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Os grandes geradores hidrelétricos apostam na publicação ainda esse ano da portaria com as diretrizes do Leilão de Reserva de Capacidade na modalidade Potência. Eles garantem que se todo o processo de contratação for concluído no primeiro trimestre de 2025, será possível entregar 7,4 GW em 2028, com a instalação de novas turbinas e a ampliação de capacidade em usinas existentes.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou para breve a publicação da portaria, prometendo o certame até o fim do ano. Técnicos do próprio governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica afirmam, no entanto, que não há tempo hábil para concluir todas as etapas do processo, porque o edital ainda vai passar por consulta publica na Aneel e há prazos mínimos a serem cumpridos no cronograma da licitação.

Desde o início do ano, a Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica tem negociado com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis para garantir o licenciamento rápido dessas máquinas, com a revisão das Licenças de Operação das usinas. A interlocução também envolve a Agência Nacional de Águas e Saneamento, em razão do uso múltiplo das Águas.

Há até pedido de antecipação da entrada dos empreendimentos, e muitos geradores já tem pré-contratos assinados com fornecedores de equipamentos, para entrega em até três anos.

O leilão resolve um problema no médio prazo, mas não atende à demanda mais urgente, que é o atendimento na ponta em 2025. O ministro tem destacado que tudo vai depender de como vai se configurar o próximo período úmido, a partir de novembro.

Em 2024, a fonte que tem garantido o consumo no horário de pico é a hidrelétrica, com mais de 35 GWh entre 18h e 20h, afirma a diretora-presidente da Abrage, Marisete Pereira. No mínimo, essas usinas tem gerado 30 GWh na ponta da carga. No horário normal, elas operam na base e respondem por 46% de todo o despacho do Sistema Interligado.

Crise hídrica

Diferente da crise hídrica de 2020/2021, a crise atual não é por questão energética, e, sim, por problema de confiabilidade do sistema, explica a executiva. Por conta disso, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico anunciou várias medidas no inicio do mês.

Elas incluem o acionamento das UTEs Porto do Sergipe, Linhares e Santa Cruz; antecipação da entrada de linhas de transmissão, uso do reservatório intermediário de Belo Monte e redução de critérios de segurança do sistema de transmissão, de forma pontual.

“Setembro é o mês mais crítico do sistema,” explicou Marisete durante encontro com jornalistas nesta terça-feria, 25 de setembro. Ela lembrou que existe atualmente um excesso de energia eólica e solar, ao mesmo tempo em que hidrelétricas e térmicas não cresceram para garantir a confiabilidade, no momento em que essas fontes deixam de operar.

Para 2025, o problema vai ser o custo, e não a falta de energia, para atender a ponta de carga. Para a  presidente da Abrage, é muito mais vantagem despachar térmicas com Custo Variável Unitário de R$ 1500/MWh por duas ou três horas que térmicas de R$ 300 por 12 horas.

A associação defende que as usinas reversíveis sejam incluídas em um próximo leilão de reserva de capacidade no ano que vem, como armazenamento. Cálculo da PSR mostra que o Brasil tem potencial de ate 38 GW para esse tipo de usina, mas outros estudos, segundo a Abrage, mostram um numero superior a esse. No mundo, a UHR é uma tecnologia madura, que soma 179 GW de capacidade e tem previsão de crescimento de 50% até 2030 (240 GW).

Marisete Pereira citou estudo do Operador Nacional do Sistema indicando potencial ganho do ponto de vista energético com o horário de verão. Ela destacou que a decisão ainda será tomada pelo governo, porque há outros pontos que precisam ser analisados, como os impactos positivos em setores como o turismo e os negativos, considerando a saúde a população. Na avaliação da executiva, se existe uma justificativa técnica para adotar o mecanismo, não tem por que não fazê-lo.

Crescimento da fonte

Segundo a Abrage, existem 14 usinas com potencial de 7,4 GW, das quais 12 para a motorização de poços vazios e duas para ampliação. Serão mais de 20 turbinas novas que podem fornecer a potência para o próximo leilão de capacidade.

Há projetos de ampliação das UHEs Coaracy Nunes (AP) e Itapebi (BA/MG). Já as usinas com possiblidade de motorização adicional são: Cachoeria Dourada (MG/GO), São Simão (MG/GO), Rosana (SP), Porto Primavera (SP), Tres Irmãos (SP), Taquaruçu (SP/PR), Luiz Gonzaga (PE), Xingó (AL/SE), Jaguara (MG), Três Marias (MG); Salto Santiago (PR) e Foz do Areia (PR).

Além da instalação de novas unidades geradoras nas usinas onde há espaço para isso e das hidrelétricas reversíveis, é possível ampliar a potencia instalada das UHEs em 11 GW, com a repotenciação de turbinas antigas, a partir da modernização dos equipamentos. A exploração do potencial hidrelétrico do pais teria pelo menos 30 GW em projetos novos com viabilidade ambiental. Existem atualmente 42 potenciais hidrelétricos em estudo, cuja implantação precisa ser viabilizada, na avaliação da entidade.