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Um estudo da Climatempo em parceria com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) reforça que o volume e intensidade de raios vem aumentando sobre os ativos do setor elétrico nos últimos anos, em especial nas linhas de transmissão. A análise recai na densidade das descargas elétricas ao longo de 11 anos na linha em 500 kV Bacabeira-Parnaíba, da Argo Energia no Maranhão, com a conclusão apontando para necessidade de LTs mais robustas do ponto de vista de resistividade elétrica.
“É uma constatação das próprias transmissoras, que estão tendo mais desligamentos e interrupções nos últimos anos possivelmente por conta da maior frequência de raios e ventos”, conta à Agência CanalEnergia o gerente Técnico da Climatempo, Pedro Regoto. O trabalho em questão combinou a análise meteorológica e outra específica elaborada pelo professor do CEFET, Rafael Alip, que utilizou os dados de raios para alimentar um modelo de simulação envolvendo a performance das linhas.
Segundo Regoto, foi realizado tanto um comparativo com projetos básicos das linhas, por meio de dados antigos, atualizando-os e comparando através de diferentes métodos de cálculos. O processo trouxe uma visão crítica em relação a projetos iniciais de LTs potencialmente defasadas. Tal constatação é corroborada por outros levantamentos da Climatempo na Bahia, Mato Grosso do Sul e outras localidades. Os dados mostram que desde 2013 (data do começo das pesquisas), os números vêm crescendo quase que anualmente.
“Em alguns casos, como em 2019, tivemos maiores ocorrências do que 2021 ou 2023. Mas os últimos cinco anos é o período com maior frequência de descargas elétricas”, ressalta o especialista. Para ele, o cruzamento de dados climáticos com informações de negócios é cada vez mais pertinente para ajudar as empresas a entenderem e planejarem suas ações visando minimizar impactos na operação das redes.
Regoto lembra que desde 2013 os dados públicos desse tema não eram atualizados, rogando ser necessário uma revisitação periódica, talvez de cinco anos, para análises dos parâmetros e limiares de uma nova realidade climática a ser considerada. E que os estudos da Climatempo não avaliam necessariamente as regiões de maior incidência de raios no Brasil, como a Serra do Mar, Centro-Oeste e parte do Sul do país.
“Focamos na dor que os agentes do setor trazem. Mas de uma maneira geral, o regime de ocorrência de raios mudou ao longo do tempo no Brasil”, reforça.
Justificativas regulatórias
Questionado sobre o que a Argo Energia e outras empresas fazem com os resultados de pesquisas como essas, Pedro Regoto afirma que em muitos casos não acaba sabendo o pós-relatório. A não ser por conversas informais com alguns clientes, que apontam a utilização dos dados do ponto de vista regulatório, para justificar alguma fiscalização e penalidade da Aneel em função de desligamentos.
“A busca é para provar que as interrupções mais frequentes são explicadas pelo aumento na ocorrência de raios nos últimos anos”, complementa. Já pensando à nível de planejamento, é relatado que as informações locacionais, baseada em mapas com as regiões que em média tem mais raios e de maior intensidade, é possível saber os trechos com riscos climáticos mais severos, fazendo a correlação com os desligamentos.
Essas duas informações combinadas permitem avaliar as melhorias mais pertinentes quanto a resistividade elétrica, por meio de condutores com novas tecnologias e soluções também de resistividade do solo associadas ao tema.
Em alguns pontos as empresas conseguem melhorar, mas às vezes esbarram em algumas barreiras que podem ser geográficas, geofísicas ou até financeira, inclusive se tratando de novos e mais modernos para-raios no mercado. “São opções, mas que precisam ser balanceadas entre um custo-benefício”, lembra Regoto.
Ventos extremos
Sobre as últimas novidades da Climatempo, Pedro Regoto destaca o foco no aumento da intensidade e frequência dos ventos extremos que podem derrubar diferentes estruturas. Como a maior rajada dos últimos cinco anos, de 179,28 km/h em dezembro de 2020 na região de Encruzilhada do Sul (RS), segundo dados do Inmet. No vídeo abaixo, que finaliza esse texto, ele ressalta os próximos estudos envolvendo esse fator, que junto aos raios, formam os principais responsáveis pelas ocorrências nas linhas de transmissão e outros ativos do setor elétrico.