências (last-mile delivery), efetuada principalmente por comerciais leves e ao estabelecimento e planos de mobilidade com maiores restrições às emissões de veículos poluentes em circulação nas cidades. Assim, o ambiente para a proliferação desses veículos é favorável, ainda mais considerando que empresas com alto consumo podem adquirir energia elétrica diretamente no Mercado Livre de Energia, reduzindo o custo de combustíveis. Além disso, a geração distribuída pode diminuir ainda mais a pegada de carbono da empresa, potencialmente reduzindo também o custo de combustíveis.

A EPE relata no caderno que a eletrificação tem ganhado relevância no Brasil, estimulada por incentivos estaduais e municipais, como a isenção de rodízio de carros em São Paulo e redução em tributos. Políticas públicas também impactam o ritmo de eletrificação, como o Programa Combustível do Futuro, que objetiva ampliar, ainda mais, o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono, como os biocombustíveis, além de integrar políticas públicas relacionadas ao tema (RenovaBio, PNPB, Proconve, Rota 2030, PBEV), com o intuito de descarbonizar ainda mais a matriz de transportes.

Segundo dados do caderno, são necessários investimentos em distribuição, transmissão e geração de eletricidade no país. Essa demanda também podem se constituir em um importante desafio à expansão desta tecnologia veicular. Incentivos governamentais e investimentos públicos e privados em redes de carregamento público auxiliam a disseminação, mas a perspectiva de termos 10 mil pontos de carregamentos em 2025, mostra-se insuficiente em um país do tamanho do Brasil.

Por outro lado, compromissos ESG e regulatórios, aumento da autonomia e da crescente disponibilidade de novos modelos elétricos, assim como a queda dos preços das baterias, devem continuar acelerando a penetração de veículos elétricos. Contudo, a rápida eletrificação pode levar a insuficiência de oferta de minerais estratégicos, com reflexos geopolíticos, devido à concentração da produção e do processamento desses materiais em países fora da OCDE. No foco estão as extrações de lítio, cobalto, níquel e grafite. Na manufatura de veículos automotivos elétricos, o lítio tem presença importante, representando 8,9 kg por veículo, segundo a IEA. Tal quantidade, diz a EPE, é muito superior à utilizada em veículos leves convencionais de combustão interna.

No Brasil, há reservas mais significativas de níquel, manganês, grafita e terras raras (USGS), com oportunidades para ampliação das produções dessas e outras jazidas, como as de lítio. Além disso, existe a necessidade do desenvolvimento da tecnologia industrial nacional em apoio ao fortalecimento dos mercados destes minerais. No horizonte decenal, a quantidade de lítio necessária para a produção de baterias é de cerca de 1,5 mil toneladas em 2034 ou 8,8 mil toneladas entre 2025 e 2034, para atendimento da eletrificação da frota brasileira. Outros três minerais mais demandados (grafita, ferro e níquel) estão presentes nas reservas e produções brasileiras.

O caderno de Eletromobilidade no âmbito do PDE 2034 está disponível para download.