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O avanço da inteligência artificial está causando um aumento no consumo de energia elétrica por Data Centers. Nos Estados Unidos, as big tech como Google, Meta, Microsoft, Open AI e outras começaram uma busca frenética por opções de suprimento de energia por meio de diversas fontes. Esse mercado vem sendo apontado como um dos que podem ajudar a aumentar a demanda por energia no Brasil que tem uma sobra estrutural de capacidade de geração. Motivos que favorecem o país são muitos, mas há desafios que transitam em questões regulatórias e estruturais do modelo.

Segundo a edição mais recente do Energy Report, da consultoria PSR, diante das demandas que essa modalidade de consumidor de energia tem o Brasil poderia, ser um grande supridor e atrair essa carga para cá. Inclusive, esse assunto foi levantado até pelo CEO da Cemig, Reynaldo Passanezi, no Enase 2024 durante o Fórum de CEOs, tradicional painel que é realizado no evento do CanalEnergia, by Informa Markets.

A PSR vê o Brasil como um player que poderia exportar esse serviço para os países vizinhos, dada sua localização estratégica. Avalia que esse papel poderia ser ofertado até mesmo aos EUA, uma vez que nem toda a aplicação que utiliza DC precisa estar próxima do usuário final.

“O país possui abundância de água, disponibilidade de energia elétrica, em grande parte renovável (não poluente, como hidrelétricas, eólicas e solares) e espaço físico para as instalações. Além disso, existe uma infraestrutura de rede de transmissão interconectada e robusta”, elenca a PSR. “Por outro lado, encontrar lugares com todos esses benefícios pode não ser fácil, rápido ou barato, impactando o time-to- deploy”, contemporiza.

Esse último ponto é importante porque os atributos que as empresas investidoras em DC mais valorizam para escolher onde construir é o chamado “time-to-market”, isto é, a rapidez de instalação. Assim, a disponibilidade de terreno e infraestrutura de energia e fibra ótica são críticos. Em adição, a essa demanda, outro atributo relacionado pela consultoria é a escalabilidade, poder construir um DC com consumo de, por exemplo, 50 MW e, pouco depois, ampliar para 100 MW. Um terceiro atributo é o suprimento ser, se possível, de eletricidade limpa.

A PSR lembra que o Brasil é inegavelmente referência mundial em suprimento de energia a partir de fontes renováveis. Cita, por exemplo, que no ano de 2023 mais de 90% da geração de energia foi oriunda deste tipo de fonte. “Isto se dá não somente pela nossa vocação hidráulica, mas também pela importante expansão da biomassa na década de 2010 e de usinas eólicas e solares nos últimos anos, muito impulsionado pela redução no custo de implementação destas tecnologias. Portanto, além de ter uma matriz altamente renovável, o Brasil tem um baixo custo de energia – atendendo assim a um dos requisitos dos DCs vistos acima”, pontua a empresa na publicação mensal, que ressalta ainda a complementaridade das fontes com sua sazonalidade e interligação por meio do SIN que também apresenta gargalos.

Com base nessa análise, o país seria o oásis para o DC, contudo, a PSR coloca um peso de realidade ao lembra que “apesar de termos uma geração de energia a baixo custo, o Brasil possui hoje uma das estruturas tarifárias mais pesadas do mundo”, alerta, afinal a frase de que o Brasil é o país da energia barata e da tarifa cara já foi cunhada algumas dezenas de vezes. “Isso se deve principalmente ao volume de subsídios que são arcados pelos consumidores – só para 2024 o custo da Conta de Desenvolvimento Energético está estimado em cerca de R$ 34 bilhões. Soma-se a isto a alta carga tributária que incide sobre a tarifa de energia – atualmente, a alíquota média percebida por grande parte dos consumidores chega a quase 27%, somando-se ICMS e PIS/COFINS”. acrescenta.

Para a consultoria, a complexidade regulatória, a burocracia e as regulamentações fiscais são obstáculos para investidores. Mas pondera que se esses desafios fossem superados, a indústria de DC traria além de emprego, aumento da arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais. “Assim, é um potencial grande para alcançar benefícios diretos e indiretos para a sociedade brasileira”, considera.

Um outro ponto levantado é o tempo que leva o processo de expansão da transmissão, não é uma ação trivial e requer uma série de estudos técnicos e aprovação de diferentes órgãos até que os novos ativos possam ser licitados e, por fim, construídos, fazendo com que um agente que queira se conectar a um ponto esgotado da Rede Básica tenha que esperar pelo menos cinco anos. Por outro lado, a decisão de se construir ou não um novo DC tem que ser tomada em um prazo muito inferior, lembrando o já citado tempo necessário para implantação de um DC que representa um dos atributos que são valorizados pelas companhias.

“Neste sentido, é salutar a iniciativa da EPE em fazer estudos prospectivos sobre a demanda potencial de novos DCs para que as decisões de investimento em novos ativos de transmissão sejam tomadas com racionalidade (evitando o sobrecusto para o consumidor final) e com antecipação. Uma outra iniciativa que vemos como positiva para o setor seria a disponibilização, por parte do ONS e das distribuidoras, das capacidades de conexão em cada um dos pontos da rede. Isso ajudaria os DCs a terem uma atuação mais ativa durante a negociação com seus clientes finais”, sugere a PSR.

Para a consultoria, as dificuldades precisam ser superadas com planejamento e políticas integradas entre o governo e os setores elétrico, de telecomunicação e de DCs. Afirma que esta é uma competição mundial, em que os investidores estão buscando os melhores lugares em termos de custo-benefício. A possibilidade do “scaling” faz com que essa decisão seja de curto prazo. “O Brasil não deveria perder essa oportunidade, mas trabalhar para se consolidar como um hub global de DCs ou Data Country, com diversos benefícios para os brasileiros”, finaliza.