De acordo com o presidente do Conselho da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Fernando Elias, a média de curtailment de eólicas em 2024 está em 8%, sendo que no ano passado foi abaixo de 1%. Na fonte solar, o corte chegaria a 15%. Os cortes na geração causaram fortes impactos em muitos players, com altas perdas financeiras. Após a abertura do Brazil Windpower, em São Paulo (SP), Elias lembrou que, apesar da recente liberação na transmissão, que destravou 2,2 GW dos 3,1 GW, que estavam sendo contingenciados, o alívio chega em um momento de baixa produção eólica.

“A linha entrou atrasada. Se tivesse entrado anteriormente não teríamos um problema dessa magnitude”, explica. Mas ele também ressalta a condução do Operador Nacional do Sistema Elétrico, com medidas de segurança que pode levar a eventuais cortes de geração. Segundo ele, a discussão é sobre arcar com os custos, que é de confiabilidade do sistema. “Tem que separar bem o que é responsabilidade dos geradores e o que é responsabilidade do sistema em si para garantir uma qualidade no suprimento e segurança”, aponta.

Há uma discussão sobre o que deve ser ressarcido aos geradores e sobre as LTs e expansões necessárias para evitar os cortes. Segundo Elias, o resultado de um agravo na justiça sobre o assunto deve ser conhecido nesta quarta-feira, 23 de outubro.

“A situação é grave, tem empreendimentos que se não tivessem grupos fortes, teriam quebrado. Por isso, acionamos a justiça”, comenta.

Na abertura, Elias também destacou que o ano de 2024 aparece como atípico por conta de tudo que o setor eólico passou. Os impactos do curtailment na safra dos ventos equivaleriam a desligar Itaipu por três meses. “A política de segurança do sistema não pode ser ao nosso custo”, enfatiza. Por outro lado, foram destacadas iniciativas consideradas positivas, como as interações com as esferas de governo em prol da indústria eólica, a busca pela criação de demanda, a inclusão de baterias no próximo leilão de potência e uma indicação do BNDES que o Fundo Clima dará taxas diferenciadas a projetos eólicos. “Isso pode trazer um alívio no momento de crise”, aponta.

Ainda na abertura do evento, a presidente executiva da associação, Élbia Gannoum, revelou que os cortes aconteceram em todos os países que implantaram forte volume de renováveis. Um segundo bipolo que deve entrar em operação em 2032 significará uma condição melhor para o escoamento da geração renovável do Nordeste.