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Um estudo realizado pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) aponta as incertezas regulatórias como principal desafio para o avanço da descarbonização rumo ao Net Zero 2050. Na pesquisa, que ouviu mais de 50 empresas de todos os principais setores, como agronegócio, transporte, saneamento, mineração e energia, 64% responderam ser fundamental estabelecer um ambiente mais seguro para um ritmo de investimentos na transição energética.

Em segunda lugar aparece a dificuldade no engajamento de uma cadeia de valor (49%), seguido pela ausência de referências setoriais locais (38%) e falta de recursos humanos, financeiros e/ou estratégicos (35%). Entre outros destaques constam desafios para mensurar e monitorar emissões de poluentes com precisão (10%). A pesquisa online contou com 31 entrevistas e a coleta de 78 respostas entre fevereiro e abril de 2023.

Em outro levantamento, o CEBDS, em parceria com a consultoria PSR, desenvolveu o Roadmap: Os Caminhos do Setor Empresarial Brasileiro na Transição Energética Nacional, com uma série de soluções que empresas associadas já estão adotando, além de oportunidades e desafios. Entre elas, armazenamento via baterias, gestão da demanda, eficiência energética, veículos elétricos, hidrogênio e derivados, biogás e biometano, CCUS, geração de calor por biomassa e soluções baseadas na natureza.

Uma possibilidade de oferta não renovável de baixa emissão ainda inexplorada no Brasil e que aparece no levantamento é a Gas to Wire com captura e sequestro de carbono. Segundo este conceito, a geração de energia seria feita por usinas térmicas com gás natural associado à produção de petróleo em campos offshore, que estariam localizadas na própria plataforma.

Os objetivos residem na redução de emissões de gases de efeito estufa e oportunidades de negócios, utilizando desde tecnologias já disponíveis que podem ser implantadas em diversos setores até ferramentas promissoras para atividades em que a descarbonização se mostra um desafio maior. Entre as conclusões está a capacidade brasileira de produzir energia de baixo carbono poderá ser uma grande vantagem comparativa.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, a presidente do CEBDS, Marina Grossi, destacou a transição energética como um processo composto por medidas abrangentes do poder público e das empresas, além de uma visão de médio e longo prazo do estado a ser colocada no centro da tomada de decisões nos negócios. E acena de forma positiva algumas das iniciativas do governo com o Plano de Transformação Ecológica.

“Propusemos a criação de uma Política Nacional, com estratégias de curto, médio e longo prazo que permitam a expansão da oferta de energia limpa para atender as demandas de reindustrialização do Brasil”, comenta a executiva, ressaltando também o lançamento em agosto da Política Nacional de Transição Energética (PNTE).

Marina também faz menção ao que ela chama de “pequena revolução para os consumidores de energia elétrica”, com a abertura varejista do mercado livre podendo resultar em uma redução de até 40% nas contas de energia a partir de R$ 10 mil mensais. E ao Projeto de Lei que prevê incentivos ao hidrogênio verde.

Financiamento

No entanto, para ela ainda é preciso caminhar com pautas fundamentais, como a regulamentação do mercado de carbono regulado, que também pode ser um importante impulsionador para a transição energética. Assim como no financiamento, com os mecanismos atuais precisando de uma reestruturação para que os recursos sejam aproveitados da melhor forma. Segundo projeções da Bloomberg, os ativos globais classificados como ESG devem ultrapassar US$ 53 trilhões em 2025, o que representa mais de um terço dos US$ 140,5 trilhões de ativos totais sob gestão.

Marina Grossi: Regulamentação do mercado de carbono e reestruturação do mecanismos de financiamentos são as pautas fundamentais (CEBDS)

Por outro lado, a presidente do CEBDS salienta que os recursos destinados para a nova economia ainda estão longe da quantia necessária, e isto se deve mais à forma como operam bancos multilaterais e diversos fundos globais do que às iniciativas no âmbito do setor privado, que têm crescido para esta finalidade. “Boa parte dos recursos para atingirmos os objetivos do Acordo de Paris ficam nos países desenvolvidos, em partes pelos mecanismos mais maduros que eles têm”, lembra Marina.

Recentemente o CEBDS lançou, em parceria com o Instituto Igarapé e a JGP Gestão de Crédito, um acordo de cooperação para destravar fluxos financeiros para iniciativas sustentáveis que deixem um legado concreto do setor empresarial brasileiro na Amazônia até a COP 30. O acordo visa estruturar mecanismos de finanças híbridas para viabilizar essas iniciativas. “Temos reforçado também a importância da taxonomia sustentável para direcionar e mobilizar recursos públicos e privados em escala para atividades econômicas conectadas aos objetivos da transformação ecológica no Brasil”, complementa.

Transição justa

Entre outros desafios está a efetividade de uma transição energética justa. Marina pontuou a instalação de parques e fábricas de energias renováveis, principalmente eólica e solar, com um papel importante na geração de empregos e elevação do PIB local. Um estudo da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), publicado em 2022, mostra que cada R$ 1 investido em energia eólica tem impacto de R$ 2,90 sobre o PIB, após 10 a 14 meses, considerando todos os efeitos.

Além disso, ela cita vários benefícios associados às fontes renováveis, como diminuição das emissões e poluição atmosférica das cidades; maior acesso à energia, podendo baratear a conta de luz e atender localidades isoladas; além de oportunidades para projetos de inovação e empregos.

Por fim, Marina indica uma importante jornada para avançar e mitigar os efeitos negativos gerados por algumas atividades, como os impactos da energia eólica sobre comunidades locais, que acabam sofrendo com o barulho das turbinas, por exemplo. Mas afirma confiar no apoio do setor empresarial e nas iniciativas de Estado, nutrindo expectativas para marcos relevantes da liderança brasileira para uma transição energética justa na COP 30.