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A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta que o Brasil receberá R$ 128,6 bilhões em investimentos para construção de 30 mil km de novas linhas de transmissão e 82 mil MVA em novas subestações até 2034. O estudo analisa diversas possibilidades para implementação de projetos, levando em conta as incertezas do planejamento, especialmente em relação a novas tecnologias para atender as demandas de Data Centers e do hidrogênio.

Nesse contexto, a publicação considera três cenários de expansão para o sistema: um otimista, um pessimista (ambos com baixa probabilidade de ocorrência) e um mais ponderado, adotado como referência no PDE 2034. Foram utilizados apenas os estudos de planejamento concluídos até maio de 2024.

Cerca de R$ 88,3 bilhões do montante previsto irão para as LTs, enquanto as SEs devem angariar R$ 40,3 bilhões. A estimativa é de que o país passe dos mais de 187 mil km atuais para mais de 218 mil km nos próximos dez anos. E que vá de 482 mil MVA para 564 mil MVA. Além disso, o documento inclui estimativas sobre a evolução do Sistema Interligado Nacional e perspectivas econômicas para o setor.

Quanto às interligações regionais, as principais premissas a serem atendidas são para integração de 10 GW adicionais de geração renovável (contabilizando ao todo cerca de 57 GW em capacidade instalada eólica e solar). O que irá requerer aumento entre 3 GW e 4 GW da capacidade de exportação do Nordeste a partir de 2032, além de elevar em até 4 GW a importação do submercado Sul, com escalonamento em etapa de 2 GW a partir de 2032 e mais 2 GW em 2036.

A distância entre terminais emissores e receptores deve ficar na faixa de 2 mil km a 3 mil km, utilizando linhas aéreas. A soluções em corrente contínua em alta tensão (HVDC) mostram-se atrativas para a integração e escoamento eficiente dos excedentes de geração regionais, bem como para agregar controlabilidade e flexibilidade operativa para a rede de transmissão. Estão em análise alternativas baseadas nas tecnologias LCC (Line-Commutated Converter) e VSC (Voltage Source Converter).

Data Centers e Hidrogênio

Usados para armazenar, processar e distribuir dados, os Data Centers têm crescido consideravelmente no Brasil, principalmente com o avanço da inteligência artificial. Esses ativos demandam volumes elevados de energia elétrica, principalmente para refrigeração dos equipamentos, requerendo robustas conexões ao sistema de transmissão. A pesquisa mostra uma evolução da carga prevista para os equipamentos nos próximos anos, chegando a 2,5 GW até 2037 considerando novos projetos nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará.

Quanto ao hidrogênio, nove projetos já protocolaram processos de conexão à Rede Básica junto ao Ministério de Minas e Energia, perfazendo uma demanda acumulada de 35,9 GW até 2038. Esse valor corresponde a mais que o dobro do pico de carga atual de todo Nordeste, em torno de 16 GW, patamar esse medido em novembro de 2023.

O documento salienta que a região concentra os projetos relacionados à indústria do hidrogênio no país, afirmando que a EPE irá iniciar, ainda nesse ano, um estudo prospectivo de expansão da transmissão que levará em consideração cenários de crescimento de cargas desse tipo no horizonte de médio a longo prazo.

Reforço em SP

A primeira parte do estudo de reforços no sistema DIT do estado de São Paulo foi finalizada em maio de 2024 e recomenda um conjunto de obras para reforço sistêmico na região de São José do Rio Preto e Votuporanga. O objetivo é aumentar a confiabilidade da rede de 138 kV do noroeste paulista e atender plenamente ao crescimento do consumo na região, aumentando também a margem para conexão de novas fontes de geração nesse sistema.

Seguindo os critérios e procedimentos para as análises de mínimo custo global para a expansão da transmissão, o estudo trouxe uma resultante das avaliações do portifólio tecnológico disponível no mercado. A solução utiliza dispositivos FACTS (Flexible AC Transmission Systems), com base em eletrônica de potência para controle de fluxo de potência ativa e otimização da rede existente, até então não utilizada no sistema brasileiro, denominada SSSC (Static Synchronous Series Compensator).

De acordo com a análise, o SSSC é capaz de fornecer uma variedade de benefícios, incluindo o controle independente do fluxo de potência ativa e a melhoria da capacidade de transferência de potência das linhas de transmissão. Esses dispositivos mostram-se especialmente úteis em situações em que o controle do fluxo de potência é necessário para otimizar o desempenho do sistema de energia.

Um outro aspecto quanto à tecnologia SSSC é a sua modularidade e flexibilidade, pois ainda que o sistema evolua com alterações na rede, como, por exemplo, o seccionamento de linhas de transmissão, é possível manter a sua capacidade de controle de fluxo. Seja incluindo novos módulos, ou mesmo transportando para outros pontos do sistema.

A publicação da EPE ainda menciona a questão do envelhecimento da malha de transmissão brasileira e os potenciais de investimentos para assegurar a substituição racional da infraestrutura do sistema elétrico em fim da vida útil regulatória. Entre a superada nesse ano, são R$ 27,3 bilhões, que junto aos R$ 11,7 bilhões que vencem nos próximos dois anos, totalizam R$ 39 bilhões.